CEO do Mulheres do Agronegócio Brasil conta como mudou rumo da carreira para ajudar o desenvolvimento de mulheres no setor

Empresa de Andrea Cordeiro oferece consultoria e treinamentos para lideranças do segmento e disponibiliza palestras nos principais eventos do agro para os clientes

  • 20/07/2022 11h00
Divulgação/Andrea Cordeiro Mulher posa para foto de divulgação Andrea Cordeiro foi a entrevistada do Mulheres Positivas desta semana

Nossa Mulher Positiva de hoje é a analista de mercado e palestrante Andrea Cordeiro, co-autora do livro Mulheres do Agro e CEO do Mulheres do Agronegócio Brasil. De forma inspiradora ela nos conta como tem ajudado no desenvolvimento de mulheres do agronegócio em todo o país e como decidiu, há dois anos, mudar o rumo de sua carreira. “Da mesma forma que foi desafiador decidir sobre o que fazer no início da minha trajetória profissional, foi difícil perceber que após 23 anos atuando em uma empresa familiar, onde não faria parte da sucessão, e eu sentia que eu queria fazer parte de algo grande, eu queria construir um legado do qual me orgulhasse e cujo aspecto financeiro não fosse o único pilar decisivo na equação. Foi extremamente difícil esta decisão. Decidir após os 40 [anos de idade] romper um ciclo e me despir do romantismo e das benesses do cargo que ocupava, chacoalhar o comodismo que eu estava e me desafiar a novos propósitos mesmo que em um primeiro momento eu não soubesse quais eram”, afirma. “Posso afirmar que essa foi uma das decisões mais assertivas que eu tomei na minha vida profissional. Através dela consegui reencontrar a Andrea idealista que eu era e que estava adormecida”, acrescentou.

Como começou a sua carreira? Minha carreira no agro começou por acaso. Formada em direito, queria ser juíza, mas sabia que para isso precisava me dedicar aos estudos, mas para pagar um curso preparatório para magistratura que fosse referência. Na cidade que eu morava não tinha e em 1997 oferta de cursos on-line não existia. Em uma só decisão é apoiada pelo meu marido, aceitei uma proposta para trabalhar na empresa da família em Curitiba e assim me mudei e me matriculei no curso. Foram momentos difíceis com dois filhos pequenos comigo, iniciando carreira e distante do meu marido que ficou em Santa Catarina até finalizar o tratamento de seus pacientes. Trabalhar o dia inteiro em uma empresa que era referencial em consultorias e comercialização, não ter horário para almoçar e para sair da empresa e ainda ter que estudar a noite até quase 23 horas, sem auxílio de colaboradores e ter que viajar para prestar concursos me apresentou à realidade desigual da profissional mulher. Naquela fase eu presenciei muitos colegas de colégio e faculdade desistirem de seus sonhos e ideais, mas persistente que sou, eu segui em frente. Inconformada com o óbvio e curiosa por natureza comecei a perceber que havia espaço para eu crescer na empresa. Não era porque eu não queria aquela carreira que eu seria medíocre. E foi assim que o agro passou a fazer parte da minha vida. Passei por todos os setores da empresa, aprendendo em todos os níveis. Do departamento de execução de contratos, ao financeiro, administrativo, até uma dia ‘cair’ na mesa de negócios. Eu me recordo que um consultor não foi e o fluxo de ligações na mesa era grande e eu me prontifiquei a ajudar, segurando as ligações e falando amenidades até um consultor poder atender. Como eu estava conectada aos assuntos e atualizada ao momento de mercado, consegui dar conta do recado. Para resumir: recebi a oportunidade de treinar na mesa de negócios e após 23 anos de empresa eu passei de consultora júnior à sênior, chefe de mesa e à medida que o grupo ampliou eu passei a diretora comercial do grupo. Era uma das poucas mulheres em cargo de diretoria neste universo agro, o que me motivou a desenvolver no próprio grupo ações voltadas à profissionais mulheres. Há dois anos decidi redirecionar minha carreira e oferecer de forma mais intensa ferramentas de capacitação como mentorias, consultorias e missões nacionais e internacionais de capacitação ao setor.

Como é formatado o modelo de negócios do Mulheres do Agronegócio Brasil? O Mulheres do Agronegócio Brasil, antes um movimento que visava valorizar mulheres que atuam no setor dentro e fora da porteira e que foi idealizado no início dos anos 2000, passou a ser uma empresa. Através dela eu ofereço mentorias, consultorias e treinamentos nas áreas de minha expertise e também para lideranças no agro, customizo missões nacionais e internacionais à empresa do setor e disponibilizo palestras e minha participação nos principais eventos agro mundo afora.

Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Sem dúvida foram vários e estavam relacionados às decisões. Da mesma forma que foi desafiador decidir sobre o que fazer no início da minha trajetória profissional, foi difícil perceber que após 23 anos atuando em uma empresa familiar, onde eu não faria parte da sucessão, e eu sentia que eu queria fazer parte de algo grande, eu queria construir um legado do qual me orgulhasse e cujo aspecto financeiro não fosse o único pilar decisivo na equação. Foi extremamente difícil esta decisão. Decidir após os 40 [anos de idade] romper um ciclo e me despir do romantismo e das benesses do cargo que ocupava, chacoalhar o comodismo que eu estava e me desafiar a novos propósitos mesmo que em um primeiro momento eu não soubesse quais eram. E embora muito difícil por tudo o que representou, pois assim eu decidi, em seguida veio a pandemia da Covid-19, posso afirmar que essa foi uma das decisões mais assertivas que eu tomei na minha vida profissional. Através dela consegui reencontrar a Andrea idealista que eu era e que estava adormecida.

Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Tenho a felicidade de ser uma mulher que tem um companheiro que sempre entendeu, respeitou e apoiou minhas ideias. Nunca me privou ou proibiu a nada. Sempre acolheu meus projetos e me alimentava de fundamentos quando precisava de sua imparcialidade. Tive a sorte de contar sempre com profissionais que me ajudaram por anos enquanto meus filhos eram crianças e adolescentes. Atualmente com minha mãe morando em casa este apoio é fundamental para que eu palestre nos principais eventos agro no Brasil e no mundo.

Qual seu maior sonho? Ter uma fundação que acolha mulheres em situação de vulnerabilidade e as profissionalizar para atuar como lideranças futuras no agro.

Qual sua maior conquista? Profissionalmente é poder ser reconhecida pela minha trajetória profissional e ter meu nome associado ao conhecimento, comunicação, capacitação, ESG e ações de inclusão de profissionais mulheres no agro. No âmbito pessoal, ter uma família que dialoga, respeita suas diferenças e celebra suas conquistas. Não há conquista maior para uma mãe ver que seus filhos são pessoas do bem, que investem em estudo e trabalho, que incentivam e valorizam pessoas, que acolhem e que estão bem emocionalmente. Isso para mim é riqueza.

Livro, filme e mulher que admira. Livro: A Cor Púrpura. Filme: E o vento levou – meu preferido desde que era criança, já assisti mais de 20 vezes e em todas eu fico presa ao fascínio da força da personagem de Vivian Leigh. Mulher brasileira, conhecida do público: Cora Coralina. Pobre, com pouco estudo, quatro filhos nunca desistiu deles e trabalhou com doceira os encaminhou. Em meio a esta jornada aflorou em si o que de melhor nos brasileiros visualizam nela: poetisa. E Michele Obama, por sua fala motivadora a mulheres e jovens em discursos contrários ao óbvio e por sua força em equilibrar papéis de mãe, esposa e líder mundial e pela clareza que lida com sua liderança.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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