Área plantada com milho recuará no Brasil

Com baixa rentabilidade, consultorias projetam que cultura perderá espaço no verão e inverno 

  • Por Kellen Severo
  • 07/07/2023 09h00 - Atualizado em 07/07/2023 13h16
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo - 18/07/2017 Plantação de milho vista durante belo dia de céu azul, com uma espiga em primeiro plano Recorde de produção, déficit de armazéns e a queda de quase 35% no preço do milho base Campinas formam um cenário de desincentivo

Seis diferentes consultorias de mercado agrícola que ouvimos apontaram na mesma direção: a área plantada com milho vai recuar no Brasil. O recorde de produção, com mais de 120 milhões de toneladas no total em 2023, o déficit de armazéns para guardar a safra e a queda de quase 35% no preço do milho base Campinas formam um cenário de desincentivo para a cultura. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam que os custos cederam menos do que o preço agrícola, ou seja, em alguns casos a cultura pode dar prejuízo. A Safras&Mercado prevê inicialmente uma redução de 3% a 5% na área plantada do milho verão no Brasil. A Terra Agronegócio afirma que as vendas de sementes de milho estão lentas e apontam para queda na área da safra de verão no Rio Grande do Sul de 831,5 para 770 mil hectares; em São Paulo, de 298 mil para 279 mil hectares; e em Minas Gerais, de 781,7 mil para 742 mil hectares. “Aparentemente, existe a possibilidade de redução nas áreas de milho, tanto no verão por margens apertadas/negativas e relação soja/milho bastante favorável à soja”, destaca a Datagro.

O recuo não ficará concentrado apenas no ciclo de verão. A Pátria Agronegócios afirma que é esperada a primeira contração da área do milho segunda safra dos últimos cinco anos (desde a safra 17/18). “Vale lembrar que em 17/18, os desincentivos de área eram semelhantes aos que os produtores rurais enfrentam agora: rentabilidade projetada de renda em contração”, afirma Matheus Pereira, diretor da Pátria. A redução de tecnologia na lavoura do milho segunda safra também é uma expectativa. A consultoria Agrinvest Commodities destaca que as sementes de milho híbrido estão caras. “O produtor deve optar por sementes mais baratas e, como um todo, pode haver uma redução de área”, projeta Marcos Araujo, analista de grãos da empresa. O novo ciclo de preço das commodities agrícolas, em patamares inferiores aos dois últimos anos-safra, está impactando a realidade no campo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.