EXCLUSIVO: Ministro da Agricultura quer juros abaixo de 9,5% para Plano Safra 22/23

Em entrevista à Jovem Pan, Marcos Montes afirmou ainda que vai visitar países fornecedores de fertilizantes, em continuidade ao trabalho iniciado por Tereza Cristina

  • Por Kellen Severo
  • 12/04/2022 10h06
Will Shutter/Câmara dos Deputados Marcos Montes no plenário da Câmara, quando ainda era deputado Marcos Montes tomou posse como novo ministro da Agricultura no dia 31 de março

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o novo ministro da Agricultura, Marcos Montes, respondeu a perguntas sobre recursos do Plano Safra 21/22 e projeção de taxas de juros para o Plano Safra 22/23. Além disso, Montes destacou novas ações para garantir o abastecimento de fertilizantes para a safra verão no Brasil. O conteúdo completo da entrevista será veiculado no programa Hora H do Agro deste sábado, 16. Acompanhe um trecho da conversa que foi ao ar no Jornal da Manhã desta terça-feira, 12.

Qual sua política para ajudar os agricultores a acessar os recursos do Plano Safra 21/22 com juros controlados? O Plano Safra sempre é um plano de muita discussão, imagina você num momento que vivemos, quando elaboramos o Plano Safra 21/22, nós trabalhávamos com juros na altura de 2%, 2,75%, e de repente somos surpreendidos já no início do ano, trabalhávamos com juros de 10,75%, 11%. Isso realmente criou uma situação nos valores de equalização que levaram a Economia a ter que fazer estudos profundos. Naquele momento, eles seguraram um pouco o plano e nós passamos a discutir com eles como seria esse retorno. O que está acontecendo agora é que nós vamos discutir junto um PLN 1 que já está sendo analisado na câmara, um PLN importante que vai fazer com que a gente possa criar alternativas de desbloqueio de R$ 868 milhões, onde os senadores, o Congresso, falei com presidente do Congresso recentemente, senador Rodrigo Pacheco, pedindo a ele que pudesse colocar essa situação em votação, e ele já nos disse que essa semana, no mais tardar na próxima semana, eles vão discutir e aprovar esse PLN. Com isso, teremos o destravamento desses R$ 868 milhões que estão represando em torno de R$ 24 bilhões para esse plano, para encerrarmos esse plano 21/22. Acredito que na próxima semana a gente alcance essa vitória no Congresso, essa aprovação, e as coisas voltem à normalidade e encerramos o plano safra 21/22.

O que o Ministério da Agricultura já tem definido para o Plano safra 22/23? A taxa de juros pode chegar a dois dígitos? Os esforços são muito grandes para que a gente tenha um Plano Safra robusto. As taxas de juros, claro, poderão sofrer alguma alteração, mas vamos discutir com os valores da equalização a gente colocar a taxa de juros em alguns níveis pequenos, um pouco acima do ano passado, mas nunca pensando em chegar em dois dígitos em nenhum dos níveis, por isso essa discussão vai ser dura. O momento que vivemos é difícil, temos a questão dos custos aumentados, taxas de juros aumentadas e o Plano Safra tem que ser compatível com o momento que estamos vivendo, é essa discussão que estamos tendo com o Ministério da Economia, que tem visto, ajudado e trabalhado para nós alcançarmos a solução, que nós começamos a discutir para poder entregar o Plano Safra até julho deste ano. Tenho certeza que nós teremos pelo menos uma apresentação que irá atender a expectativa do produtor rural brasileiro.

Teremos taxa de juros a 9,5% ao ano? Não posso confirmar o nível da taxa de juros, vamos tentar ao máximo para que ela seja abaixo disso, mas a discussão sobre os valores que serão apresentados, principalmente o valor da equalização, temos que avançar nesse momento difícil que estamos vivendo. O ministério da Economia está sensível a isso e não esperamos que as taxas de juros cheguem a esses patamares. Mas só depois de muita discussão com a Economia que nós iremos mostrar a importância de termos valores substanciais com taxa de juros mais acessíveis, claro que não como as do ano passado, mas não tão alta como você está falando. Torço para que isso não aconteça.

Há, na sua visão, uma incapacidade do governo em atender o grande volume de recursos e por isso a iniciativa privada precisa entrar com mais força no crédito rural? Acho que o caminho que temos que seguir é menos recurso público, deixar o recurso público para o pequeno agricultor, a agricultura familiar, por exemplo, e deixar outros recursos em instrumentos que nós construímos. A Secretaria de Política Agrícola colocou no mercado instrumentos importantes para que o setor privado possa vir e fazer negócios com bom retorno a todos.

Vai faltar fertilizante para a safra 22/23? É um momento de muita serenidade, muita cautela, sabemos que essa situação preocupa a todos, mas o que podemos dizer é sobre o presente. Estamos com oferta de fertilizante normalizada até o fim de março, temos mais três, quatro meses torcendo e trabalhando para que essa normalidade continue acontecendo até a fase da planta, que é agosto, aproximadamente. O que acontece agora é que temos oferta normal de fertilizante, algum produto ou outro teve uma queda em relação ao ano passado. Os preços aumentaram, concordo com isso, mas a oferta vem já acontecendo normalmente até o final de março, segundo os levantamentos que temos no Ministério.

Quais serão suas novas viagens dentro da ‘diplomacia dos fertilizantes’? Estamos seguindo aquilo que a ministra Tereza Cristina começou e fez muito bem visitando países fornecedores de fertilizantes, como Irã e Canadá. Em maio, estamos com uma equipe capitaneada por mim visitando o Marrocos, Egito e Jordânia, acompanhada por importadores de fertilizantes para buscar mais alternativas, aumentar as cotas de importação de fertilizantes. Esse trabalho continuará como foi feito na época da ministra, que o fez de forma eficaz. Abril é um mês difícil, o próprio embaixador do Marrocos, quando tivemos reunião aqui no ministério, recomendou que esperasse outro momento para negociação, então a gente embarca no dia 2 de maio para essa jornada fora do país.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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