‘Meu livro é um manual que pode te ajudar a tomar uma direção na vida’, afirma Mariana Papa
Autora de ‘Mães Elásticas’ conta como elaborou conceito de ‘Plano de Vida’ em sua obra, recorda com carinho a criação do seu primeiro site e diz que hoje está realizada na área de turismo
Escritora do livro “Mães Elásticas” e CEO da Trip Experiences, Mariana Papa nos conta sua trajetória, assim como os desafios que enfrentou até abrir sua primeira empresa — “um site inovador” — e as dificuldades e realizações que observa ao refletir acerca de sua carreira atualmente. “Não existia nada parecido com o site Mães Elásticas. Era um facilitador para as mães organizarem a festa infantil de seus filhos de forma rápida e com profissionais de confiança. A proposta era fantástica”, recorda Mariana. Após fechar o site devido à crise econômica provocada pela Covid-19 e sofrer como se tivesse perdido um filho, ela caiu no turismo “por acaso”, formando grupos de amigos para viajar. “Me apaixonei, trabalhei sete anos numa agência e faz seis que abri a minha, sozinha, sem sócios, em meio à pandemia. Reinventei-me mais uma vez na vida, trabalhei como uma louca e hoje estou realizada.”
1. Como começou a sua carreira? Fiz um pouco de tudo na minha vida: bolsas com fotos de crianças para as mães, festas infantis, site (dois na verdade, trabalhei em banco, empresas estrangeiras, vendi roupas, fui para todos os lados. Todos! Minha primeira experiência de trabalho foi em Paris, quando eu tinha 19 anos. Cursava faculdade de comércio exterior e quis fazer um trabalho de baby-sitter para ganhar meu próprio dinheiro. Cuidava de duas crianças, uma de três anos e um bebê de oito meses. Ganhava pouquíssimo, mas dava um valor gigante para o meu salário. Era meu primeiro salário na vida. Passei quatro anos morando em Paris e tive a melhor experiência da minha vida, cheia de cultura, viagens, pessoas novas e aprendizados.
Quando terminei a faculdade, fui morar um ano em Genebra, na Suíça. Primeiramente, trabalhei na sociedade financeira de private banking que minha família tinha lá. Depois, fiz um curso no Banco Indosuez e um estágio remunerado numa outra empresa de private banking chamada Heritage. Essas experiências foram fantásticas para eu me tornar independente e descolada na vida. Voltei para o Brasil e trabalhei no Banco Lavra da minha família até casar e ter filhos. Só voltei a trabalhar quando me separei do meu ex-marido e precisava ganhar meu dinheiro.
Em 2008, quando meus quatro filhos eram bem pequenos — a mais velha tinha seis anos, os gêmeos tinham quatro e o último apenas alguns meses —, comecei a trabalhar em uma empresa espanhola que estava começando no Brasil. Nunca vou esquecer da minha entrevista. O homem, um espanhol com cara de bravo, me pediu meu CV e eu respondi: “Meu CV? Jura? Mas eu não tenho nenhum CV! Eu troco fraldas há dez anos, não tenho curriculum para te oferecer, porém, tenho garra, coragem, persistência, talento e força de vontade. E, se você me der a chance de mostrar como sou boa, terá a melhor vendedora do mundo trabalhando na sua empresa. Me dê um mês, se eu não conseguir trazer o número de contratos que você exige, estou fora”. Depois de um mês eu estava dentro. Trabalhando como louca enquanto meus filhos maiores estavam na escola e o pequeno dormia.
