CEO da Mastertech conta como criou uma escola de pensamento digital

Camila Achutti estruturou um ecossistema educativo idealizado para permitir a apreensão de conteúdo de forma assertiva e descentralizada

  • Por Jovem Pan
  • 02/03/2022 19h07 - Atualizado em 02/03/2022 20h05
Divulgação/Mastertech Mulher posa para foto Fundadora da Mastertech, Camila Achutti é mestre em Ciência da Computação pela USP

Nossa Mulher Positiva é Camila Achutti, cientista da computação e empreendedora. Hoje está à frente da Mastertech e da SOMAS. Respira tecnologia e inovação, pensando sempre como tudo isso pode mudar o mundo sem deixar ninguém para trás. Inspirada nas constantes transformações do mundo moderno, a empresária  estruturou um ecossistema educativo que visa permitir a apreensão de conteúdo de forma assertiva e descentralizada. “Em termos práticos, muitas vezes precisamos atuar como uma escola para as empresas e pessoas, provendo uma trilha clara e síncrona de conteúdos, entendemos que isso é necessário diante de um amadurecimento coletivo sobre educação. E hoje a Mastertech é o nosso braço com fins lucrativos e a SOMAS é uma ONG onde a gente aplica e estuda o impacto de tudo isso na sociedade. Hoje temos dois grandes projetos: formação em tecnologia dentro das fundações casa do Estado de São Paulo e construção de computadores circulares com periféricos doados”, explica.

Como começou a sua carreira? Tudo começou antes mesmo de saber qual era o nome da profissão que eu teria. Via meu pai trabalhar ditando código pelo telefone na década de 90. Para uma criança aquilo soava mágica. Decidi que queria fazer aquilo da vida, sem nem saber o que aquilo significava. Minha mãe visionária dizia que era o futuro e eu devia mesmo seguir essa tal computação. Já era grande, mas não era moda como hoje, mas como eu sempre me dei bem com exatas decidi tentar. Cheguei na computação em 2009 sabendo quase nada da área, sofri no início, mas logo me apaixonei pelas possibilidades. Quase ninguém se parecia comigo nos ambientes que eu frequentava, poucas meninas, pouco propósito e eu sempre fui muito idealista, então ficou muito claro de partida que se eu quisesse ter uma ajudante como a tecnologia do meu lado eu ia ter que criar esse espaço. Com 23 empreendi formalmente pela primeira vez e foi um caminho sem volta.

Como é formatado o modelo de negócios da Mastertech e SOMAS? Somos um ecossistema de educação circular. A gente acredita que nesse mundo cheio de transformações a gente vai precisar aprender habilidades de um jeito mais assertivo e descentralizado, por isso temos criado conteúdo e desenvolvido plataformas para suportar esse novo cenário. Em termos práticos, muitas vezes precisamos atuar como uma escola para as empresas e pessoas, provendo uma trilha clara e síncrona de conteúdos, entendemos que isso é necessário diante de um amadurecimento coletivo sobre educação. E hoje a Mastertech é o nosso braço com fins lucrativos e a SOMAS é uma ONG onde a gente aplica e estuda o impacto de tudo isso na sociedade. Hoje temos dois grandes projetos: formação em tecnologia dentro das fundações casa do Estado de São Paulo e construção de computadores circulares com periféricos doados.

Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Não é um momento, mas um aspecto da carreira empreendedora que é uma sensação de insuficiência. Como você sempre tem muita coisa para pensar, muita gente para apoiar e normalmente mais demanda do que capacidade para atender a parte mais difícil para mim de tudo isso é lidar com a minha constante sensação de que eu não vou dar conta e que eu não vou saber fazer conduzir a empresa na próxima etapa de desenvolvimento.

Como você consegue equilibrar sua vida pessoal com a vida corporativa e empreendedora? Não acho que exista equilíbrio real, cada um tem seu limite e a gente vive uma gestão diária de explosão no empreendedorismo, na minha opinião. Constantemente estamos negociando com a gente mesmo qual o nível de risco e incerteza máximo que conseguimos gerenciar. Por isso,  não sei se é equilíbrio a palavra. Tem momentos que eu vejo que não dá pra continuar naquele ritmo, desacelera, tem hora que precisa e dá para acelerar. Algo que sempre me ajudou muito é saber até onde eu estou disposta a arriscar. Em todos os momentos da minha vida empreendedora eu sempre deixei claro para mim mesmo, até onde eu iria me sacrificar, até onde eu aguentaria. Isso me fez conseguir levar melhor todos os desafios, afinal eles nunca chegaram tão perto do que para mim representaria um fracasso.

Qual seu maior sonho? Ser ministra da Educação ou Ciência e Tecnologia. Brincadeiras à parte, eu tenho muita vontade de conseguir trabalhar para impactar muita gente e mudar a vida delas. Empreendendo a gente consegue fazer isso, mas talvez seja só com política pública que de fato a gente consiga acessar de fato em escala. Na minha fantasia, ser ministra seria ter essa possibilidade de mudar o Brasil, mas se a Mastertech e SOMAS seguirem crescendo e impactando gente de verdade como fazem em escala cada vez maior vou estar vivendo meu sonho. Vou sentir que ele se realizou, quando eu ver as crianças brasileiras falando de pensamento computacional, de programação como uma aliada delas e não só como usuárias passivas dessas ferramentas.

Qual sua maior conquista? Conseguir viver do meu propósito. Empreender não é simples e conseguir viver fazendo o que você acredita não é uma missão fácil, eu sou grata por ter conseguido fazer isso e tão jovem. Sou muito privilegiada por isso e reconheço. Independentemente do que vier pela frente eu já sou muito grata por esses últimos 10 anos. Todos os prêmios e honras sem dúvida representam conquistas, mas poder acordar todo dia a trabalhar com o que eu acredito é a maior delas. Isso também não quer dizer que 100% dos dias eu sou feliz fazendo o que eu faço ou que tudo bem fazer de graça ou ganhando menos, muita gente confunde propósito com caridade. Aqui estou falando de ter encontrado algo que dá sentido a minha vida. Essa é minha maior conquista.

Livro, filme e mulher que admira. Eu amo um livro da Rosiska Darcy chamado Reengenharia do Tempo, ele expõe uma revolução do cotidiano. Eu acho uma obra prima e não sou só eu, afinal hoje ela faz parte da Academia Brasileira de Letras. Ela ainda é viva e sem dúvida é uma mulher que me inspira também. Além dela queria deixar registrada a minha admiração por Ada Lovelace, o primeiro ser humano que programou, na real, ela é a inventora dos algoritmos e por isso da programação. Mulher. E meu filme favorito é Capitão Fantástico. É um filme com uma visão de educação radical, mas com muitas mensagens importantes e reflexões necessárias. Parece filme de super herói, mas é uma lição de família, conflito, educação e principalmente auto educação.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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