Confiança no agro segue alta, apesar de quebra da safra

Retomada de feiras agrícolas, bom início da colheita de inverno e alta das commodities explicam cenário

  • Por Kellen Severo
  • 11/02/2022 09h00 - Atualizado em 11/02/2022 10h29
Reprodução/Instagram/@showrural Movimentação em corredor do Show Rural Coopavel 2022 Show Rural Coopavel 2022 é realizado em Cascavel. no Paraná, e marca a retomada de encontros de negócios pelo interior

Nesta semana estive em Cascavel, município do oeste do Paraná, onde acontece o Show Rural Coopavel, uma das maiores feiras agrícolas do Brasil. A edição presencial do evento marca a retomada de encontros de negócios pelo interior, depois dos cancelamentos ocorridos nos últimos dois anos em função da pandemia. É uma importante alavanca para turismo, comércio e inovação. O oeste paranaense foi uma das áreas mais afetadas pela seca e registrou forte perda na produção de soja e milho verão. Imaginei que ao visitar a região encontraria produtores sem esperança, mas fui surpreendida por uma atmosfera de alta confiança no agro, apesar da quebra de safra.

Conversei com gente que colheu 15 sacas de soja quando a expectativa era colher 80. Foi o caso do Cleimar, agricultor que nunca viveu uma seca tão grave como a desta temporada. O pouco que conseguiu de soja será vendido com preços historicamente altos, o que ajudará a pagar pelo menos o custo da produção que foi perdida. O agricultor disse estar animado e olhando para frente, com foco no desenvolvimento da safra de inverno de milho, que começou a ser semeada e tem se desenvolvido bem com a ajuda do clima.

Nos últimos dias, a soja atingiu um dos preços mais altos da história na Bolsa de Chicago. Contratos como o de março ultrapassaram US$ 16 por bushel (R$ 84 na cotação atual), patamar não visto desde maio do ano passado. A valorização é resultado dos cortes de safra na América do Sul. Ontem, a Conab revisou para baixo em mais de 15 milhões de toneladas a previsão de colheita de soja no Brasil, descartou recorde e projetou 125 milhões de toneladas. Recuo de 9% frente a temporada anterior. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos também cortou projeções para produção da Argentina e Paraguai. A oferta menor seguirá mantendo preços dos alimentos em patamares elevados, não só no Brasil como no mundo.

Apesar dos desafios, vi de perto que a retomada das feiras agrícolas, a fé no bom desenvolvimento da safra de inverno, a alta das commodities agrícolas e a diversificação no campo estão servindo de combustível para manter o agro confiante. De Brasília, a notícia que a Câmara aprovou um projeto de lei que moderniza a lei de defensivos agrícolas também dá ânimo. Afinal, há 20 anos o setor trabalha para desburocratizar a regulamentação e permitir que as tecnologias e inovações cheguem mais rapidamente aqui. Vem do campo uma força relevante para acreditar que a economia brasileira encontrará espaço para destravar e resgatar o rumo do crescimento.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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