Novos avanços melhoram precisão e segurança na radioterapia nos tratamentos de câncer

A precisão dos equipamentos desse tipo de tratamento, graças à tecnologia empregada, já permite reduzir o número de sessões, bem como o tempo de exposição; método gera receio devido aos efeitos colaterais

  • Por Jaqueline Falcão
  • 27/09/2022 12h52
Divulgação/Elekta A médica turca Hande Ayata esteve no Brasil para falar dos avanços da radioterapia A médica turca Hande Ayata esteve no Brasil para falar dos avanços da radioterapia

Muito se fala em avanços para tratamento de câncer, mas somente do ponto de vista medicamentoso, ou seja, dos remédios quimioterápicos. Mas um outro pilar tão importante quanto a quimioterapia é a radioterapia. Em alguns casos, ela é o único tratamento utilizado para alguns tumores e tem, sim, intenção curativa. Para quem conhece – ou passou por sessões – existe um pouco de receio da radioterapia, pelos efeitos colaterais relacionados com a área do corpo irradiada, como reações na pele, fadiga e náuseas. A boa notícia é que uma série de avanços vem ocorrendo em radioterapia. Uma delas eu pude acompanhar recentemente, durante a 24ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT 2022). 

Estima-se que 60% dos pacientes com câncer vão receber radioterapia em algum momento do tratamento, segundo a Sociedade Brasileira de Radioterapia. “Em 85% das vezes, a intenção é curativa. O tratamento precisa estar disponível para a população e oferecer o que tem de melhor. Mas só 1/3 das máquinas do país dispõe de uma tecnologia de imagem antes de aplicar, onde é possível conferir se o local onde será aplicada a terapia está correto”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Marcus Simões Castilho. A precisão dos equipamentos, graças à tecnologia empregada, já permite reduzir o número de sessões, bem como o tempo de exposição. Os novos equipamentos que estão sendo lançados já foram desenvolvidos com essa parte de imagem integrada, diz o médio. “Isso é o que de melhor pode ser feito. A radioterapia deve ser bem feita para conseguir entregar o melhor, que é curar o paciente”, afirma Castilho.

Palestrante internacional, a médica especialista em radioterapia Hande Ayata esteve no congresso para contar sua experiência na Turquia com um novo equipamento que também acaba de ser lançado no Brasil. O tratamento guiado por imagem com radiação modulada que protege os tecidos normais. E aumenta a margem de segurança do paciente oncológico. Ela mostrou que é possível tratar a maior parte dos pacientes. “Elekta Harmony é um equipamento inovador porque traz conceito de extremo cuidado com o paciente e maior produtividade na radioterapia. Isso significa que o paciente entra num ambiente mais “amigável” e seguro. Ao entrar na sala, ele verá sua foto em uma área do equipamento, com todos os parâmetros do tratamento que ele fará”, diz Deborah Telesio, vice-presidente da Elekta para a América do Sul.

A forma integrada do cuidado, desde o processo de ser colocado na maca até o momento da radioterapia, resulta em um tempo menor de sessão, detalha Deborah. “Já existem serviços – fora do país – onde o paciente entra e sai em 8 minutos. Existe uma redução em 50% do tempo que o paciente ficaria dentro da sala”, descreve a executiva. As máquinas mais modernas podem oferecer um tratamento mais rápido. Ao ter uma tecnologia mais precisa, é possível irradiar mais doses, porém, menos vezes. “O paciente que precisaria vir 25 dias seguidos para fazer sua radioterapia, ele eventualmente vem 5 dias, recebe mais doses. Mas, para isso, tanto o planejamento quanto a máquina precisam ser mais robustos, para garantir que, ao dar mais doses, eu continuo preservando os tecidos sadios. Hoje, ao ver e planejar melhor, conseguimos mais precisão. Isso torna o tratamento mais confortável e os pacientes ficam menos expostos”, finaliza Deborah. 

Curtas

Um quarto da população nunca foi ao cardiologista, revela SOCESP

Em alusão à campanha 2022 pelo Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) fez um levantamento. Segundo a entidade, 32,3% dos brasileiros são hipertensos e, após os 60 anos, este percentual sobe para 65%; 40% da população adulta têm colesterol elevado. Mas chama a atenção o fato de um percentual significativo nunca ter ido ao médico cardiologista. E a pesquisa aponta que 23,2% nunca foram ao cardiologista e 46,8% haviam feito a visita há mais de um ano. “O problema é que, na maioria das vezes, os sintomas só aparecem no estágio avançado, quando órgãos-alvo como o coração, cérebro e rins já foram comprometidos. AVC, insuficiência cardíaca, infarto, acometimento dos rins estão entre os danos dos fatores de risco”, alerta Ricardo Pavanello, diretor da SOCESP.