Eu era remunerada por cumprir metas. Pensava assim: “Não tenho tempo a perder! Preciso fechar os contratos logo na primeira reunião. Não posso perder tempo e ter que voltar de novo ao cliente para tentar convencê-lo a fechar comigo. Tenho que ser muito boa e extremamente convincente. E lá ia eu com a minha segurança, meu poder de persuadir e convencer. Vendia meu produto com confiança, eu transmitia essa confiança. E deixa eu dizer: fechava de primeira todos os contratos, fui a pessoa número um da empresa. Fechei tantos contratos que em seis meses eu era a melhor vendedora da empresa e fui para a Espanha e Portugal conhecer a equipe internacional. Como uma “mãe elástica”, minha rotina era dedicação aos filhos, e ainda tinha um caçula baby. Enquanto ele dormia, eu fechava os contratos e batia a meta esperada. Depois corria para a escola pegar os outros três, levava correndo para as atividades deles e ainda, enquanto eles faziam seus esportes, eu corria para o computador e tratava de marcar as reuniões da semana seguinte e ver o quanto havia conseguido fazer entrar de dinheiro naquela semana. Organizava com maestria meu tempo entre filhos e trabalho. Moral da história: conseguia bater as metas do trabalho e me realizava como profissional. Sempre fiz questão de dar atenção e carinho aos meus quatro filhos e fazer do meu lar um lugar feliz e equilibrado. Sendo assim, eu conseguia me sentir feliz e plena como mulher. Saí dessa empresa para montar meu próprio business, achando naquele momento que seria fácil ser empreendedora.
Em 2010, abri minha primeira empresa chamada Mães Elásticas. Era um site inovador e não existia nada parecido com ele. Era um facilitador para as mães organizarem a festa infantil de seus filhos de forma rápida e com profissionais de confiança. A proposta era fantástica, e tive bons resultados com o meu site. O problema foi o desentendimento que tive com as minhas sócias, que acabou resultando em briga e dissolução do site. Fui persistente e mantive o site no ar, apenas mudando de Mães Elásticas para #Ficadica. Fiz uma festa linda de abertura e os profissionais que trabalhavam comigo eram imbatíveis, os melhores do mercado. Mantive o #Ficadica no ar até o ano de 2013, e foi um tremendo sucesso, porém peguei a crise do Brasil pela frente e não tive como manter o site de pé financeiramente. Foi um sentimento horrível para mim, foi como se eu tivesse perdido um filho. Afinal, meu site, criado e dirigido por mim tantos anos, era de fato um filho.
Depois de toda essa trajetória de trabalho como empreendedora e também como funcionária, adquiri uma bagagem bem grande de experiências e hoje, já calejada dos erros e acertos, sei o que quero e o que não quero para minha vida profissional. Passei um tempo longe do mercado de trabalho após fechar meus dois sites. Acabei caindo no turismo por acaso, formando grupos de amigos para viajar. Apaixonei-me, trabalhei sete anos numa agência e faz seis que abri a minha, sozinha, sem sócios, em meio à pandemia. Decidi quando o mundo estava parado e eu trabalhando numa agência e no Iguatemi, fazendo lives de resiliência e otimismo. Pensei: “Por que não aproveitar esse momento em que tudo está parado para agir e planejar minha carreira solo? E foi o que eu fiz! Abri a Trip Experiences sozinha, me reinventei mais uma vez na vida, trabalhei como uma louca e hoje estou realizada, colhendo os frutos do meu trabalho e muito feliz com o sucesso da minha agência.
2. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Foi na pandemia, quando o mundo parou e precisei me reinventar e arrumar outro trabalho para manter a minha vida e família.
3. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Eu criei no meu livro “Mães Elásticas” o “Plano de Vida”, um “step-by-step” (passo a passo) para criar a vida que quero e mereço ter. O que faz desse meu livro especial, no meu modo de ver, claro, é a paixão e o entusiasmo com que estou escrevendo, dividindo e compartilhando com você, mulher como eu, as fórmulas que deram certo para mim. Um plano de vida funciona! Este é mais do que um livro, é um manual, um mapa que poderá te ajudar a ver onde está neste momento e para qual direção quer ir na sua vida. Ou seja: qual é o seu propósito de vida? Quais são suas prioridades? Como divide seu tempo para atender as demandas de todas as áreas da vida? Como quer que seja o seu casamento? Que tipo de carreira você imagina ter? Meus amigos vivem me falando: “Mari, como você dá conta de tantas coisas? Tantos filhos, compromissos… E faz tudo para todos, arranja tempo para todo mundo?”. Ué, planejando com antecedência, me organizando, fazendo uma agenda extremamente funcional, com datas de eventos, pagamentos, médicos, divisão de filhos na rotina, nos feriados, nas férias.
