Diretora de agência conta como superou cobrança no início da carreira para alcançar rápida ascensão no mercado publicitário
Em entrevista ao Mulheres Positivas, Gabi Liso também falou sobre o modelo de negócios da Y’ALL, empresa com foco em trade marketing e shopper experience
Autêntica, extrovertida e muito sonhadora, Gabi Liso faz questão de dizer que seu lado criança jamais vai morrer. Feminista de carteirinha, teve uma rápida ascensão no mercado publicitário e preza por dar espaço para que outras mulheres possam crescer também. Gabi acredita que energia positiva puxa energia positiva. São 10 anos de experiência em um segmento ainda bastante machista, com passagens por importantes agências de comunicação do país. Sua maior conquista é ser ela mesma.
1. Como começou a sua carreira? Assim que entrei na faculdade, consegui um estágio na Microsoft para vender o atual produto da época, o Windows 8. Mal sabia eu que aquilo já seria uma preparação para meu atual cargo, convencendo os clientes a comprarem minha ideia e meu projeto. Meu segundo estágio já foi dentro de uma agência, cuidando das redes sociais e, logo após, planejando e executando eventos internos para o time. Tudo foi contribuindo para que eu chegasse na área de planejamento. Fui criando paixão e interesse por estar em uma área que vê projetos como um todo, de ponta a ponta, até chegar no produto final. Minha ascensão foi muito rápida. Do estágio, virei assistente de planejamento em uma agência focada em trade marketing. Um ano depois, já era sênior de uma outra agência de eventos. Fui pulando de oportunidade em oportunidade, e me vi em um cargo de gerente em menos de três anos depois de ter iniciado minha carreira em publicidade. Resolvi tentar a carreira de freela, que era um sonho meu, em 2021. A ideia não era voltar para um cargo fixo, pois queria viver assim para sempre, em um modelo nômade, criando meus horários e organizando minhas entregas. Mas como a gente não tem controle de nada, em 2022 comecei a freelar para a agência Y’ALL e, pouco tempo depois, me convidaram para ser diretora de planejamento estratégico. Aceitei e lá estou desde então.
2. Como é formatado o modelo de negócios da Y’ALL? A Y’ALL vem de uma base com foco em trade marketing e shopper experience. Mas ser especialista na jornada do consumidor vai muito além de só realizar entregas no ponto de venda, então, nossa amplitude de soluções vem aumentando consideravelmente. Parte do meu trabalho ao desenvolver a área de estratégia dentro da agência foi muito por este motivo: como mostrar que entendemos que o trade vai muito além do trade? Como entregar ideias e soluções na jornada 360º do shopper, que passam pelo digital, eventos, promoções, ativações e outras experiências de marca? Isso é parte do nosso desafio diário como agência e temos conseguido encantar e entregar aos clientes o que eles procuram nesse mundo da comunicação de marketing.
3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Tive alguns momentos desafiadores. Um deles, com certeza, foi no início da minha carreira como planejamento. Eu trabalhava em uma agência que tinha muitas demandas, de grandes clientes. Estava aprendendo ainda e era cobrada por entregas como se fosse alguém com extrema experiência. Hoje, entendo que foi isso que me trouxe a oportunidade de ter uma ascensão tão rápida de carreira, pois tive que aprender na marra e isso me deu uma senioridade que muitas pessoas do meu mercado não têm no início. Mas, na época, foi extremamente desafiador e cansativo.
4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/ empreendedora? Não tem diferença da Gabi pessoal para profissional, pois sou eu mesma sempre. Mas cuidar disso tudo junto e misturado, às vezes, é difícil, admito. Quanto mais alto o cargo, mais envolvimento você acaba tendo, o que significa que o trabalho anda constantemente com você. Eu me esforço muito para manter algumas coisas na minha vida, e imponho limites – para mim mesma também – para que eu tenha uma vida equilibrada. Isso significa que eu tenho meu horário de fazer exercício, que funciona como uma terapia para mim; após às 19h, 20h, só respondo coisas extremamente urgentes, se não fica para o dia seguinte; faço também terapia, o que ajuda muito a conter a ansiedade e equilibrar expectativas e planejamentos. Estes são alguns dos pontos que tenho de controle no meu dia a dia e que vêm me ajudando bastante a não pender mais para um lado do que para outro. Mas é um desafio diário e constante manter esse equilíbrio.
