Processo eleitoral está atrasado e até março tudo pode acontecer

Prazo maior para filiação partidária altera data limite no acerto das candidaturas, entramos na fase de funil para firmar nomes e apostas regionais

  • Por José Maria Trindade
  • 05/11/2021 13h48
José Cruz/Agência Brasil Fachada do Palácio do Planalto durante o dia Partidos ainda não divulgaram quais serão seus candidatos nas próximas eleições; prazo para filiação vai até março

Ninguém pode estar ao mesmo tempo dentro e fora do ônibus. Em política, posicionamento, qualquer que seja ele, é melhor do que a indefinição. O processo eleitoral está represado pelos prazos redefinidos e dizem por aqui que quem morre de véspera é o peru de Natal. O prazo para as filiações partidária era de um ano. No cenário anterior, agora, nesta época do ano, todos os partidos já estariam com os seus candidatos definidos, a pré-campanha organizada e acordos a todo vapor. A redefinição para seis meses mudou tudo e atrasou o processo. Só em março é que teremos um retrato de como será a disputa eleitoral para a presidência e as definições regionais. Até lá, tudo pode acontecer. O presidente Jair Bolsonaro nem tem partido político para onde quer levar a sua filiação, cerca de 35 deputados, senadores e promessas de novos eleitos do seu grupo nos Estados.

O pré-arranjo eleitoral está acontecendo, mas ainda longe do que pode acontecer no ano que vem. O que está certo até agora é que o processo indica polarização. O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula estão na frente e isolados. Mesmo quem não acredita em pesquisas sabe que esta é a realidade. O processo, para desespero de muitos, está indicando segundo turno entre os dois. Em política, a esperança só morre quando o último voto é apurado. Por isso, os candidatos não desistem e fazem um grande esforço para permanecerem em cena. Esta atitude é a correta, até para plantar popularidade para a próxima disputa eleitoral. Partidos e candidatos disputam eleição pensando também no próximo pleito. Esta presença em campanha é muito importante. 

O quadro atual revela candidatos em vários setores. A famosa terceira via luta para sair da escuridão. Os partidos estão agora apresentando as suas credenciais. O MDB abre o sinal verde para a senadora Simone Tebet. Filha do ex-presidente do Senado, Ramez Tebet, a senadora dá sinais de que é na verdade um balão de ensaio. O partido pode negociar apoio com outros partidos, possivelmente PSDB, e até abandonar a candidatura. O PSD se esforça para ter candidato, o recém-filiado presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco. O DEM e PSL, que formaram o novo partido chamado União Brasil, namoram a ideia de apoiar Rodrigo Pacheco, mas o ex-prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, conversa animadamente com o candidato suspenso do PDT, Ciro Gomes. A aposta do PDT em Ciro esbarra na resistência de setores que defendem logo adesão ao PT e Lula. Vendo a movimentação frenética e bem sucedida de Gilberto Kassab, o ex-presidente Michel Temer sai da toca e vai em busca de aliados e de fortalecimento do MDB. Chamou para o partido líderes regionais importantes e tenta se reestabelecer em Minas, onde o PMDB foi forte e agora sofre de inanição política. A aposta de Temer é no prefeito reeleito em primeiro turno, Alexandre Kalil. 

Henrique Meirelles, secretário em São Paulo, desiste da candidatura e vai para Goiás ser candidato ao Senado. Ele já foi eleito deputado federal pelo Estado, o mais votado, e não tomou posse, preferiu ficar como presidente do Banco Central. Renunciou ao mandato. No meio do debate, desembarcam na política o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador e coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol. A disputa está acirrada pela presidência. Apesar deste alvo, os partidos fazem uma corrida forte para fincar bancadas no Congresso. Quem domina a Câmara e o Senado domina a política com qualquer presidente ou partido. Assim, no calor da luta política a céu aberto, ficaram esquecidos os candidatos que disputam o PSDB. João Doria e Eduardo Leite se engalfinham para representar o partido, mas no debate nacional estão sendo esquecidos. O processo a cada dia se polariza mais, Bolsonaro e Lula estão mesmo próximos do segundo turno.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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