Surfista e vegana, Clélia Angelon leva empresa ‘holística’ de cosméticos a todos os continentes

Aos 73 anos, empresária comemora o crescimento da Surya Brasil durante a pandemia, revela amor pela família e sonha como crescimento espiritual: ‘Quero servir a humanidade e todos os seres vivos’

  • Por Fabi Saad
  • 26/05/2021 10h00
Divulgação De olhos verdes, cabelos ruivos e uma bata branca, Clélia Angelon sorri para foto Clélia Angelon diz que os produtos da Surya usam o tripé natureza, ayurveda (uma milenar filosofia médica indiana) e tecnologia

A Mulher Positiva desta edição é Clélia Angelon, empresária de sucesso, mãe, avó, vegana e uma profissional que preza pelo coletivo. Clélia, de 73 anos, compartilha a sua história de vida, contando sobre o sonho do empreendedorismo, as dificuldades com as quais teve de lidar durante a carreira, a recém-descoberta paixão pelo surfe e o caminho até o sucesso com a Surya Brasil, referência no segmento de cosméticos 100% veganos e presente em todos os continentes. “Uma empresa holística, respeitando tudo e todos e acreditando que estamos interligados. Visando colaboração, criatividade e respeito, o oposto da competitividade e destruição”, descreveu. Além disso, ela dá dicas de como conciliar o trabalho e família. “A todo momento, seja reunião ou viagem a trabalho, meus filhos, mãe e avós estavam próximos, inclusive na Índia. Eu sempre adaptei a minha vida, empresarial e familiar. Não conseguiria sem a minha mãe e minha avó.”

1. Como começou a sua carreira? Aos 8 anos eu já sonhava ser empresária. Com 23, consegui realizar meu sonho, quando fui para a Inglaterra e tive a minha primeira experiência empresarial em uma loja de 5 m² em Oxford Street. A experiência em Londres foi fantástica, porque adquiri conhecimentos do comércio internacional, aprendi o quanto era importante a criatividade e ter produtos únicos e inovadores para sobreviver e crescer em mercados competitivos. Muito me ajudou quando criei a marca Surya, fundada em 1995. Em 1997 já estávamos presentes nos Estados Unidos e Reino Unido, alguns anos depois entramos no Japão, em países europeus e na América do Sul. Hoje estamos presentes em todos os continentes. Em 1980, eu havia começado a distribuir uma Henna americana, a Egyptian Henna, até 1990. Em 1995, criei a marca Surya Brasil, onde consegui implantar e colocar em prática tudo o que sempre sonhei e acreditava como um empreendimento. Uma empresa holística, respeitando tudo e todos e acreditando que estamos interligados. Visando colaboração, criatividade e respeito, o oposto da competitividade e destruição. Respeito aos consumidores, parceiros, colaboradores, animais e qualquer ser vivo do planeta. Acredito que consciência e amor é a porta da saúde, progresso e felicidade.

2. Como é formatado o modelo de negócios do Surya Brasil? Tem o coração de uma família e a mente da corporação. Desenvolver produtos éticos, conscientes com qualidade e performance usando o tripé natureza, ayurveda (uma milenar filosofia médica indiana) e tecnologia.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? A pandemia foi um desses momentos? Encaro a dificuldade como desafio e degrau para crescimento. Fui adepta ao vegetarianismo por 42 anos. A Surya e eu somos veganas desde 2006. Acreditar no futuro de produtos veganos, naturais, orgânicos e sustentáveis foi um grande desafio. Fomos surpreendidos na pandemia com a grande procura por produtos Surya Brasil por distribuidores nacionais e internacionais. Entramos em novos mercados de diversos países, como Congo, Quênia, Índia, Colômbia, Costa Rica e África do Sul. Tivemos também um crescimento nos países onde já estamos presentes.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Vivi uma batalha entre o coração e a mente. Por sorte, o coração venceu a maioria das vezes e a mente executou as ordens do coração. Apesar da mente me fazer culpada e me chamar de egoísta, o meu coração me ensinou a me amar muito e cuidar do meu corpo, a entender que o meu corpo era o meu templo. Alimentação, exercícios e uma mente sadia é o segredo da longevidade. Aprendi mais tarde que tudo vem do centro para o exterior, como uma teia de aranha. A partir do momento em que você tem amor por si próprio, começa a amar tudo e todos. A família é vital, sem ela fica um vazio na sua vida. A todo momento, seja reunião ou viagem a trabalho, meus filhos, mãe e avós estavam sempre próximos, inclusive na Índia. Eu sempre adaptei a minha vida, empresarial e familiar. Complemento que não conseguiria sem a minha mãe e avó, pois elas me ajudavam muito, tanto em casa quanto na empresa. Não esquecendo também da grande ajuda que tive dos meus filhos e colaboradores. Meus hobbies sempre foram aqueles em que a minha família poderia estar presente, como esquiar, patinar e fazer windsurf. Gosto muito de dançar. Além, é claro, da minha paixão recente, o surfe. Não acreditava que, pela minha idade, conseguiria, mas encarei. O surfe é muito contagiante, uma fonte de hormônios da felicidade. Você ativa o seu cérebro para ter equilíbrio, explosão, força na perna e resistência. Também tem o fato de estar em contato com a natureza e receber todos os benefícios saudáveis que o mar oferece.

5. Qual seu maior sonho? Na Índia, por exemplo, eles entendem que, para cada idade, você tem uma missão. Depois dos 70 anos, o foco é a espiritualidade. Atualmente, com 73, meu sonho é crescer espiritualmente, autoconhecimento e servir a humanidade e todos os seres vivos.

6. Qual sua maior conquista? A maior conquista foi estar na Índia, África, há 24 anos nos Estados Unidos e ter crescido no Brasil em meio à pandemia. Nesta pandemia, os colaboradores e eu nos unimos ainda mais, a bandeira deles era: “Um por todos e todos por um, todos em prol do mesmo objetivo”.

7. Livro, filme e mulher que admira. Os autores que me impressionaram foram Osho e Jiddu Krishnamurti. Já o filme eu indico “O Mahabharata”. Mulheres que me inspiram eu diria a minha mãe e minhas duas avós. A minha mãe e avós foram guerreiras e me ajudaram muito. A minha mãe, Wanda Angelon, hoje tem 95 anos. Minha avós são Ambrosina Angelon e Anna Rochi Garbossa, que faleceu com 98 anos e viveu comigo seus últimos 20 anos. Além delas, eu diria Vandana Shiva, que era filósofa, física, ecofeminista e ativista ambiental indiana. Uma Sharma, ícone do kathak, uma dança indiana. Ela enriqueceu essa dança milenar por meio da sua incrível interpretação corporal e facial de poetas contemporâneos e da antiguidade.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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