Candidatos em excesso congestionam a terceira via para 2022

Não haverá mais coligações partidárias e com cláusulas de barreiras; cada sigla terá que fazer a sua própria legenda e está aí a origem desta corrida por puxadores de votos

  • Por José Maria Trindade
  • 29/11/2021 13h16
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Arquivo/Agência Brasil Fachada do Palácio do Planalto em Brasília no entardecer As próximas eleições devem ocorrer em outubro de 2022

O quadro eleitoral vai se fechando e a aposta dos partidos está mesmo no Congresso. O grupo do presidente Jair Bolsonaro tem um projeto ambicioso de poder. O líder do PSL na Câmara, deputado Vitor Hugo, a caminho do PL, diz que em pelo menos 20 anos, os próximos presidentes e a maioria no Congresso serão da direita. O presidente Jair Bolsonaro está convencido de que errou feio ao não apostar num partido forte na primeira eleição. Segundo os seus cálculos, teria hoje uma bancada de pelo menos 100 deputados fieis em primeira linha e apoio extra de outros partidos. No Senado, os seus cálculos são de que conseguiria uma bancada expressiva de pelo menos 16 representantes. A estratégia agora é esta: dominar o Congresso. Só que os outros partidos também fazem a mesma aposta e querem tomar a maioria. O entendimento geral é de que quem chegar ao comando do Congresso vai ocupar o próximo governo, seja ele quem for. 

As eleições agora serão diferentes. Controle rígido de gastos e de mensagens pela internet. O Tribunal Superior Eleitoral estará vigilante. Não haverá mais coligações partidárias e com cláusulas de barreiras. Cada sigla terá que fazer a sua própria legenda e está aí a origem desta corrida por puxadores de votos. Artistas, cantores e populares estão sendo assediados com promessas de apoio total. O cálculo é de que aproximadamente 7 dos 24 partidos com representação no Congresso voltam com eleitos. Será uma disputa diferente, controlada em boa parte pelas grandes siglas e a saída, chamada federação partidária, não deve vingar. A união está sendo chamada de casamento com comunhão total de bens, sem amor e com data engessada para separação, por quatro anos. Os partidos da federação não podem dissolver o pacto e terão uma única representação na Câmara e Senado, liderança única e decisões tomadas por um único parlamentar. Necessariamente a junção será nacional. É confiança demais que os partidos não nutrem entre si.

Para o Palácio, o balanço inicial é de candidatos se cotovelando para ganhar a chamada terceira via, o centro da política. A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro pelo PL e o ex-presidente Lula no PT já está clara. Orbitam nesta disputa o ex-ministro Sergio Moro pelo Podemos, que ganhou a prioridade do candidato Ciro Gomes, do PDT e fez sombra no PSDB. As propostas de Moro são parecidas demais com o programa que o governador de São Paulo, João Doria, quer mostrar durante a campanha eleitoral. Além destes, se apresentam como candidatos, o ex-ministro Henrique Mandetta pelo novo partido União Brasil, a junção do PSL e DEM. A senadora Simone Tebet, colocada como candidata pelo MDB, depende de apoio popular em dois dígitos, um caminho difícil até para se firmar como candidata. O presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco, também entrou na dança de cadeiras e foi lançado pelo PSD. O senador Alessandro Vieira, do Cidadania, se coloca como postulante ao Palácio neste momento de congestionamento, numa alternativa aos dois indicados para o segundo turno, Bolsonaro e Lula. Neste quadro ainda confuso na disputa, surge o ex-deputado Cabo Daciolo. Ele está chegando e promete ser a sensação dos que não têm candidato e querem votar no diferente. O cálculo é de que ele terá alguns milhões de votos na disputa. O José Maria Eymael está reclamando que os institutos não colocam o nome dele nas consultas.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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