Bolsonaro, Lula e membros do STF-TSE têm de ver ‘Entre Lobos’ para saber como o crime sabota o Brasil  

Nova produção da Brasil Paralelo vai chocar o público pelo realismo violento; documentário tem tudo para gerar debate qualificado sobre os impactos socioeconômicos da banalização da insegurança                     

  • Por Jorge Serrão
  • 15/06/2022 15h54
Reprodução/Brasil Paralelo Ônibus queimado em cena do documentário O documentário "Entre Lobos", da Brasil Paralelo, estreará no próximo dia 20

Infelizmente, os espectros maléficos do crime e da insegurança (com violência, medo, terror e mortes) rondam o Brasil. Felizmente, os benéficos espíritos do progresso econômico também começam a exorcizar os fantasmas criminosos. O entrechoque entre as poderosas forças do bem versus mal, no mundo real, começa a provocar mudanças (r)evolucionárias. A maioria das pessoas tem condições objetivas de constatar que a liberdade (com legalidade, legitimidade e responsabilidade) é incompatível com o movimento criminoso (ideológico ou não) que tenta promover o controle individual e social. Ou seja, o regime do crime institucionalizado não combina com o Estado de Direito. Cleptocracia (ditadura da corrupção) inviabiliza a democracia.

Quem quiser uma imagem concreta, nua e crua dessa realidade deve assistir ao documentário “Entre Lobos”. Estreia dia 20 de junho na plataforma Brasil Paralelo. Dirigido por Silvio Medeiros, com roteiro de Elton Mesquita e Renato Caruso, o primeiro episódio do longa-metragem vai muito além da mera abordagem sobre a criminalidade fora de controle no Brasil. Um dos méritos é escancarar o impacto social, político e econômico do crime no país, com base em fatos, principalmente num clipping de reportagens televisivas. Um dos trechos do filme é autoexplicativo e expõe uma das maiores falhas estruturais do Estado e da sociedade brasileira: “A segurança pública do Brasil está em frangalhos. O prejuízo é imenso, contabilizado em milhões de dólares e milhares de vidas perdidas para sempre”. Em síntese: a conta tem sido paga cruelmente, com sangue e manutenção do atraso social, cultural, político e econômico. Por isso, a obra deveria ser assistida e debatida por Jair Bolsonaro, Lula da Silva, todos os políticos e membros do Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral.

O episódio I de “Entre Lobos” mostra uma sociedade oprimida por uma ilegal e ilegítima “ditadura” do crime. Somos (nós) os “cordeiros”? Por que sobrevivemos cercados por predadores criminosos? Ou por que não conseguimos reagir? A sequência de acontecimentos documentais confirma que estamos diante (ou no meio) de uma espécie de nazicomunofascismo criminoso. A produção não é tão explícita nessa conceituação política-ideológica. Até porque não entra no fato histórico de que as principais corporações (ops, facções) criminosas brasileiras são oriundas de revolucionários que praticaram o “Manual do Guerrilheiro Urbano” (de Carlos Marighella), nas décadas de 1960/70. No entanto, uma convicção (que não é uma prisão) fica explícita. Atentando contra a ordem, o progresso (e o amor), tamanha banalização criminosa causa indignação e revolta. A dúvida que fica é: isso pode gerar uma reação civilizada? Ou vai produzir ainda mais medo e terror (que podem produzir passividade e noção de impotência).

A parada é sinistra. O crime organizado (ou institucionalizado) é uma atividade dirigida pela mentalidade rentista (ganho fácil no curto prazo, sem maiores preocupações produtivas). Sem uma aliança com o Estado, o crime não se organiza! Por isso, responda, se puder (ou tiver coragem): quem financia, de verdade, o sistema do crime institucionalizado? Quem movimenta, de modo tão profissional, a dinheirama que as diversas atividades criminosas movimentam no Brasil e pelo mundo afora? Quem controla e lucra, de verdade, com a ação institucionalizada do crime, sobretudo com a corrupção e os variados tráficos (de drogas, armas, gente, órgãos e produtos)? Quem forma o braço financeiro das supermáfias? Quem comanda realmente o narconegócio? Quem escraviza o marginal pobre da favela? Quem investe na insegurança e no terrorismo psicológico para lucrar alto com a “indústria da pretensa segurança”? Quantas e quais são as atividades criminosas que têm aparência “legal”, legitimadas pelo abuso de poder estatal?

Enquanto se depara com a criminalidade descontrolada, o Brasil vive um momento ímpar da história, superando impactos negativos da pandemia, da inflação global e local, da ruptura das cadeias produtivas e do aumento dos preços da comida e da energia em função da guerra na Ucrânia. O ministro da Economia, Paulo Guedes, descreveu a conjuntura favorável ao país: “O Brasil é a maior fronteira de investimentos abertos no mundo. A reforma dos marcos regulatórios nos permitiu ampliar o que já estava acontecendo naturalmente, uma retomada gradual do investimento privado virou uma avalanche — R$ 800 bilhões. Nunca tivemos um compromisso dessa magnitude nos próximos anos e isso garante o crescimento da economia brasileira”.

A novidade é que a prosperidade só será viável e sustentável se houver sabedoria estratégica e muita vontade política para promover o crescimento e o desenvolvimento, assegurando a liberdade e a ordem pública (garantidora da vida). Eis o motivo pelo qual o presidente jair Bolsonaro tem jogado pesado contra o “narconegócio” e seus tentáculos — inclusive, e principalmente, a “juristocracia” que perdoa notórios bandidos, solta perigosos traficantes e ainda atrapalha o combate policial à bandidagem cada vez mais organizada. Bolsonaro sabe que dois fatores serão decisivos para o resultado da eleição 2022: segurança pública (na verdade, o caos da insegurança ameaçando a vida das pessoas) e economia (a percepção concreta e a perspectiva real de melhora das condições econômicas do indivíduo, da família, da sociedade e do país).

Resumindo: o descontrole social, pela hegemonia ilegítima da organização criminosa, é incompatível com a plena evolução dos fatores econômicos. Assim, torna-se uma prioridade política e econômica combater, neutralizar e superar a cleptocracia (governança institucionalizada do Crime), para que uma etapa mais civilizada e menos conflituosa do capitalismo seja possível. Eis o urgente desafio brasileiro: “matar” o crime e vivificar o progresso. Os 50 anos em 4 de Jair Bolsonaro são o início do processo de mudança. O país é o lugar para estar agora. Onde tudo começa e vai acontecer. Só precisa vencer a cleptocracia e seu mecanismo. Enquanto permanecermos “entre lobos”, vamos fracassar, ser escravizados ou, pior ainda, acabar mortos. Você quer isso? Eu, não! Então, não ajude a eleger criminosos. Já ajuda bastante!

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