Fundadora da Cerâmica DaniEnne conta como viagem à Europa foi fundamental para criação de seu negócio

Daniella Enne já era dona de uma marca de moda feminina quando percebeu que faltava no Brasil peças artesanais mais modernas

  • Por Fabi Saad
  • 05/07/2023 10h00
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Divulgação Daniella Enne apresenta suas peças de cerâmica Daniella Enne criou modelo de negócio a partir de sua paixão pela cerâmica

Daniella Enne conta como começou sua cerâmica do zero, acreditando que, com dedicação, coragem e perseverança, seria capaz de romper todas as barreiras para realizar o seu sonho. “Tudo começou em 2013, quando fui à Europa para ver as tendências de moda. Na época, eu já empreendia e era dona de uma marca de moda feminina. Esta viagem, sem que eu percebesse, foi minha grande inspiração para minha transição da moda para a cerâmica”, recorda Daniella. “Durante o tempo sonho x execução do novo projeto, percebi que a cerâmica no Brasil, em sua grande maioria, apresentava um estilo orgânico rústico ou mais clássico. Sentia falta de peças com cores e formas maximalistas, tanto na decoração quanto na mesa posta, algo diferente do que já existia aqui. Daí surgiu a ideia de trazer a moda para a decoração e produzir peças tendo como inspiração as passarelas.”

1. Como começou a sua carreira? Tudo começou em 2013, quando fui à Europa para ver as tendências de moda. Na época, eu já empreendia e era dona de uma marca de moda feminina. Esta viagem, sem que eu percebesse, foi minha grande inspiração para minha transição da moda para a cerâmica. Encantada com o que vi no segmento de peças decorativas e mesa posta, iniciou-se no meu íntimo um desejo muito forte de também produzir aquilo. Afinal, mesclava criatividade, arte e pincéis, minha paixão desde a adolescência. Porém, dividida entre o empreendedorismo com a marca de moda e o emprego fixo na autarquia federal, não me sobrava tempo para empreender no que já teria se tornado minha nova paixão. Mesmo assim, o tempo que me sobrava aproveitava para estudar profundamente a arte com o barro. Durante o tempo sonho x execução do novo projeto, percebi que a cerâmica no Brasil, em sua grande maioria, apresentava um estilo orgânico rústico ou mais clássico. Sentia falta de peças com cores, formas maximalistas, tanto na decoração quanto na mesa posta, algo diferente do que já existia aqui. Daí surgiu a ideia de trazer a moda para a decoração e produzir peças tendo como inspiração as passarelas.

2. Como é formatado o modelo de negócios das Cerâmicas DaniEnne? Quem pega uma peça de cerâmica pronta na mão não faz ideia do caminho percorrido até ali. São várias etapas de erros e acertos até a produção final. No meu caso, início com um estudo de ideias com o qual me identifico e busco referências na moda para trazer para a decoração. Na primeira etapa, desenvolvo um projeto em 3D para entender se realmente o que eu quero vai ser viável e ficará legal dentro da minha proposta. Faço isso para otimizar o processo de produção. Essa etapa me auxilia bastante, pois o processo cerâmico é lento e, muitas vezes, só entendemos o que deu errado após dias de espera. Logo que apronto e aprovo o protótipo, inicio a parte da qual mais gosto, que é a de colocar a mão no barro. Depois, seguindo o processo, é chegada a hora das queimas. Primeiro o barro, já na sua forma definida. Depois a pintura, com esmaltes. Por fim, o ouro, quando a peça leva esse valorizado detalhe. Às vezes, são três a quatro queimas da mesma peça para se atingir o resultado esperado. Mesmo com todo o planejamento inicial, com todos os cuidados tomados durante as etapas, não é raro que ocorram acidentes de percurso, obrigando ao retorno de várias etapas do processo. Depois de tanto esforço, nada é mais gratificante que abrir o forno e ver que o resultado do meu trabalho foi recompensado.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? O momento mais difícil foi a logística da produção por conta de espaço. Precisei iniciar a confecção das peças em nossa casa de campo, que fica a cerca de 100 km de onde resido. Lá eu produzia a parte do barro para depois trazer para pintura e esmaltação. Com o aumento da demanda nos pedidos, eu praticamente precisava estar lá e cá o tempo todo, o que vinha se tornando muito cansativo por conta da movimentação. Além disso, o maior dos problemas é que o processo produtivo não estava tendo o rendimento necessário pelo tempo que eu permanecia em trânsito. Mesmo ainda iniciando e sem capital suficiente para investir, decidi trazer toda a produção para perto de mim, aluguei um espaço, contratei pessoal. Posso falar que foi um momento de ousadia e do qual me orgulho muito.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Hoje está mais fácil, devido às decisões tomadas e que graças a Deus deram muito certo. Ainda preciso abrir mão de um ou outro final de semana, seja por conta da produção ou dos eventos dos quais participo, mas nada que atrapalhe minha vida pessoal e que não seja recompensador. Procuro aproveitar todo o tempo livre com minha família e amigos.

5. Qual seu maior sonho? Tenho muitos sonhos na minha vida pessoal e profissional, mas um bem forte dentro do meu negócio é que as pessoas valorizem cada vez mais o “feito a mão” produzido no Brasil. Assim como eu, milhares de pessoas produzem, muitas tiram o seu sustento disso. Precisamos valorizá-las.

6. Qual sua maior conquista? Acho que minha maior conquista foi ter empreendido sem ter desistido, mesmo com todas as dificuldades encontradas. Trago em mim que somos capazes, e a perseverança é a maior aliada.

7. Livro, filme e mulher que admira.O Diário de Anne Frank”, “O Milagre da Cela Sete” e Tarsila do Amaral.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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