Com escassez de produto, Anvisa acelera registro de novos agroquímicos

Será feita análise mais rápida possível conforme priorização do Ministério da Agricultura, diz diretora da agência

  • Por Kellen Severo
  • 31/01/2022 10h33
Pixabay Máquina colhendo soja Aprosoja Brasil prevê escassez de químicos para a colheita de soja e de milho

Em entrevista ao programa Hora H do Agro aqui na Jovem Pan, a diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dra. Cristiane Jourdan, afirmou que a agência vai priorizar análises para o registro de novos agroquímicos diante do quadro de escassez de dessecantes relatado por agricultores brasileiros. “De acordo com a priorização sinalizada pelo Mapa, nós vamos dar uma análise mais rápida possível”, informou. “Hoje nós temos 4 ingredientes ativos com registro aprovado no Brasil, entre eles o diquat. O próprio diquat já tem 18 agrotóxicos com registro disponível para comercialização por 8 empresas diferentes. Além disso, temos 20 produtos à base de diquat na fila da Anvisa com tempo médio de análise, após o início, de 20 dias. É importante dizer que a Anvisa, o Mapa e o Ibama têm interagido constantemente e enviado muitos esforços para que o registro desses produtos se dê no menor tempo possível. Ou seja, há de fato uma priorização. Nós temos 4 ingredientes halauxife-metílico, diquat, flumioxazina e o glufosinato e temos um ingrediente novo em análise, difeansil, que é bastante promissor nessa atuação. A gente não tem só 20 produtos na fila, a gente tem 20 em relação ao diquat. Temos 35 relacionados ao glufosinato, temos 14 relacionados a flumioxazina. De acordo com a priorização sinalizada pelo Mapa, nós vamos dar uma análise mais rápida possível.” 

O Ministério da Agricultura informou ter buscado priorizar os registros para novas fontes de químicos que possam substituir o diquat, uma das moléculas escassas e que é usada para uniformizar as lavouras e antecipar a colheita de soja, por exemplo. Na literatura, há informações de que para cada dia que o agricultor consegue adiantar a colheita da soja ele pode conseguir até 58 quilos a mais de milho, que é a cultura plantada imediatamente depois da oleaginosa em várias regiões do Brasil. Ou seja, a indisponibilidade do produto pode fazer diferença no potencial de oferta de alimentos aos consumidores. A Croplife Brasil, entidade que representa a indústria de defensivos e insumos agrícolas no país, destaca que o problema de falta de dessecante não é generalizado, mas estaria ocorrendo em situações pontuais. Entretanto, a Aprosoja Brasil, representante de mais de 200 mil agricultores, diz que o problema é sério e prevê escassez de químicos não só para a colheita de soja, mas também para a safra de milho que está sendo semeada no país.

Em Brasília, uma proposta de Medida Provisória em discussão na Casa Civil avalia alterar as regras atuais de situação de alerta ou emergência fitossanitária para autorizar, em caráter excepcional,  a importação de produtos não registrados no Brasil. Atualmente, essa condição só é permitida para o combate a pragas ou doenças, não em caso de desabastecimento. Há também um projeto de lei em análise no Senado Federal que propõe dispensar o registro de produtos importados do Mercosul. O agronegócio está mobilizando os setores público e privado no tema, que merece nossa atenção, já que se trata de um manejo essencial das lavouras, e de abastecimento de produtos para garantir o máximo de produtividade de alimentos. Segundo a Anvisa, a área técnica poderá dar 20 dias de prazo a partir da solicitação de análise feita pelo Mapa. Essa agilidade na ala pública é fundamental para que a inovação e a tecnologia cheguem mais rapidamente ao campo. Talvez a medida não seja suficiente para abrandar o problema da urgência de alguns produtos hoje, mas certamente poderá gerar alternativas aos agricultores nas próximas safras.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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