Carne bovina: retomada total das compras chinesas está mais próxima

País asiático autorizou a importação da proteína animal com certificado pré-embargo e dá sinais de que normalizará o comércio com o Brasil

  • Por Kellen Severo
  • 24/11/2021 09h00
Evandro Leal/Enquadrar/Estadão Conteúdo - 28/10/2021 Pedaços de carne colocados em prateleiras em um açougue no Rio Grande do Sul Suspensão das compras chinesas de carne bovina brasileira ocorreu após a identificação de dois casos do mal da vaca louca

A Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) anunciou a reabertura do mercado asiático para a carne bovina brasileira, desde que o produto tenha recebido um certificado sanitário antes de 4 de setembro. A data marca o embargo voluntário do Brasil às exportações de proteína animal. Lygia Pimentel, analista de mercado e CEO da Agrifatto, enxerga na autorização um bom sinal para o mercado pecuário, que aguarda a retomada total das compras chinesas.

“Essa é uma boa notícia para quem estava com contêiner parado no porto ou fazendo interporto — saindo de um e parando no outro para esperar ver o que ia acontecer. Mas a China ainda não reverteu a suspensão, então, quem quiser exportar carne hoje ainda não consegue. Eles estão liberando apenas carga certificada antes do dia 4 de setembro. Isso dá mais ou menos, na nossa estimativa, um volume de 100 mil toneladas (ou mais ou menos 1.500 contêineres). O total era mais ou menos 140 mil toneladas, mas essa diferença foi aplacada por um ou outro container que passava ali devagarzinho, a conta gotas, quase que informalmente, através de despachantes influentes. Então, isso não conta muito, mas são mais ou menos 800 a 1 mil contêineres dentro dessa situação, que já entraram na China e que estava na contabilização anterior”, explicou Lygia.

A suspensão das compras chinesas de carne bovina brasileira ocorreu após a identificação de dois casos do mal da vaca louca: um em Minas Gerais e o outro em Mato Grosso. Na ocasião, o Ministério da Agricultura e Pecuária seguiu o protocolo bilateral firmado com a China para o registro da doença. Porém, mesmo após a Organização Mundial de Saúde Animal ter atestado que se tratava de casos atípicos, sem risco de contaminação, os chineses, principais parceiros comerciais do Brasil, não retomaram as compras. Desde então, representantes dos dois países têm mantido conversas em busca de uma normalização do mercado.

Mesmo sendo parcial, a atitude de Pequim é vista com otimismo. Eu lembro a vocês que, há pouco mais de uma semana, o ministro da embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, me contou, em entrevista ao Painel Hora H do Agro, aqui na Jovem Pan, que tem expectativas de que, até o fim de janeiro de 2022 — ou, inclusive, antes disso —, o país asiático volte às compras da carne bovina brasileira. Ontem, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, revelou que espera que a suspensão total chegue ao fim até 31 de dezembro. As situações recentes apontam que a retomada das compras chinesas estão próximas.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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