Setembro Amarelo: “Bem me Quer, Bem me Quero”  alerta para o autocuidado 

Na mais recente pesquisa Datafolha “Saúde Mental dos Brasileiros 2022”, encomendada pela Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e pela farmacêutica Viatris, feita em 130 municípios brasileiros, revela que 53% das pessoas passaram ou convivem com alguém que enfrentou um período de cansaço e desequilíbrio emocional extremos, seguidos de uma sensação de desgaste físico e mental que perdurou por mais de um dia. Do total, a maioria dos impactados eram mulheres, no qual 57% afirmaram passar por algum tipo de contato com esgotamento mental. Outro fator de destaque é que na faixa etária dos jovens de 16 a 24 anos, 63% vivenciaram situações de estresse e cansaço por mais de um dia. A pesquisa faz parte da Campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: Cuidar da Saúde Mental é um Exercício Diário”, alusiva ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. A ação faz um alerta para a valorização do autocuidado todos os dias em prol da saúde mental.

ABRAIDI em prol das propostas para colaborar com a saúde 

A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – ABRAIDI é uma das entidades que assinam o documento “Proposta de Política Industrial para o Setor de Dispositivos Médicos”. O material, com quase 50 páginas e que foi entregue a candidatos e autoridades responsáveis pela formulação de políticas públicas em saúde, economia e desenvolvimento econômico, contém nove propostas. “Os postulantes aos cargos públicos têm que conhecer mais a complexa dinâmica do setor de saúde, as necessidades do segmento e precisam se comprometer com metas para fomentar a inovação, ampliar a oferta de produtos e serviços na área e gerar empregos e renda”, defende o presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha. O documento também será entregue para agências reguladoras, órgãos de controle, entidades representativas da saúde. Uma das propostas destaca priorizar a indústria de saúde como política de Estado, de acordo com o que diz a Constituição é fundamental.   

Obesidade e as consequências do diabetes tipo 1

Apesar de ser mais associada ao diabetes tipo 2, a obesidade também traz repercussões negativas na saúde das pessoas com diabetes tipo 1. “Estudos relacionam a razão circunferência abdominal e altura com resultado maior ou igual a 0,5 a uma chance até 28% maior de doenças oculares graves relacionadas ao diabetes, como a retinopatia”, afirma a endocrinologista Erika Parente, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, que apresentou uma conferência sobre o tema durante o 35° Congresso de Endocrinologia e Metabologia (CBEM 2022). “Além disso, cada aumento de 0,1 na razão circunferência abdominal e altura está relacionado a um risco de morte e hospitalização por Insuficiência Cardíaca 51% maior”, acrescenta. No paciente com diabetes tipo 1, de acordo com a especialista, a gordura visceral também está associada a um risco aumentado de albuminúria, condição caracterizada pela presença da proteína albumina na urina, o que indica problemas renais. 

Tratamento inédito para asma grave é aprovado

Um tratamento inédito aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) irá beneficiar portadores de asma grave, forma de difícil controle da doença. O tezepelumabe é o primeiro e único anticorpo monoclonal com indicação ampla contra a doença. A terapia é indicada para o tratamento adicional de manutenção de pacientes com asma grave, com idade a partir de 12 anos. A asma é uma doença respiratória crônica causada pela inflamação das vias aéreas, os canais responsáveis por levar o ar aos pulmões. Quando em crise, o paciente pode ter falta de ar, tosse, pressão no peito e irritação na garganta, entre outros sintomas. Estima-se que 20 milhões de brasileiros tenham a doença, sendo 5% a 10% asma grave. A asma não tem cura, mas pode ser controlada.

A vez dos alérgicos: nova linha de esmaltes chega ao mercado

Uma boa notícia para quem não pinta as unhas por conta de alergias. A Risqué lança uma nova linha inédita no mercado de esmaltes, livre de 16 substâncias que podem causar alergias, irritações e outros danos à saúde da unha. Essa é a primeira linha 100% vegana da marca, feita a partir de ingredientes naturais, como Couve Kale e óleo de Tea Tree e conta ainda com pigmentos naturais do carvão de bambu, flor de cártamo e micas naturais. 

Já ouviu falar em doação de dentes? 

O Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, foi criado para conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos. Porém, poucas pessoas sabem que o dente pode ser doado, como qualquer outro órgão do corpo humano. Seja o dente de leite que está caindo ou o permanente extraído. O indicado é encaminhar esse dente aos biobancos ou bancos de dentes, onde terá um destino apropriado, segundo o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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