Com risco de faltar fertilizante, governo busca parcerias

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, viajará ao Canadá para negociar aumento das entregas de cloreto de potássio

  • Por Kellen Severo
  • 03/03/2022 10h00
GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO Governo federal anunciou Plano Safra com valores superiores aos da edição anterior Plano Nacional de Fertilizantes será anunciado pelo governo até o dia 17 de março

Os impactos no fornecimento de fertilizantes em decorrência da invasão da Ucrânia pela Rússia estão sendo acompanhados pelo governo brasileiro. Apesar da preocupação quanto ao futuro do confronto e os reflexos no abastecimento em escala global, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou  que o Brasil tem outros países alternativos ao fornecimento de adubos, diante das sanções contra Belarus e Moscou.

Entre estes países está o Canadá, maior produtor mundial de cloreto de potássio. Para tentar estreitar relações, uma comitiva brasileira irá na próxima semana ao país da América do Norte para negociações com o governo e empresários canadenses. A viagem está marcada para o dia 12 de março e buscará a garantia de aumento do fornecimento de fertilizantes, assim como ocorreu em fevereiro na visita da ministra ao Irã, outro país apontado como opção do Brasil para o abastecimento de ureia, principalmente.

O tão aguardado anúncio do Plano Nacional de Fertilizantes agora tem data para ocorrer. Depois de ser adiado algumas vezes, a ministra garantiu que será divulgado até 17 de março. A meta é reduzir a dependência de importações, já que atualmente, cerca de 80% do adubo utilizado nas lavouras do país vêm do exterior. No entanto, os resultados da proposta miram o longo prazo e querem reduzir as importações de fertilizantes em até 60% num período de 30 anos. No curto prazo, agricultores buscam alternativas para reduzir o uso de adubo ou usar novas formas de fertilizar o solo disponíveis no Brasil.

Hoje a incerteza sobre disponibilidade de fertilizantes e custos dos produtos está entre os principais temas do setor. Multinacionais do segmento como a norueguesa Yara e a canadense Nutrien manifestaram preocupação com o cenário global de abastecimento e não descartaram problemas no suprimento à medida que as sanções econômicas e os problemas logísticos se agravarem com o confronto no leste europeu. A consultoria norte-americana StoneX afirmou que é questão de tempo até a Rússia ficar impossibilidade de exportar adubo, assim como aconteceu com a Belarus recentemente.

No momento, o cenário de incerteza mantém o agronegócio atento aos desdobramentos da crise e com muita cautela para a  tomada de decisões já que o contexto está mudando rapidamente e o nível de insegurança para precificar os negócios está alto demais. Não vai demorar muito para os consumidores brasileiros começarem a reclamar dos reajustes de alimentos da cesta básica impactados pelo custo de adubo, geopolítica mundial e quebras de safras.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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