Governo Biden culpa Rússia pela crise de alimentos e recua na política ambiental

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos autorizou o plantio em reserva ambiental. Enquanto isso, no Brasil, não houve abandono de práticas de sustentabilidade. O agro reafirmou o compromisso de preservar e produzir

  • Por Kellen Severo
  • 30/05/2022 10h00
EFE/EPA/JIM LO SCALZO joe biden Joe Biden autorizou o plantio em áreas do Programa de Reserva de Conservação que estão no último ano do contrato

O governo dos Estados Unidos recuou na política ambiental e autorizou o plantio em áreas do Programa de Reserva de Conservação que estão no último ano do contrato. Os agricultores aprovados poderão iniciar o plantio da safra de outono até 1º de outubro de 2022. O argumento do Departamento de Agricultura é que os produtores querem ajudar a responder às necessidades globais de alimentos, após a invasão injustificada da Rússia à Ucrânia.

Enquanto vemos potências agrícolas como os Estados Unidos flexibilizando ações de conservação ambiental, o Brasil reforça a posição de potência agroambiental. Por aqui, não houve abandono de práticas de sustentabilidade. Seguimos com o Código Florestal, que estabelece que todas as propriedades tenham uma área mínima de reserva de vegetação nativa. Essa Reserva Legal ocupa de 20% a 80% da área da fazenda, a depender da vegetação e do bioma existentes.

Enquanto vemos mais de 20 países colocarem restrições às exportações de alimentos, o Brasil ampliou a oferta ao mundo sem desabastecer o mercado doméstico. Só em março as vendas externas do agro representaram metade de tudo que foi exportado pelo país, com valor recorde de mais de US$ 14 bilhões. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reafirmou o compromisso do agro de preservar e produzir e criticou a posição adotada pelos Estados Unidos de autorizar plantio agrícola em área de proteção ambiental. “É o faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, diz Nelson Ananias, coordenador de Sustentabilidade da CNA, em uma referência ao discurso de quem defende florestas aqui e produção agrícola lá.

A crise global de alimentos gerou uma enorme oportunidade para o Brasil reforçar seu protagonismo no combate à fome. Sem protecionismo e sem restrição às exportações, com responsabilidade ambiental e social, temos um prato cheio para melhorar a imagem dos nossos produtos no exterior e conquistar novos mercados para o agro. Basta fazer o que nos propusemos a fazer, produzir e preservar.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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