Perigo de apagão e racionamento de energia rondam o Brasil em plena crise sanitária
Técnicos apontam que crise atual é maior até do que a de 2001; falta de água nas barragens pressiona sistema e o consumo de energia está no ponto mais alto, mostrando dificuldades para o setor elétrico
Há um perigo real rondando o Brasil em plena crise sanitária, o apagão do setor elétrico. O sistema está funcionando em capacidade máxima, economizando água nas barragens para evitar o pior. As termoelétricas estão queimando diesel e as geradoras que ficam de reserva estão sendo acionadas. Mesmo assim, a previsão é de que o risco de cortes e de racionamento está na conta do Ministério de Minas e Energia. O desafio é grande. Estamos vindo de períodos de estiagem e os reservatórios não estão voltando às capacidades máximas há anos. A previsão agora é de que enfrentaremos uma estiagem prolongada e maior. As contas indicam o tamanho do problema, que já está sendo comparado ao grande racionamento de 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso. “Uma operação de guerra”, como definiu o então presidente.
Um tipo de vacina foi criada. O governo formou a Câmara de Gestão de Energia Elétrica, exigiu cortes no consumo de energia para residências e empresas e provocou desconfortos, mas o apagão não foi apagão propriamente dito, mas restrições severas e encarecimento sem precedentes de energia. Nós estamos pagando a conta deste processo até hoje. Um sistema foi criado para dar segurança. Geradoras contratadas, mas que não fornecem energia e ficam de prontidão sendo pagas por esta disponibilidade. O consumidor é que assume este tipo de seguro. Agora, no momento de utilizar o sistema, essas fornecedoras de plantão estão comunicando problemas que não eram conhecidos antes. Quebras, inviabilização e até geradora que está há 5 anos soterrada, mas recebendo religiosamente em dia. O caso da geradora Risoleta Neves, em Minas Gerais, onde a Vale, dona da hidrelétrica, precisará devolver R$ 500 milhões de reais. Essa conta fica em R$ 8,7 bilhões por ano. A lembrança vem todo mês no faturamento da energia elétrica, residencial, comercial e industrial.
A crise que estamos entrando é considerada até mais grave do que a de 2001. Isto encarece e muito a energia, sem contar a possibilidade de interrupção no fornecimento, já que o sistema trabalha no limite. O curioso é que nesta situação, com a queima de óleo combustível, os danos ao meio ambiente são enormes e não há reclamação de ONGs ou grupos de defesa ambiental. A construção de uma pequena geradora gera uma reação no setor ambiental muito grande, mas ninguém fala do uso do diesel. Roraima é um exemplo, todos os dias uma nuvem de fumaça é formada. O estado queima 1 milhão de litros de óleo diesel por dia. O gasto chega a R$ 107 milhões por mês. A maior arrecadação do estado é o ICMS de combustíveis. O mais irracional é que todo o transporte é feito por caminhões. A situação se agravou com a interrupção de fornecimento de energia importada da Venezuela.
Ações do governo tentam evitar o agravamento da crise, mas sem a certeza de sucesso. Há uma economia no sistema hidrelétrico, acionando as termelétricas. A importação de energia chega também no ponto máximo e o sistema nacional está contabilizando reservas e formas de economia. Uma restrição no fornecimento de energia agora seria o pior dos mundos. O governo prevê o reaquecimento da economia e este encontro de retomada com falta de energia cria a tal tempestade perfeita. Hoje, segundo me disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o gasto de energia está no nível máximo, o que é um sinal positivo para a economia, mas uma luz vermelha para o planejamento energético.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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