Agronegócio monitora efeitos da aproximação entre Rússia e China

Mudanças na geopolítica mundial têm potencial de impactar a demanda por commodities do Brasil

  • Por Kellen Severo
  • 21/02/2022 10h08
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Alexei Druzhinin/Sputnik/AFP Putin e Xi Jinping se entrelhando O presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, no começo de fevereiro; após o encontro, foi anunciado um acordo 'sem limites' entre os países

A geopolítica mundial está no foco do agronegócio pelo potencial impacto na formação de preços de commodities agrícolas, energéticas e de insumos para produção de fertilizantes, por exemplo. A tensão entre Rússia e Ucrânia foi tema de análise do Hora H do Agro aqui na Jovem Pan. Assim como a aproximação da Rússia com a China, desde o acordo firmado no começo do mês, em que declararam oposição a qualquer expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Para o professor de economia internacional do Insper, Roberto Dumas, a China, principal destino das exportações de soja do Brasil, está buscando diversificar as fontes para originação de grãos.

“A China vive em uma ditadura, em uma ditadura ela só consegue se manter através de crescimento econômico, e além de crescimento econômico é não impondo fome na população, estamos falando, é o capitalismo de Estado. Esse capitalismo de Estado para evitar uma tensão social nada mais é do que, por exemplo, dando renda para a população e não deixando essa turma passar fome. Então, eles estão fazendo oq? diversificando os fornecedores, a gente já sabe que na África estão abrindo várias partes, mas a África está longe de substituir o Brasil, mas ele não acha que a África vai substituir o brasil, mas a África, a Rússia, a Ucrânia, a Bielorússia e todo mundo começa, a pelo menos, diminuir a dependência do Brasil”, afirma Dumas.

Segundo o gerente de consultoria agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, no curto prazo, o acordo entre Rússia e China não configura riscos de diminuição da demanda de grãos do Brasil em função dos baixos estoques mundiais. “No curto prazo, no entanto, o alcance dessas medidas nós ainda olhamos com um certa cautela, achamos que ela pode crescer relativamente limitada, principalmente quando olhamos um horizonte de um a dois anos. Aqui como comentamos, nós estamos passando por um período de cobertor curto, então, se eu deslocar esse cobertor para um lado, vai faltar grão para o outro lado. Então, por mais que a gente possa ser afetado por uma redução no relacionamento de um cliente que é muito importante, quando a gente olha a demanda global, a cobertura de um buraco aqui pela Rússia abriria outro buraco em outra região, e certamente o Brasil seria uma fonte relevante aí de grãos. Em uma perspectiva mais de médio-longo prazo, ela traz preocupações, é uma equação que não é fácil de ser resolvida para a China conseguir originar grãos na magnitude necessária em outras origens, além de prescindir de Estados Unidos, Brasil e Argentina.” O agronegócio monitora a situação geopolítica em meio a escalada de tensões entre o Kremlin e os países ocidentais, que prometem responder caso a Rússia invada a Ucrânia.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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