Com o agro de olho, dólar pode registrar mínimas na casa de R$ 4,50

Devido à alta dos juros no Brasil, economistas projetam valorização do real frente à moeda americana; desvalorização puxou para baixo o preço da soja e o do café

  • Por Kellen Severo
  • 30/03/2022 09h00
Paulo Guereta/Zimel Press/Estadão Conteúdo - 24/03/2022 Notas de dólar sobrepostas e, no fundo, a base de um notebook Dólar já recuou cerca de 14% neste ano

A valorização do real frente ao dólar está levando economistas a acreditarem que a moeda norte-americana pode registrar as mínimas do ano entre março e maio. É o que apontou a SIM Consult em boletim divulgado aos clientes. O Itaú também destacou que há espaço para, no curto prazo, a divisa atingir mínimas ao redor de R$ 4,50. De acordo com o economista do banco, Pedro Renault, hoje em dia o Brasil é um dos locais mais interessantes para se colocar dinheiro, pois possui juros mais altos, e isso atrai o fluxo de capital estrangeiro. A Selic está em 11,75% ao ano e pode subir mais, chegando a encostar nos 13% em 2022. O que significa dizer que o país continuará sendo um local atrativo para investidores pelo retorno financeiro das aplicações aqui feitas.

No ano, a moeda norte-americana já recuou cerca de 14%. O movimento de queda tem sido monitorado com atenção pelo agronegócio brasileiro nos últimos dias devido à importância do dólar na formação de custos de matérias primas importadas e formação de renda a partir da receita das exportações convertidas em reais. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), revelou que a desvalorização do dólar puxou para baixo o preço da soja. No acumulado da última semana, o recuo foi superior a R$ 8 por saca. Para o café, houve redução de R$ 30 por saca. A diminuição nos preços agrícolas preocupa os agricultores, já que os custos de produção estão nos mais altos preços da história e a perda no valor de venda dos pressiona as margens de lucro.

Para os consumidores, há expectativa de que a desvalorização do dólar ajude a dar um pequeno alívio nos preços de alguns alimentos. Poderá colaborar também para reduzir a pressão nos índices de inflação. Importante observar que, no curto prazo, as indicações são de um dólar abaixo de R$ 5 em função principalmente da alta de juros. Porém, o fator político eleitoral deve aumentar os riscos e refletir em altas no câmbio, principalmente a partir do segundo semestre. A pesquisa Focus, do Banco Central, projeta dólar em R$ 5,25 no fim do ano, patamar acima do observado atualmente. Vale notar que, há quatro semanas, a mesma pesquisa projetava dólar a R$ 5,50. Ou seja, a conjuntura está mudando rapidamente e há desafios a serem geridos nesta direção.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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