Camila Rissi conta como foi de estagiária de marketing a cofundadora de empresa de tecnologia em 13 anos

‘O que começou como um pequeno projeto, sem garantias de remuneração, se transformou em meu propósito de vida’, conta sócia e CEO da Monuv

  • Por Fabi Saad
  • 07/03/2024 18h33
  • BlueSky
Paula Korosue/Divulgação Camila Rissi Camila Rissi é cofundadora e CEO da Monuv

Nossa Mulher Positiva é Camila Rissi, cofundadora e CEO da Monuv, um software capaz de aplicar inteligência artificial em qualquer câmera de monitoramento para uma segurança mais eficiente de negócios, bairros e cidades. “Em nosso sistema, cada câmera que se integra ao software é associada a uma assinatura mensal. O valor dessa assinatura é variável, dependendo dos recursos escolhidos pelo cliente. As opções de assinatura abrangem desde funcionalidades básicas, como armazenamento e acesso em nuvem das imagens, até recursos mais avançados, como a utilização de análises de inteligência artificial para detecção de comportamentos suspeitos”, contou.

1. Como começou a sua carreira? Minha jornada profissional teve início na Actavox, uma consultoria comercial especializada em empresas B2B no Brasil e no exterior. Ingressei como estagiária de marketing, mas rapidamente me envolvi em projetos de clientes, descobrindo minha paixão pelo universo da consultoria. Ao longo de 13 anos e mais de 400 projetos, evolui de estagiária a consultora e, por fim, sócia. Minha especialização na construção de processos e dados para vendas foi uma parte fundamental dessa jornada, participando ativamente na implantação de centenas de CRMs e estruturação de análises para gestão comercial. A transição para a Monuv ocorreu de forma inesperada. Em um momento de transição de projetos, fui apresentada à Monuv pelo meu sócio na Actavox, Victor Hugo. Se eu conhecesse mais sobre startups naquela fase, saberia que uma startup tão inicial não poderia arcar com os custos de uma consultoria. No entanto, a visão do meu sócio na Monuv, Bruno, sobre o potencial do mercado e do negócio me intrigou. O que começou como um pequeno projeto, sem garantias de remuneração, se transformou em meu propósito de vida. Essa transição foi desafiadora, repleta de incertezas, mas proporcionou aprendizados valiosos e me fez perceber que a Monuv não era apenas uma oportunidade profissional, mas uma missão que se alinhava aos meus valores e propósito de vida. Afinal, participar da construção de uma sociedade mais segura e justa, no qual as pessoas possuem tranquilidade para viver é algo que me inspira todos os dias.

2.Como é formatado o modelo de negócios da Monuv? O modelo de negócios da Monuv é baseado no formato Software as a Service (SaaS). Em nosso sistema, cada câmera que se integra ao software é associada a uma assinatura mensal. O valor dessa assinatura é variável, dependendo dos recursos escolhidos pelo cliente. As opções de assinatura abrangem desde funcionalidades básicas, como armazenamento e acesso em nuvem das imagens, até recursos mais avançados, como a utilização de análises de inteligência artificial para detecção de comportamentos suspeitos. Essa estrutura proporciona flexibilidade aos clientes, permitindo que escolham o conjunto de recursos que melhor atenda às suas necessidades de monitoramento e segurança.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Como empreendedora, enfrentei diversos desafios ao longo da minha carreira, nos quais me senti insegura e questionei se estava tomando as decisões certas. Acredito que esses momentos fazem parte do processo de crescimento e aprendizado. No entanto, se eu tivesse que destacar o momento mais difícil, seria o reajuste de rota que precisamos fazer no ano passado na Monuv. A decisão de desligar 11 colaboradores foi extremamente dolorosa. Refletindo sobre essa experiência, aprendi a importância da empatia e da tomada de decisões difíceis, equilibrando os interesses da empresa e o bem-estar da equipe. Adotamos medidas para conduzir o processo da forma mais humana possível, oferecendo suporte aos colaboradores afetados. Embora tenha sido um período desafiador, as lições aprendidas contribuíram para um ambiente mais forte e resiliente. Hoje, buscamos aplicar essas experiências em nossa liderança e gestão.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Equilibrar minha vida pessoal e profissional, especialmente como mãe, esposa e empreendedora, é um constante malabarismo. A verdade é que, como qualquer pessoa, enfrento desafios e momentos em que as coisas parecem sair dos trilhos. Não existe uma fórmula mágica para ser perfeita em todas as áreas da vida, e acho importante compartilhar a vulnerabilidade dessa jornada. Houve momentos em que me senti sobrecarregada, quando o trabalho exigia mais do que eu achava que poderia oferecer, ou quando meus filhos precisavam de mais atenção do que eu podia dar naquele momento. Às vezes, é difícil separar completamente as preocupações profissionais das pessoais. Admitir que não posso ser excelente em tudo foi um ponto crucial para meu próprio crescimento. Aprendi a pedir ajuda, delegar tarefas e aceitar que, sim, falhas acontecem. Às vezes não faremos o perfeito, mas o que é possível. E está tudo bem. Os esportes, como o tênis, beach tênis, vôlei e surfe, são meu escape, mas mesmo eles podem ser desafiadores de encaixar em uma agenda movimentada. Em alguns dias, o cansaço toma conta, e tudo o que quero é um momento para mim mesma. Tenho a sorte de contar com um forte sistema de apoio em casa, com meu marido e meus três filhos, que são uma fonte constante de motivação e suporte. A vulnerabilidade é uma parte crucial dessa jornada, e a aceitação de que está tudo bem não ter tudo sob controle o tempo todo é libertadora. Tento me lembrar de que a perfeição não é a meta, mas sim encontrar um equilíbrio que funcione para minha família e minha empresa, sabendo que nem todos os dias serão impecáveis.

