Fundadora da clínica Mulheres Mais conta como estruturou negócio voltado para a sexualidade feminina

Fisioterapeuta Cristina Nobile explica como superou dificuldades do início da carreira até criar empreendimento de atendimento individualizado com foco na dor causada durante relação sexual

  • Por Fabi Saad
  • 01/02/2023 11h00
Divulgação/Cristiane Oliveira Fisioterapeuta posa para foto Cristina Nobile, fisioterapeuta pélvica, é uma das fundadoras da Clínica Mulhere’S+
Cristina Nobile, fisioterapeuta pélvica, é uma das fundadoras da Clínica Mulhere’S+. Cristina nos diz que a sua atuação na área da fisioterapia pélvica, exclusivamente no tratamento da dor na relação sexual, a fez perceber o quanto as histórias de outras mulheres reverberavam com suas próprias histórias, consegue através desses atendimentos ressignificar suas dores, desconstruir padrões e encontrar um propósito de vida maior. Somos uma mistura de todas as mulheres e de suas histórias. Sua contribuição se dá também através de mentorias/orientações para mulheres que queiram ganhar segurança e entendimento para vivenciar sua própria sexualidade com liberdade e prazer. “Para nós, além de tratar a dor, queríamos entregar um atendimento diferenciado, com foco na escuta e no acolhimento, tendo como diferencial um tratamento personalizado, indo ao encontro da dor maior dessa paciente, que muitas vezes estava na carência de orientação e do autoconhecimento”, diz.

1) Como foi seu início de carreira? O início da minha carreira na fisioterapia se deu aos 36 anos, após um casamento desfeito, dois filhos e uma mãe com câncer de mama. Decidi voltar a estudar após me separar, e com a doença da minha mãe não conseguia vislumbrar nada diferente da formação em fisioterapia com pós-graduação em Oncologia. Tudo deu certo, inclusive a pós. Fiz residência no ambulatório do Hospital Pérola Byington, o que me capacitou no atendimento de mulheres em tratamento do câncer. Como o maior índice de atendimentos ambulatoriais eram mulheres com câncer de mama e uroginecológico, começo na área da dor já nessa época. O que eu não sabia é que após alguns anos eu teria a oportunidade de trabalhar na fisioterapia pélvica com o foco na dor na relação sexual. Uma área complementou a outra, meu campo de atuação aumentou muito, e acabei abordando a dor na relação com as pacientes oncológicas também.

2) Como é formatado o modelo de negócios da Clínica Mulheres Mais? O primeiro contato com a paciente pode acontecer através de um bate papo online gratuito. Essa modalidade nasceu quando percebemos o quão difícil era para essa paciente chegar até nós, ter coragem para realizar a avaliação. Nesse contato consigo tirar as dúvidas e orientar sobre como funciona o tratamento, porém deixo muito claro que o bate papo não substitui a avaliação. Na avaliação, além da anamnese, onde essa mulher irá reportar todas as queixas e dificuldades, realizo o exame físico, e é através dele que consigo mapear o nível e grau de severidade da disfunção. A partir desse primeiro diagnóstico, indicar o número de sessões, que normalmente partem de 10 no mínimo.
Para nós, além de tratar a dor, queríamos entregar um atendimento diferenciado, com foco na escuta e no acolhimento, tendo como diferencial um tratamento personalizado, indo ao encontro da dor maior dessa paciente, que muitas vezes estava na carência de orientação e do auto conhecimento. Percebemos que se tratava de um tratamento simples e inovador. Inovador no sentido de tratar a parte física com repercussão emocional.

O tratamento é direcionado para todas as mulheres, em qualquer idade, desde o início da vida sexual até a pós menopausa, que sentem dor ou se veem impossibilitadas de permitir uma penetração vaginal, seja num exame ginecológico, no uso de medicação ou na relação sexual. Já a mentoria/consultoria, é indicada para mulheres que queiram ganhar conhecimento e ter autonomia sobre seus corpos e entender o que gostam e que não gostam. Partimos da premissa de que levar informação é nossa obrigação e faz parte do nosso propósito. Nosso trabalho é divulgado através das redes sociais, revistas, blogs. Sempre direcionado ao público feminino.

3) Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Enquanto atuei exclusivamente com a oncologia meu caminho foi árduo. A dificuldade em ganhar autoridade e reconhecimento na área era difícil. A fisioterapia em oncologia estava dando os primeiros passos. Durante muito tempo, profissionais da área da saúde que não fossem “médicos” tinham que provar autoridade e conhecimento constantemente e os benefícios que a atuação e a prática multiprofissional promoviam na reabilitação dos pacientes. Isso hoje já faz parte do passado, mais do que nunca os profissionais da saúde e especialmente os Fisioterapeutas ganharam reconhecimento.

4) Como você consegue equilibrar sua vida pessoal X vida empreendedora? Hoje tenho filhos adultos, tenho flexibilidade e um nível de exigência bem menor em relação a eles. Empreender é desafiador, são horas e horas de total exclusividade, não tem dia nem hora, porém é extremamente gratificante ver as coisas acontecerem. O mais difícil para mim foi e ainda é gerenciar meu tempo, no meu caso tenho uma sócia advogada, para ela cumprir prazos sempre foi uma realidade, ela tem maior facilidade, ela conduz e me ajuda no gerenciamento.

5) Qual seu maior sonho? Sonho com estabilidade tanto no nível pessoal como profissional. Hoje meu maior sonho está no âmbito profissional, sonho poder ser a diferença e transformar a vida das mulheres que passam por mim, deixar a minha marca no mundo dessa forma. Impactar, causar transformação e chegar no maior número de mulheres, passando informações e orientações sobre sexualidade e saúde da mulher.

6) Qual sua maior conquista? Conquistei muita coisa durante minha vida, conquistei minha família, meus filhos, minha profissão, mas acho que minha conquista é diária! Eu conquisto minhas pacientes todos os dias. Atuar na sexualidade necessita de muito cuidado, de delicadeza. Para conquistar a confiança dessa paciente preciso ser verdadeira, saber ouvi-la, não julgar, ter empatia. E isso a gente não aprende na Faculdade, isso é a vida quem ensina! E disso eu não me canso de aprender.

7) Livro, filme e mulher que admira Livro e filme: “Comer, Rezar, Amar”. Série: “This is Us”. Mulher: Doutura Albertina Duarte Takiuti. Me inspiro na forma como aborda e transforma a vida de tantas mulheres, pela paixão pela medicina e pela saúde, pela entrega na profissão.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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