Guerra ganha nova fase após Ucrânia invadir a Rússia

Especialista faz alerta aos setores de diesel e fertilizantes

  • Por Kellen Severo
  • 19/08/2024 05h23
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EFE/EPA/FILIP SINGER volodymyr zelensky Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky discursa durante o concerto #UkraineNato33 para a Ucrânia na Praça Lukiskes durante a cúpula da OTAN em Vilnius, Lituânia,

A guerra na Ucrânia ganhou um novo capítulo após o país de Volodymyr Zelenski invadir um território da Rússia, gerando a fuga de 120 mil pessoas. Para o diretor da Pine Agronegócios, Ale Delara, o conflito entra para uma terceira fase  e acontece para forçar um acordo de paz ou um cessar-fogo. O especialista revela ainda que uma das estratégias de Zelensky tem sido atacar refinarias russas e faz um alerta para  efeitos nas exportações de diesel e fertilizantes russos ao Brasil. Confira!

Na sua avaliação, estamos entrando em uma nova fase da guerra?

Dentro de um contexto de evolução de uma guerra, nós estaríamos numa fase “três”. Vamos colocar dentro de três passos de uma guerra e realmente é um novo capítulo. A Ucrânia está partindo para uma ofensiva agora em território Russo, atacando bases de refino de petróleo, de gás natural que é o grande mercado, é o que traz o dinheiro realmente para a Rússia numa tentativa talvez de forçar um acordo de paz, um cessar fogo ou mesmo o fim da guerra. Isso pode complicar em algum momento as exportações de petróleo, exportações de gás natural e, quem sabe, de maneira indireta até mesmo impactar o mercado de fertilizantes. Mas por hora é um risco que está sendo monitorado. O mercado comoum todo tem colocado pouco prêmio de risco nessa condição, mas certamente ele está de olho até porque, olhando para commodities energéticas, as atenções maiores estão para o Oriente Médio já que o golfo pérsico tem uma relevância maiordo que o Mar Negro na exportação de petróleo e gás natural.

E qual a projeção você faz de formação de preço já que você opera nesse mercado agrícola? Qual é o peso que você está dando para essa guerra no leste europeu?

Eu estou colocando como improvável um um novo problema como o similar ao de 2022 porque nós temos safras muito robustas. No ano retrasado, o Brasil produziu uma safra recorde de soja. Esse ano a gente teve uma quebra de produção, mas foi um volume ainda bem significativo, os Estados Unidos estão vindo com um novo volume recorde agora tanto de soja e um volume muito próximo do recorde de milho. A China vindo com grandes produções nos últimos anos de milho. Então essas novas ofertas que chegaram no mercado e estão chegando no mercado agora no próximo mês, eles conseguem anular de certa forma uma possível escassez de grãos vindo lá da Ucrânia, mas isso vai depender também da sazonalidade de quanto e se essa condição vai se agravar lá.

Geopolítica importa para o agro. Nesse momento você está colocando um aumento de risco mais no Oriente Médio e impactos potenciais nas commodities energéticas, a exemplo do petróleo, e menos probabilidade de impacto de alta de preços em grãos em função de um agravamento ou de uma diminuição da oferta dos países do leste europeu? Esse é o cenário base que você traz?

Sim, é exatamente isso. Até mesmo o trigo, agora a França acabou de colher uma das piores safras desde o início dos anos 1980 e não teve grande relevância nos preços justamente porque outros países estão vindo com produções completas, conseguem suprir esse déficit deixado pelo leste europeu. Então o risco geopolítico maior está realmente nas commodities energéticas e olhando mais para o Oriente Médio do que para o leste europeu.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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