5. Qual seu maior sonho? Quem me conhece sabe que eu sou uma mulher de muitos sonhos. Minha cabeça voa longe. Um deles eu já conquistei, que era entrar em um cargo de liderança em alguma agência/empresa. Eu tenho naturalmente um instinto de liderança e de cuidado, e isso se aplica 100% no meu lado profissional. Ser diretora, hoje, é definitivamente uma das minhas maiores conquistas de vida e me traz muita felicidade. Outro sonho que tenho – e ainda vou conquistar – é morar fora do país. Desde pequena, sinto que nasci no país errado e procuro meu lugar no mundo desde então. Esse sonho acaba se conectando com outro sonho que tenho, que é visitar o mundo inteiro. Ter um estilo de vida nômade é muito a minha cara, e ainda pretendo viver dessa maneira.
6. Qual sua maior conquista? No lado profissional, ter virado diretora, sendo nova para o cargo que tenho. Pessoalmente falando, tenho algumas conquistas que poderia compartilhar, mas acredito que uma, que acaba englobando várias ao mesmo tempo, seja a minha liberdade. Eu sou uma pessoa muito livre, extrovertida, expansiva, aventureira, e isso reflete em todas as áreas da minha vida hoje. Tenho meu dinheiro, moro sozinha, faço minhas viagens, compro o que desejo, faço as experiências que tenho vontade e vivo como quero. Eu digo com tranquilidade que sou eu mesma em todos os aspectos da minha vida, e isso só é verdade por procurar e explorar essa liberdade imensa desde muito nova. Isso, com certeza, é uma das minhas maiores conquistas.
7. Livro, filme e mulher que admira. Livro: vou indicar os dois últimos que li, sendo um bem antigo e um bem atual: “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, de Douglas Adams. Esse livro é a bíblia dos nerds e eu pequei por não ter lido ele antes! É aquele tipo de livro infanto-juvenil que foi feito para adultos pensarem sobre a vida (mesma vibe dos filmes da Pixar). É extremamente fácil e gostoso de ler. Me diverti e ri horrores, ao mesmo tempo em que me questionei muito sobre a minha vida e o peso que dou sobre ela. Vale 100% a leitura. “Tudo é Rio”, de Carla Madeira. Esse livro traz um impacto brutal. Ao mesmo tempo em que você deseja devorá-lo, pois conta uma história extremamente envolvente, vale parar e respirar para não ser engolido e levado pelo rio, que te carrega forte para longe. Carla Madeira realmente te mostra como tudo é rio em nossas vidas, mas faz isso de maneira tão delicada e subjetiva… é lindo de ler.
Filme: simplesmente impossível eu indicar filmes, porque eu sou viciada e eu nunca consigo escolher um só. Mas vamos lá, também vou indicar dois:
“Viva – A vida é uma festa”. Se eu indicasse filmes e pelo menos um deles não fosse Disney, não seria eu mesma. “Viva – A vida é uma festa” é uma história lindíssima, que nos ensina mais sobre o Dia de Los Muertos e a cultura mexicana. O filme é uma obra de arte. As cores explodem, as músicas te carregam no colo e o roteiro te faz rir e chorar na mesma intensidade (talvez você chore mais do que ria, mas vale cada lágrima derrubada). Não me canso de ver esse filme. “La La Land”. Vou indicar um filme que une minhas duas maiores paixões no quesito cinematográfico: romance e musical. “La La Land” foi um dos destaques do Oscar de 2017, levando 6 prêmios para casa. O filme não é só visualmente lindo de se ver, com todas as suas cores e fotografia, mas é delicioso de ouvir. As músicas embalam cada cena do filme. Acho que aqui é bem aquele caso de que um filme não seria o mesmo filme se não tivesse uma baita trilha sonora por trás – já tentou assistir a uma cena de terror tocando Xuxa atrás? O impacto não é o mesmo. Quem nunca chorou assistindo a cena final desse filme que atire a primeira pedra.
Mulher que admiro: Viola Davis, sem dúvida alguma, que mulher. Viola é uma das atrizes mais versáteis do mercado, lado a lado com Meryl Streep (que também é uma mulher que admiro muito). Ela conquistou a “tríplice coroa da atuação”, por ter ganhado um Oscar, Emmy e Tonny Awards. Nas redes sociais e, consequentemente em sua vida pessoal, Viola é alguém que empodera mulheres todos os dias, luta pelo espaço e reconhecimento de pretos no mercado, e é constantemente inspiradora. Essa é definitivamente uma das mulheres mais admiráveis hoje para mim.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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