Cautela ainda é o nome do jogo nos mercados financeiros, sobretudo no brasileiro
Segunda onda da Covid-19 na Europa, eleições nos EUA e quadro fiscal do Brasil podem levar ao aumento do risco-país Brasil
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Eu sei… está chato ler coisas de conjuntura, eu também estou com essa sensação, passam dias, passam semanas, os casos de coronavírus ainda estão aí e nada muda. Não sei se é culpa dos planetas que seguem retrógrados, mas o fato é que não há grandes novidades no radar e a cautela ainda é o nome do jogo nos mercados financeiros, sobretudo no brasileiro. O que temos? Bom, no exterior, há dois fatores predominando os preços: o primeiro deles é a segunda onda de contaminação aparentemente já em curso na Europa. Vários países europeus já voltaram a endurecer suas medidas de circulação social. Sim, há avanços em vacinas mas, ao mesmo tempo, há um temor, receio sobre sua segurança e viabilidade no curto prazo.
O segundo ponto são as eleições presidenciais norte-americanas. Além do tema em si já ser sensível, pois envolve o futuro da maior economia do mundo, desta vez o resultado não é claro em termos de impactos para o Brasil. Vejam, uma reeleição do Trump, à primeira vista, bate um desânimo, sobretudo pelo perfil mais protecionista dele, gerando contínuo desgaste com a China e, portanto, mais instabilidade para os países emergentes de forma geral. Por outro lado, vale lembrar que o presidente Bolsonaro já tem uma proximidade com Trump e isso teria de ser reconstruído com um eventual governo democrata. Além disso, com Biden (candidato democrata) no comando, a questão ambiental ganharia destaque e poderia dificultar as relações.
O resultado disso é a aversão ao risco a países menos favorecidos como os emergentes. Para ajudar, o cenário doméstico está longe de bom. Enquanto a cena política esquenta entre troca de farpas e afagos entre o ministro da economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o debate fiscal segue atual. Esse vai-não-vai da extensão do auxílio emergencial ou de novos programas assistencialistas sem a contraparte efetiva em corte de gastos tem gerado ainda mais motivo para aumento do risco-país Brasil, além de gerar mais volatilidade que o habitual. Além disso, está no radar o impasse sobre a instalação da Comissão Mista do Orçamento na Câmara. Hoje, o risco-país já está em cerca de 365 pontos, versus cerca de 220 pontos antes da crise do coronavírus. A crise mundial certamente ajudou a piorar a percepção de Brasil e outros emergentes, mas as preocupações com o quadro fiscal agravam, e muito, essa visão. E o fato é que enquanto não houver definição a respeito do controle dos gastos, os mercados continuarão posicionados contra Brasil. Cautela mode (going) on.
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