Diretora de Marketing da Exto conta por que deixou o emprego para se dedicar ao próprio negócio: ‘Ideia parecia interessante’

Empresa de Flávia Matos tem mais de 30 anos de história no mercado de empreendimentos de alto padrão

  • Por Fabi Saad
  • 03/08/2022 10h00 - Atualizado em 09/08/2022 07h37
Arquivo Pessoal/Divulgação Mulher posa para foto Flávia Matos é diretora de marketing da Exto Incorporação e Construção

Nossa Mulher Positiva é Flávia Matos, Diretora de Marketing e líder das pautas ESG na Exto Incorporação e Construção. Flávia nos conta sobre sua vida pessoal e como conciliá-la com o papel que desempenha na Exto, empresa com mais de 30 anos entregando empreendimentos de alto padrão. “A Exto tem um modelo de negócios diferente da maioria das incorporadoras por ter uma estrutura bastante vertical, com pouca terceirização de atividades. Por aqui, trabalhamos desde a compra de terrenos, concepção de todos os projetos arquitetônicos, pesquisas de marketing, estratégias, construção dos empreendimentos, comercialização, atendimento ao cliente e pós-obras”, disse.

Como começou a sua carreira? Iniciei minha carreira na Unilever, multinacional que admirava muito desde o início da faculdade. Cursei comunicação social e marketing, na ESPM, e me lembro que na época a maioria dos nossos cases, principalmente de construção de marca, eram da empresa. Decidi então que lá seria uma excelente escola, que me traria a oportunidade de trabalhar com grandes profissionais, ter acesso a experiencias diversas e me desafiar. Sempre tive como sonho dar continuidade ao negócio de minha família, no ramo de incorporação, mas como minha formação não é a principal atividade da empresa, achava muito importante ter outras vivências, lidar com outras culturas empresariais e amadurecer antes de entrar finalmente na Exto Incorporação e Construção, o que aconteceu após quatro anos de experiências importantes para a minha formação, ainda na Unilever.

Como é formatado o modelo de negócios da Exto? A Exto tem um modelo de negócios diferente da maioria das incorporadoras por ter uma estrutura bastante vertical, com pouca terceirização de atividades. Por aqui, trabalhamos desde a compra de terrenos, concepção de todos os projetos arquitetônicos, pesquisas de marketing, estratégias, construção dos empreendimentos, comercialização, atendimento ao cliente e pós-obras. Apesar de atuar na cadeira de diretora de marketing, nestes oito anos de empresa pude vivenciar experiências em todas as áreas, dos mais diversos assuntos. Não temos uma estrutura engessada, e pregamos o debate, a participação coletiva e as boas ideias, independentemente de onde elas venham. Brinco que tenho pouca rotina: alguns dias estou em reunião de estratégias digitais, em outros debatendo projetos arquitetônicos, ou visitando obras, ou ainda treinando corretores ou debatendo metas ESG, de responsabilidade ambiental. A gama de assuntos é imensa, e isso me estimula muito.

Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Um momento muito marcante em minha carreira foi a decisão de deixar meu emprego, em que eu estava bem colocada, reconhecida e com ótimas oportunidades. Na época, apesar das grandes responsabilidades, ainda era bastante imatura, não sabia lidar bem com a pressão e acabei chegando muito perto de um burnout, fiquei com a saúde física e mental comprometida. Com o apoio de minha família, fiquei dois meses sem trabalhar, apenas focada em me reestabelecer. Usei o período para ler, estudar, descansar e para pensar o que eu gostaria de fazer com meu futuro, o que voltaria a alegrar os meus dias, a me estimular. Notei então que a ideia de ir trabalhar no negócio de minha família, ao invés de assustadora, me parecia cada vez mais interessante. Na época, ainda não existia um departamento de marketing; o mercado imobiliário vinha de um boom, quando apenas um bom produto era suficiente para ótimos resultados em vendas.

Coincidentemente, o ano em que entrei na empresa e fundei o departamento de marketing foi o mesmo em que o mercado imobiliário iniciou o seu declínio e um período duro de crise. Foi aí que começamos a trabalhar de forma criativa para estabelecer processos, construir uma identidade para a marca e comunicar a qualidade dos nossos empreendimentos. É com bastante orgulho que podemos afirmar que mesmo nos anos de crise, a empresa cresceu continuamente.

Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? O equilíbrio é um sonho, mais utópico que efetivamente 100% alcançável. Creio que a vida é feita de momentos, de períodos. Em alguns deles, o trabalho vai te exigir mais, em outros, a vida pessoal ou acadêmica. O mais importante é termos respeito conosco, não nos colocarmos como última prioridade e estarmos atentos às nossas necessidades, algo que a terapia me ajudou muito a notar. Em minha rotina, tento incluir rituais, momentos de prazer que deixam tudo mais leve, como uma massagem uma vez por semana no horário de almoço, um encontro com as amigas e o sagrado exercício matinal antes do trabalho, que me dá energia, foco e me ajuda a aliviar a ansiedade. Também tento ser bastante produtiva ao longo do dia, para conseguir sair do escritório cedo, em torno das 18:30, e ter tempo de cozinhar o jantar com meu marido e brincar com a nossa cachorrinha. Às vezes, nada melhor do que ficar sozinha, e tenho me esforçado para encontrar este tempo, seja para um banho longo, ler um bom livro ou ver um programa de TV bem trash, daqueles “não quero pensar agora”.

Qual seu maior sonho? Com o maior medo de parecer básica ou clichê, meu sonho é que tudo continue evoluindo como está. Me sinto muito realizada em minha carreira, trabalho em um negócio que além de ser da minha família, é nossa paixão, nosso projeto coletivo, do qual nos orgulhamos muito. Gostaria de formar uma família grande e ter pique e saúde, além das pessoas que amo bem próximas de mim para sempre, para continuar trabalhando, produzindo e aproveitando momentos bons.

Qual sua maior conquista? Minha maior conquista foi conseguir desenhar a vida que tenho hoje. A teimosia me permitiu cursar marketing, quando a expectativa por algo no campo da engenharia ou arquitetura era grande. Uma das minhas maiores características é a determinação, mirar em um objetivo e cumpri-lo. Escolhi o curso, os locais em que gostaria de trabalhar, sou muito feliz em meu casamento, concluí agora uma pós-graduação em um assunto que me fascina, a Psicologia Positiva e lidero programas que me dão muito orgulho, como o Extossistema, de responsabilidade ambiental, o Exto Mãos à Obra, ligado a causas sociais importantes para nós e também o HappinEx, programa de bem-estar e qualidade de vida para nossos funcionários. Sentir que suas ações trazem impacto positivo para as pessoas e para a sociedade,  pensar que você conseguiu trazer um sorriso ou um alívio no dia de alguém é uma sensação de gratificação difícil de explicar, e das melhores que existem.

Livro, filme e mulher que admira. Sou muito fã do Robert Greene, gosto da maneira que ele escreve, trazendo lições e exemplos práticos de figuras históricas, sendo história uma das minhas maiores paixões. Entre os meus preferidos dele estão: “As 48 leis do poder”, “Laws of human nature” e “A arte da sedução”. Também preciso indicar Philippa Gregory, escritora e historiadora inglesa, que retrata romances históricos sempre do ponto de vista de mulheres fortes, como Ana Bolena, Elizabeth I ou Catarina de Aragão. Todos os seus livros são excelentes, e me proporcionaram viagens fascinantes. Poderia falar sobre os Tudor por um dia inteiro…

Acho que fui para o caminho do marketing por ser uma sonhadora, desde criança. Considero o mundo da fantasia e das possibilidades fascinantes; uma fuga da realidade às vezes pode fazer muito bem. Por isso, um filme que guarda um lugar especial em meu coração é Don Juan de Marco, com Johnny Depp, Marlon Brando e Faye Dunaway. Nele, um jovem acredita ser Don Juan, o conquistador de mulheres, que em estado de depressão profunda, é internado em uma clínica psiquiátrica. A cada sessão, Don Juan conta suas histórias de vida e te convida a momentos deliciosos e principalmente, a reflexões importantes. Sempre que estou angustiada, triste ou ansiosa, assisto esse filme, quase como um ritual, e a sensação ao terminá-lo é revigorante.

Seguindo o “mood histórico”, por mais exótico que seja, uma mulher que admiro muito, embora a conheça apenas através de algumas biografias cujos detalhes podem ter sido muito alterados ao longo do tempo, é Cleópatra. Poucas pessoas conseguiram deixar marcas tão profundas e intrigantes. Mulher misteriosa, sedutora, extremamente inteligente, culta, dominava múltiplas línguas, estrategista política e que ao mesmo tempo se permitia desfrutar de prazeres. Conquistou seu espaço em um cenário extremamente machista e cravou seu nome de forma definitiva na história, com um legado, no mínimo, interessantíssimo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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