Em meio à tensão entre Rússia e Ucrânia, soja ganha fôlego para renovar recordes de preço

Quebra de safra na América do Sul e risco geopolítico são fatores de alta no mercado

  • Por Kellen Severo
  • 23/02/2022 12h47 - Atualizado em 23/02/2022 12h48
DIRCEU PORTUGAL/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Na foto, trabalhadores rurais, caminhão, colheitadeira durante colheita de soja. Nesta semana, o Centro de Estudos em Economia Aplicada da USP indicou preços de R$196 por saca de soja no Brasil

A soja ganhou fôlego extra nesta semana para renovar recordes de preço. O aumento do risco geopolítico envolvendo Rússia e Ucrânia, a quebra de safra na América do Sul, preocupações com o clima em áreas produtoras do Brasil e escassez de insumos para semeadura nos Estados Unidos são alguns dos fatores que contribuem para a expectativa de cotações em alta. Nesta semana, o Centro de Estudos em Economia Aplicada da USP (Cepea) indicou preços de R$196 por saca no Brasil, um dos patamares mais altos da história. E pode subir mais pelo incremento de demanda. Fontes da indústria me disseram que a ameaça de guerra no leste europeu levou países que compram óleo de girassol da Ucrânia a demonstrar interesse maior pelo óleo de soja brasileiro em função do risco de diminuição da oferta do produto ucraniano.

Depois do presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizar o envio de tropas para as regiões separatistas no leste da Ucrânia e reconhecê-las como independentes, a preocupação sobre a iminência de um confronto aumentou. Nesta terça-feira, 22, Putin afirmou que as especulações sobre a intenção de retomar o antigo território soviético são falsas. O mercado segue reagindo ao risco de conflito. Durante o pregão, o petróleo subiu mais de 4% e se aproximou de U$ 100 o barril, o milho e o trigo também avançaram mais de 1% na bolsa de Chicago. A Rússia é a maior exportadora de trigo do mundo e a Ucrânia ocupa o quarto lugar. No caso do milho, ucranianos ficam em terceira posição no ranking global e os russos em sexto. Ou seja, o abalo na região impacta diretamente na formação de preços de alimentos no mundo. O ambiente geopolítico é turvo, com diferentes narrativas convivendo no noticiário. No entanto, o que podemos ver com clareza neste momento é que os estoques mundiais de commodities agrícolas estão em patamares historicamente baixos e os riscos de guerra são altistas para preços.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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