Com a vacina chegando, é preciso manter a fé e acreditar na queda da aversão ao risco

Sabemos que, em um ambiente de incertezas, há fuga de ativos para países mais seguros; com notícias positivas sobre a vacina contra a Covid-19 chegando ao Brasil, o inverso também é bastante verdadeiro

  • Por Fernanda Consorte
  • 24/11/2020 15h48
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EFE/EPA/BIONTECH SE / HANDOUT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES Vacina sendo aplicada Covid-19: Notícias sobre chegada de vacina são positivas para o País

Objetos, ideias, momentos, tudo tem moda, tendências. E pode ter fé, crença e esperança. Notícias não são diferentes. Hoje ao abrirmos qualquer portal de notícias, o que mais vemos é “a vacina xxx tem eficácia de yy%”. Isso soa como música aos meus ouvidos. Estou realmente positivamente impactada por essa moda, e estou otimista que estamos muito próximos do fim dessa pandemia. E, além da alegria de salvar vidas e podermos voltar a nossa vida comezinha, sem pensar se pudemos cumprimentar os nossos ou não, acho que essa tendência de notícias vem junto com um apetite a risco dos investidores nos mercados financeiros. Isso também soa, para os ouvidos brasileiros, como música. Em momentos de forte incerteza, como já dito anteriormente, há uma fuga de ativos para países mais seguros, gerando por exemplo forte desvalorização nas moedas dos países emergentes. O inverso também é bastante verdadeiro.

O que quero dizer é que quando tivermos a aprovação das vacinas, assim como datas de vacinação em alguns países que foram epicentro da doença (como EUA e alguns países Europeus), muito provavelmente, a aversão ao risco vai despencar, e considerando que há sim liquidez (ou seja, há sim dinheiro sobrando para ser alocado), há um espaço enorme para melhora nos preços dos ativos brasileiros, sobretudo a taxa de câmbio. Me refiro a moeda, porque a bolsa já está lá na frente, e está alcançando níveis pré-crise, e as taxas de juros locais vão ter que se ajustar a inflação que está batendo na porta, então, o ativo com maior espaço de ajuste, na minha humilde visão, é a taxa de câmbio. E tenho intuição (fé?) que esse movimento parece estar próximo, dado o calor das notícias.

Por outro lado, passado a pandemia, ao menos o início da vacinação em países desenvolvidos, outros pontos virarão holofotes aqui no Brasil. E são justamente esses pontos que fizeram nossa moeda, o real, se desvalorizar muito mais que a média dos países emergentes. Após uma onda de apetite a risco generalizado que deve levar nossa moeda a patamares mais palatáveis, começaremos a enfrentar mais intensamente os desafios locais, que serão, em parte, frutos da crise, mas, em parte, frutos das escolhas e cultura de nossos governantes. Hoje a discussão em pauta ainda é a extensão ou não do auxílio emergencial, ou de medidas assistencialistas a população. Nada contra ações que ajudem os realmente necessitados. Porém, a contrapartida dessas eventuais ações ainda são uma incógnita, assim como o próprio orçamento das contas fiscais para 2021. A depender do desenrolar do da questão acima, nossa moeda pode voltar a precificar risco alto e não desemprenhar tão positivamente como estou imaginando. Mas são riscos a serem levados em conta. E prefiro não colocar na conta agora. Nesse momento, prefiro andar com fé, porque ela não costuma falhar, e certo ou errado até, a fé vai onde quer que eu vá. E as notícias estão positivas, a vacina está chegando de a pé ou de avião, e tudo isso está acabando. Tenho fé.

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