Cautela ainda é o nome do jogo nos mercados financeiros, sobretudo no brasileiro

Segunda onda da Covid-19 na Europa, eleições nos EUA e quadro fiscal do Brasil podem levar ao aumento do risco-país Brasil

  • Por Fernanda Consorte
  • 13/10/2020 10h54
Pixabay Hoje, o risco-país Brasil está em cerca de 365 pontos contra cerca de 220 pontos antes da crise do coronavírus

Eu sei… está chato ler coisas de conjuntura, eu também estou com essa sensação, passam dias, passam semanas, os casos de coronavírus ainda estão aí e nada muda. Não sei se é culpa dos planetas que seguem retrógrados, mas o fato é que não há grandes novidades no radar e a cautela ainda é o nome do jogo nos mercados financeiros, sobretudo no brasileiro. O que temos? Bom, no exterior, há dois fatores predominando os preços: o primeiro deles é a segunda onda de contaminação aparentemente já em curso na Europa. Vários países europeus já voltaram a endurecer suas medidas de circulação social. Sim, há avanços em vacinas mas, ao mesmo tempo, há um temor, receio sobre sua segurança e viabilidade no curto prazo. 

O segundo ponto são as eleições presidenciais norte-americanas. Além do tema em si já ser sensível, pois envolve o futuro da maior economia do mundo, desta vez o resultado não é claro em termos de impactos para o BrasilVejam, uma reeleição do Trump, à primeira vista, bate um desânimo, sobretudo pelo perfil mais protecionista dele, gerando contínuo desgaste com a China e, portanto, mais instabilidade para os países emergentes de forma geral. Por outro lado, vale lembrar que o presidente Bolsonaro já tem uma proximidade com Trump e isso teria de ser reconstruído com um eventual governo democrata. Além disso, com Biden (candidato democrata) no comando, a questão ambiental ganharia destaque e poderia dificultar as relações. 

O resultado disso é a aversão ao risco a países menos favorecidos como os emergentes. Para ajudar, o cenário doméstico está longe de bom. Enquanto a cena política esquenta entre troca de farpas e afagos entre o ministro da economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o debate fiscal segue atual. Esse vai-não-vai da extensão do auxílio emergencial ou de novos programas assistencialistas sem a contraparte efetiva em corte de gastos tem gerado ainda mais motivo para aumento do risco-país Brasil, além de gerar mais volatilidade que o habitual. Além disso, está no radar o impasse sobre a instalação da Comissão Mista do Orçamento na Câmara. Hoje, o risco-país já está em cerca de 365 pontos, versus cerca de 220 pontos antes da crise do coronavírus. A crise mundial certamente ajudou a piorar a percepção de Brasil e outros emergentes, mas as preocupações com o quadro fiscal agravam, e muito, essa visão. E o fato é que enquanto não houver definição a respeito do controle dos gastos, os mercados continuarão posicionados contra Brasil. Cautela mode (going) on. 

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