Vinhos naturais franceses: os rótulos mais famosos
Não existe uma regulamentação oficial, mas há um consenso entre produtores de acordo com as práticas utilizadas que produzem o que se costumou chamar de ‘vinho natural’
A França foi o primeiro país produtor de vinhos a dar ênfase e valor aos vinhos naturais. Vale lembrar que entende-se por “vinhos naturais”, de forma simplista, os vinhos que que são feitos simplesmente de “suco de uva fermentado” e baixíssimas doses do conservante SO2 (sulfitos). Amplio tal conceito para adicionar à classificação a necessidade de utilização, tão só, de adubos naturais às videiras. Há algum preconceito para com o vinho natural, mas, penso, logo se dissipa quando temos em mente que o vinho mais mítico do mundo é natural, desde sempre; refiro-me ao PÉTRUS, que não leva a denominação de “Château”, por não ser oriundo de um, e é produzido no Pomerol, com a preponderância da casta Merlot. Saindo de Bordeaux e indo para Bourgogne, nos deparamos com a Domaine de La Romanée-Conti, cujos vinhos, também, são considerados naturais. Assim, é bastante explicável do porquê os rótulos mais famosos de vinhos naturais estão e vêm da França. Graham Holter, em excelente matéria publicada na Revista Adega, traça um panorama bem correto sobre o vinho natural, especialmente o francês. Conta ele que a Associação Francesa de Vinhos Naturais (AVN) se inspirou em Jules Chauvet, um negociante de Beaujolais que morreu em 1989, lembrado por estabelecer uma visão de como fazer vinho o mais naturalmente possível, e que, seguindo por aí, tem adeptos em todas as regiões viníferas relevantes do território gaulês.
Na verdade, muitos produtores não se detiveram ao conceito simplista acima e estenderam às suas bodegas a prática de se afastarem ao máximo de técnicas de produção artificial. Mas, em suma, o que interessa isso ao consumidor final? Interessa muito, vez que a ele é ofertado um produto mais “limpo”, livre de agrotóxicos e, principalmente, estabilizantes do tipo “SO2” (os sulfitos) grandes responsáveis, por exemplo pelas enxaquecas e dificuldades digestivas de certos vinhos, especialmente os tintos. Vale uma nota vez que apesar do termo “vinho natural” ser usado como um termo guarda-chuva para as demais categorias (orgânico e biodinâmico), nem sempre é o caso. Não existe ainda uma regulamentação oficinal para o “vinho natural”, mas há um consenso entre produtores de acordo com as práticas utilizadas que produzem o que se costumou chamar de “vinho natural”. É importante ressaltar que o produtor francês, que optou pela produção de vinhos naturais, ou seja sem sulfitos e sem adubos artificiais, soube manejar seus métodos produtivos de modo a não alterar, pelo menos significativamente, as características de seus vinhos.
Vou sugerir alguns vinhos naturais franceses, que estão disponíveis por aqui e que servem para bem desenhar o que é possível se esperar destes vinhos, ao meu ver, corretamente sensacionais. O Expression Rouge, do Château Beaubois, é um vinho acessível e que se caracteriza como um tinto fresco e versátil para se ter sempre à mão. O Domaine Luneau-Papin, Muscadet Sèvre et Maine sur Lie “Le Verger”, é um vinho do Loire que apresenta salinidade e crocância e tem preço bem possível, levando-se em conta e extraordinária qualidade do vinho. Outro vinho bem simpático é o Domaine La Bonnelière Saumur Gourmandine, que é particularmente frutado, permanecendo ao mesmo tempo opulento e com uma bela harmonia. Por fim, sugiro um Bordeaux excepcional, o Chateau Le Puy, que guarda em si toda nobreza e opulência de um grande Bordeaux. Recomendo fortemente que procurem pelos vinhos naturais franceses, são muitos disponíveis e em diversas faixas de preços. Salut!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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