Brasil iniciará exportação de milho para a China em 2023

Acordo entre os dois países prevê monitoramento de pragas, um protocolo fitosanitário adicional que ocorrerá a partir da safra de verão

  • Por Kellen Severo
  • 01/06/2022 09h00 - Atualizado em 01/06/2022 09h05
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo - 18/07/2017 Plantação de milho vista durante belo dia de céu azul, com uma espiga em primeiro plano Com a Guerra da Ucrânia, a China precisou procurar outros fornecedores de milho

O Brasil deu mais um passo na direção de virar um grande exportador de milho para a China. Na última semana, foi superada a questão fitossanitária que mantinha o mercado fechado. Agora, o próximo passo é colocar em prática o monitoramento de safra, que inclui o controle de algumas pragas, protocolo fitossanitário adicional. Como esse procedimento ainda não está sendo feito na atual safra de inverno, a expectativa é que os primeiros embarques do grão ocorram em 2023. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Guilherme Leal, me disse que o país só vai ter produto apto para embarcar para a China a partir da safra de verão 22/23, com colheita estimada para os primeiros meses do ano que vem.

O mercado privado já está se preparando para o novo momento do milho brasileiro. No fim do mês de junho deve haver um encontro para o cadastramento dos exportadores interessados em enviar o grão ao mercado chinês. Os procedimentos de controles e monitoramento de pragas também estarão em discussão entre empresas, cooperativas, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e governo. A China tinha na Ucrânia um dos principais fornecedores de milho, com volume de exportação  ao redor de 10 milhões de toneladas por ano. Com a guerra e o bloqueio no Mar Negro, o gigante asiático precisou buscar outros fornecedores. O país de Xi Jinping é o segundo maior produtor do mundo, atrás dos Estados Unidos. Ainda assim, há necessidade de comprar o grão para compor estoques e atender a demanda doméstica.

O Brasil, que hoje é o terceiro produtor mundial, passará por uma mudança substancial no mercado com a China comprando o cereal daqui. Uma oportunidade para produtores de grãos que terão um importante e grande mercado para suprir e um desafio adicional para as cadeias de carnes, que terão que investir em gestão para o custo de produção potencialmente mais caro da ração, e para o mercado de energia, como usinas de etanol de milho, que farão programação de compras ainda mais antecipadas para diluir riscos. A potência do agro brasileiro vai continuar a abrir novos mercados pelo mundo, atrair capital e melhorar nossas contas externas. O próximo produto na lista é o amendoim, que também está prestes a ganhar o mercado asiático.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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