5. Qual seu maior sonho? Meu maior sonho é vislumbrar uma sociedade onde a justiça e a segurança formem os alicerces essenciais para o florescimento de todos os indivíduos. Sonho com uma sociedade onde o acesso à educação de qualidade seja universal, garantindo uma igualdade de oportunidades e permitindo que cada pessoa alcance seu potencial máximo, independentemente de origem, gênero ou circunstância. Almejo uma justiça que seja imparcial, garantindo que cada pessoa seja tratada com equidade perante a lei. Nesse sonho enxergo a sociedade privada e o poder público integrados, reconhecendo que a segurança não é responsabilidade de uma única parte e cooperando para aproveitar os recursos e conhecimentos de ambos os lados. A segurança que busco vai além da ausência de perigos físicos; é a garantia de que todos tenham acesso a condições dignas de vida, incluindo moradia, saúde e oportunidades de trabalho significativas. Enxergo um futuro em que a segurança não seja um privilégio, mas um direito inalienável para todos. Meu maior sonho é contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e segura, onde cada pessoa possa prosperar, contribuir com suas habilidades únicas e viver uma vida plena de significado e realizações.

6. Qual sua maior conquista? Sem dúvida, minha maior conquista é a chegada da minha filha de 3 anos. Para mim, ser pai/mãe vai além de simplesmente ter um filho; é uma jornada de descobertas, aprendizados e um amor que se expande a cada dia. Criar e nutrir um novo ser humano é, sem dúvida, o ápice da experiência humana. Ao segurar minha filha nos braços pela primeira vez, fui tomada por um sentimento indescritível de responsabilidade e devoção. Cada sorriso, cada passo e até mesmo cada desafio da jornada maternal tem sido uma fonte constante de inspiração. Ver essa pequena personificação do amor e da inocência crescer e explorar o mundo ao meu redor é uma experiência que transcende qualquer outra conquista que eu possa alcançar profissionalmente. É verdadeiramente inspirador testemunhar o desenvolvimento de uma vida que você ajudou a criar, moldando-a com valores, amor e apoio. Ser pai/mãe é um lembrete constante de que as maiores conquistas, muitas vezes, não estão relacionadas ao sucesso profissional ou conquistas materiais, mas sim à riqueza e beleza das relações humanas.

7. Livro, filme e mulher que admira. Livro: “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie. Este livro é a minha bússola para entender melhor as complexidades das relações humanas. Dale Carnegie escreve sobre comunicação e habilidades sociais, destacando a importância de compreender como funcionamos para cultivar conexões significativas e positivas. Filme: “A Vida é Bela”. Meu filme predileto é “A Vida é Bela”. Uma obra-prima que equilibra humor e tragédia, revelando a resiliência humana em face das adversidades. A capacidade do filme em mostrar tanto a beleza quanto a feiura da condição humana inspira uma jornada emocional profunda, reforçando a importância da esperança e do amor mesmo nas situações mais desafiadoras. Mulher: Madre Teresa. Admiro Madre Teresa por sua incrível dedicação em ajudar as pessoas mais necessitadas. Sua vida foi um exemplo notável de amor e compaixão, dedicada a aliviar o sofrimento dos pobres e doentes. Madre Teresa não apenas praticou a solidariedade, mas também irradiou humildade e empatia, inspirando muitas pessoas, inclusive eu, a buscar maneiras de contribuir para o bem-estar dos outros.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.