Guerra eleva risco de falta de fertilizantes no Brasil

Com incertezas no mercado, empresas retiraram tabela de preços e paralisaram vendas de adubo

  • Por Kellen Severo
  • 25/02/2022 12h34
  • BlueSky
Pixabay Caminhão (só a parte com a roda traseira esquerda aparece na foto) despeja fertilizante no campo A Rússia é um dos maiores exportadores mundiais de fertilizantes

O ataque da Rússia à Ucrânia gerou fortes reações nos mercados de commodities agrícolas e insumos. Os preços subiram tanto e ficaram tão voláteis que a perda de referência fez com que empresas, misturadoras e cooperativas retirassem a tabela de preços de fertilizantes do mercado. Não há listas em várias regiões do Brasil. O mercado físico está praticamente parado. O analista de fertilizantes da consultoria Agrinvest, Jeferson Souza, me disse que a expectativa é que a listagem de cotações volte só na semana que vem. Grande parte das empresas retiraram ofertas de vendas.

Já o mercado de derivativos subiu com o cenário de guerra. Entre as commodities agrícolas negociadas na bolsa de Chicago, trigo e milho registraram alta com efeito do risco de restrição de oferta, já que os dois países estão entre os maiores exportadores mundiais do cereal e do grão. Em cenário de guerra, a demanda por comida aumenta. O resultado é o que já havíamos detalhado aqui: tendência de preços de alimentos em alta.

No caso de fertilizantes, a Rússia é um dos maiores exportadores mundiais. Tem fatia de cerca de 16% do mercado internacional e 23% do mercado brasileiro. O risco de escassez de insumo levou à forte reação. De acordo com a consultoria StoneX, os derivativos da ureia na bolsa de Chicago subiram cerca de US$ 150 por tonelada, um aumento violento. Dependendo da duração dos conflitos, novos recordes podem ser atingidos, alertou o banco holandês Rabobank. Mais do que preço alto, a escassez preocupa o agro brasileiro, que é dependente da importação de adubo. O risco de falta não pode ser descartado neste momento. A StoneX me chamou atenção para a possibilidade de escassez de potássio, já que Belarus, que está com sanções econômicas e restrições nas exportações, e Rússia, em guerra, respondem por 40% dos negócios globais.

A zona de conflito também impacta a logística para saída e chegada de produtos entre os navios. Novas sanções comerciais seguem no radar. É cedo para ter clareza sobre o que está por vir e, nesta quinta-feira, diante de tantas incertezas, as comercializações no mercado físico brasileiro ficaram praticamente paradas. Até que voltem as referências para seguir com negociações estamos todos tentando entender esse novo cenário que se apresenta.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.