Leite: importação cai em março, é o fim da crise?
Compras recuaram 3,3%, mas produto de fora ainda está mais barato
A importação de lácteos registrou um leve recuo em março, mas ainda é cedo para afirmar que há uma tendência de queda nas compras de fora. Um dos motivos principais é que está mais barato comprar do Mercosul em vez de usar o produto nacional. A recente enxurrada de leite do Mercosul no mercado brasileiro foi revelada com os números recordes de importação observados em 2023 e 2024. O pico recente foi observado em dezembro, com mais de 200 milhões de litros. Em janeiro, foi registrada a maior importação para o mês e em fevereiro os volumes seguiram historicamente altos. Só agora em março que foi observado um leve recuo de 3,3% em relação ao mês anterior, saindo de 180 para 174 milhões de litros equivalente-leite. O Brasil nunca importou tanto leite quanto nos últimos meses. Basta olhar para trás e notar que os patamares estão entre os mais altos dos últimos anos.
A tendência de agora em diante não parece ser de queda nas importações. De acordo com cálculos da consultoria Transpondo, o leite em pó integral do Mercosul está cerca de 14% mais barato que o nacional. Ou seja, se esse cenário permanecer, as importações irão continuar impactando o mercado brasileiro. O leite importado é mais competitivo do que o nacional, por isso, estados têm publicado decretos com retirada de incentivos fiscais para as compras externas, como foi o caso de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Alagoas, Paraná e Pernambuco. O governo federal também adotou essa medida para tentar diminuir importações. A continuidade das importações em patamares historicamente altos aumenta a oferta de lácteos no mercado brasileiro e favorece a queda de preço pago pelo litro ao pecuarista. A atividade leiteira menos tecnificada registrou prejuízo em 2023. O comprometimento da margem mantém o setor lácteo em alerta. Para 2024, apesar de importações altas, o preço pago pelo litro do leite no campo pode melhorar um pouco, informa a Scot Consultoria, principalmente pela menor produção nacional. O recuo dos investimentos na atividade em decorrência das estreitas margens de lucro diminuiu a oferta e com custos de produção menores, pode haver melhora nas margens da atividade leiteira. É desejado que isso aconteça, já que a lucratividade está em um dos mais baixos patamares pelo menos desde 2020. É preciso recuperar os resultados na atividade e evitar que o Brasil fique dependente do leite que vem de fora para suprir a demanda nacional.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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