‘Toda mulher tem o poder de fazer acontecer’, diz fundadora do Instituto Fênix
Entrevistada do Mulheres Positivas dessa semana, Fernanda Mendonça como criou organização sem fins lucrativos que fortalece o empreendedorismo feminina e se tornou referência no Rio de Janeiro
Nossa Mulher Positiva é Fernanda Mendonça, fundadora e presidente do Instituto Fênix, que nos conta como iniciou essa organização civil sem fins lucrativos para fortalecer as mulheres e o empreendedorismo feminino. “Tudo começou em 2019. Tive muitos desafios, grandes decepções, mas a força do projeto foi maior do que isso tudo”, diz. Hoje o Instituto Fênix é uma referência na cidade do Rio de Janeiro: sua sede está localizada na zona oeste, mas atinge todo território nacional, através da sua metodologia e conceito. “Acreditamos que toda mulher é uma fênix, tem a habilidade de renascer, de fazer acontecer”, acrescenta.
1. Como começou a sua carreira? Fui professora, lecionei durante quatro anos na rede pública em um município do interior do Estado do Rio. Lecionei, inclusive, para turma de crianças com deficiência. Me formei como assistente social, atuei mais de 20 anos. Minha vida profissional foi pautada na transformação de vidas, no autoconhecimento, na autonomia individual. Atuei com dependência química, na saúde pública, com tuberculose, nas políticas de assistência, com pessoas portadoras de deficiência, conselho tutelar, abrigo de crianças e de idosos, conselhos municipais deliberativos. Na verdade, durante 20 anos, uma assistente social tem uma ampla visão das questões sociais e tudo que as impactam. Agradeço a Deus por ter atuado in loco, de frente, para mais tarde desenvolver como gestora pública, políticas para investir nas causas sociais, quando conhecemos de perto e de verdade, parece que a atuação do gestor público fica mais assertiva, pois sabemos a real necessidade.
Há 8 anos, me despedi da minha carreira de assistente social e de gestora pública, e investi em uma empresa de desenvolvimento pessoal. Iniciei meu trabalho com mulheres: a maioria dos projetos eram cursos e treinamentos on-line, mas também atendia empresas com treinamentos de equipe. Ainda hoje tenho essa empresa, chamada Método Fênix. Em 2019 comecei um grupo de empreendedorismo feminino: contava somente com os seguidores das minhas redes sociais. Mas em 2020, com a pandemia, esse grupo cresceu absurdamente e se tornou um fenômeno. Possuíamos mais de 1000 mulheres. O objetivo e todo o conceito então mudaram: antes o que era um grupo para o qual eu distribuía os meus conteúdos, se tornou uma comunidade de mulheres empreendedoras, algo muito maior, com propósito. A comunidade se tornou cada vez mais forte e com credibilidade em nosso bairro. Ali se faziam parcerias, ajuda emocional, divulgação, vendas, etc. Então, pensei em contribuir mais ainda para tantas outras mulheres: decidi fundar o Instituto Fênix. Aí, mais uma vez, vem a Fernanda assistente social, que fundou uma organização civil sem fins lucrativos, que iria fortalecer a mulher como um todo. Somos a casa da mulher e da empreendedora.
2. Como é formatado o modelo de negócios do Instituto Fênix? O Instituto Fênix é uma organização sem fins lucrativos, é um propósito de vida. Temos sede em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Fortalecemos a mulher como um todo, através de ações e projetos específicos. Já convido a todos a conhecerem melhor o nosso trabalho através das nossas redes sociais (@instituto_fenix_rj).
Acredito que uma mulher adoecida não gera resultados. Por esse motivo, temos programas voltados para o atendimento social da mulher, atendimento psicológico, balcão de empregos, orientação jurídica, orientação contábil, atividades físicas, cursos da Casa da Empreendedora, em parceria com o SEBRAE, atenção a mulheres idosas, atendimento às necessidades básicas de mulheres em vulnerabilidade social dentre outros programas.
Temos também parceria com a Secretaria da Mulher do município do Rio de Janeiro. Alguns programas da secretaria acontecem em nosso instituto. Toda e qualquer mulher que necessite de apoio do instituto é bem vinda, basta se cadastrar e passar pelo serviço social para este avaliar o melhor programa para inseri-la naquele momento. Por não termos um financeiro crescente, aceitamos voluntários para desenvolver os trabalhos no equipamento. Todas nós temos a oportunidade de fazer a diferença na vida de alguém, é isso que eu acredito. Se nós viemos ao mundo para nada, só para passear… Então para mim não faz sentido. Somos mulheres que não viemos ao mundo a passeio, e isso se refere em contribuir positivamente, da forma que puder, na vida de outra pessoa. Estamos aqui para fazer a diferença. E o Instituto Fênix é isso.
3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? O momento mais difícil da minha vida certamente foi quando cheguei ao fundo do poço, devido ao transtorno de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e fobia que eu passei, tudo ao mesmo tempo. Fundo do poço real. Pensei que jamais sairia disso, que nunca mais voltaria a ser a mulher que eu era. Mas na verdade, quem passa por isso, nunca mais é a mesma, voltei diferente, me conhecendo melhor, colocando limites, vivendo como uma fênix. Outro momento difícil foi quando eu anunciei a criação do instituto: muitas mulheres infelizmente viram como algo que não iria agregar e impactar a vida de outras mulheres, não aceitando a criação do Instituto. Mas acredito que o propósito é maior, e Deus conhece quem é de verdade e nos deu forças para não desistirmos. Já estamos há quase quatro anos impactando e transformando vidas de mulheres e famílias. É claro que como qualquer outro projeto, sempre estamos passando por desafios, mas um trabalho realizado com comprometimento gera credibilidade e apoio social.
4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Prezo muito pela minha saúde, em primeiro lugar, preciso iniciar meu dia com minhas atividades físicas, isso gera a energia necessária para minhas próximas horas. Em relação ao equilíbrio: tudo é planejamento, planejamento real. É claro que as vezes uma área da nossa vida vai precisar de mais atenção do que a outra, mas precisamos manter nossa mente sã e, se tivermos alguma rede de apoio, usá-la. Isso é importante. Mas bem sei que essa não é a realidade da maioria das mulheres que empreendem. Muitas se sentem e realmente estão só. Para essas eu digo que uma boa estratégia de negócio e um bom planejamento semanal podem impactar no nosso bem estar e na saúde da nossa empresa.
5. Qual seu maior sonho? Meu maior sonho é ser feliz ao lado da minha família, que é a minha prioridade. Nada justifica o fracasso de uma família.
6. Qual sua maior conquista? Minha maior conquista pessoal é minha família, sou muito apoiada por eles: meu esposo Thiago e meus dois filhos, Duda e Biel. Minha maior conquista profissional é o Instituto Fênix, por mais que exerçamos um trabalho voluntário, me sinto “mãe” daquele lugar, onde existe mudança e transformação de vidas.
7. Livro, filme e mulher que admira… Livro: “A coragem de ser imperfeito (Brené Brown)”, ainda me identifiquei com a Brené por saber que ela também é uma assistente social. Filme: A procura da felicidade. Mulher que me inspira: Oprah Winfrey, uma mulher, empresária, que tem uma história de superação e resiliência linda. Ela é uma grande doadora para obras sociais.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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