Organizar com todos à minha volta me permite viver com todos os meus filhos felizes e realizados com duas vidas. Me permite viajar sozinha com meu marido, me permite atender a todos à minha volta e, acredite, é um bocado de gente! Tenho dois pais diferentes entre quatro filhos. Meu marido tem uma filha e, portanto, somos uma agenda grande. Cada ex tem uma atual, companheira e filhos. Não é fácil planejar e organizar uma agenda que atenda as prioridades e desejos de cada um nessa grande família. Por isso que decidi, faz tempo, assumir a agenda da turma toda, facilitar a vida dos envolvidos e planejar, sempre, e com bastante antecedência, os eventos da família e a nossa rotina. Você já percebeu como as pessoas em geral têm facilidade para planejar tudo: uma viagem, um curso, uma festa, mas não fazem o mais importante: planejar a vida?
Por isso, compartilho com vocês esse manual de como criar e executar seu plano de vida, seu propósito de existir, como quer viver e onde deseja chegar. Aliás, vou além: como você quer ser lembrado quando morrer? Parece mórbido, não é?! Mas acredite: não é! Eu quero ser lembrada como uma pessoa alegre, divertida, despojada, aventureira, corajosa, líder, infantil e já até sei a música que quero que toque quando eu for cremada: “Eu gosto de você e gosto de ficar com você…” Sim, é a “Velha Infância”, dos Tribalistas. Quero todo mundo feliz e lembrando de mim com alegria, não tristeza!
O primeiro passo para ir a algum lugar é decidir que você não ficará parada onde está. O segundo passo é escolher o destino. Isso que chamo de Plano de Vida. Onde estamos e para onde queremos ir. Pense assim e comece a planejar! Imaginem que algum gênio criou um aplicativo igual ao Waze, mas, em vez de ser um localizador de lugar, ele nos ajuda a sair de onde estamos e nos mostra o caminho que devemos percorrer para chegarmos no propósito de vida que queremos. Todos deixaremos esse aplicativo, não é mesmo? Como ele ainda não existe, nós mesmos devemos criar nosso plano de vida. Apliquei na minha vida e deu certo. Continua dando, estou muito realizada e indo em direção ao lugar que planejei estar, no tempo certo e na devida prioridade. Mas não adianta apenas criar esse plano de vida, essa parte é a mais fácil. A mais difícil é concentrar forças, tempo e dedicação para fazer acontecer nosso propósito de vida.
4. Qual seu maior sonho? Meu maior sonho é viver a vida que eu quero, com saúde e dinheiro o suficiente para viajar mundo afora com os meus filhos e com o meu marido! Eu poderia estar no conforto de estar parada, mulher estática. Mas a minha natureza inquieta me fez reagir, e apareceu uma vontade enorme dentro de mim de escrever e compartilhar com vocês, mulheres como eu, “mães elásticas”, as minhas vivências, histórias e dicas. Poder contar e dividir com vocês meus erros e acertos através dos exemplos de superação e os acontecimentos só meus, mas que todas as mulheres vivem de alguma forma atualmente. Somos todas uma só, mulheres fortes, mulheres elásticas. Temos que ser elásticas para sobreviver no mundo de hoje. Um mundo dinâmico, extremamente competitivo e rápido.
5. Qual sua maior conquista? É estar hoje estabilizada emocionalmente, financeiramente e ter meus quatro filhos educados, felizes e companheiros. Ter aberto a minha agência de turismo sozinha e, em seis meses, estar sendo considerada a melhor de São Paulo me deixa muito realizada do caminho que escolhi. Hoje alcancei um portfólio de 480 clientes. Ter meus quatro filhos simplesmente maravilhosos e perto de mim. Eles são minha vida, meus maiores companheiros e melhores amigos.
6. Livro e filme. Livro, eu gosto do meu: “Mães Elásticas”; filme: “Pretty Woman” (“Uma Linda Mulher”). Gosto também da histórias de Cinderela.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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