Gripe aviária é tema de missão brasileira no Japão

Ministério da Agricultura quer reverter embargo à carne de frango

  • Por Kellen Severo
  • 28/07/2023 10h00
Filipe Araújo/Estadão Conteúdo galinhas em granja Brasil possui 70 casos de gripe aviária em 7 Estados, sendo 68 em aves silvestres e dois em aves de subsistência

A missão brasileira em que participa o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, outros secretários de governo e entidades do agro está no Japão. Hoje, estão previstas reuniões com o Ministério da Agricultura e o Ministério da Saúde Animal, informou o secretário de Relações Internacionais, Roberto Perosa. Na pauta está a gripe aviária e o desejo do Brasil de que o Japão reverta a suspensão adotada nas compras de carne de frango de Santa Catarina e Espírito Santo, estados que registraram a doença em aves de fundo de quintal. O status brasileiro para gripe aviária segue livre da doença na Organização Mundial de Saúde Animal pois não há casos em granjas comerciais. Ainda assim, o país oriental decidiu embargar as compras.

Santa Catarina é o segundo maior exportador de carne de frango do Brasil, atrás apenas do Paraná. Já o Japão, só perde para a China como o maior destino da nossa proteína de aves. O país também é o principal importador de ovos do Brasil. Entre carne de frango e carne suína, o Japão importou 238 mil toneladas de carnes, gerando US$ 490 milhões em receita apenas no primeiro semestre deste ano. Ou seja, é um cliente muito importante e, por isso, acerta a Associação Brasileira de Proteína Animal em conjunto com o Ministério da Agricultura em viajar até lá para detalhar o processo de biossegurança adotado na indústria e a segurança do alimento aqui produzido. Atualmente, o Brasil possui 70 casos de gripe aviária em 7 Estados (ES, RJ, PR, SP, BA, SC e RS), sendo 68 em aves silvestres e dois em aves de subsistência (ES e SC). O vírus já circula pelo nosso território e o pior cenário para o Brasil seria se o Paraná e os Estados vizinhos registrassem casos de gripe aviária em granjas comerciais, disse o banco Citi em relatório. Isso porque a região Sul responde por 64% da produção de aves e 78% das exportações do país.

O banco aponta que o Japão adotou tom excessivamente cauteloso com a avicultura brasileira ao embargar a carne sem a confirmação de caso em granjas comerciais. E, lembra que, em 2022, quando os EUA relataram o primeiro caso comercial em granjas no estado de  Indiana, a China, o México e a Coreia do Sul rapidamente restringiram as compras do estado. Ou seja, o agro brasileiro está em alerta, afinal a doença que causou a morte de milhares de aves no mundo já está no país e acontecimentos futuros em granjas podem ocorrer (ainda que torçamos muito para que não). Há o risco de restrições adicionais virem dos nossos maiores clientes, caso isso se confirme. Mesmo que de forma regionalizada, os efeitos à cadeia de proteína e grãos podem ser significativos.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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