Petrobras: governo pode aumentar interferência na política de preços de combustíveis

Conselho da estatal aprovou na última semana Magda Chambriard para a presidência; na era Dilma congelamento de preço de combustível afetou o agro

  • 27/05/2024 10h03
ALLISON SALES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Vista da sede da Petrobras no Rio de Janeiro (RJ) Conselho de Administração da Petrobras aprovou na última semana o nome de Magda Chambriard para a presidência da estatal

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou na última semana o nome de Magda Chambriard para a presidência da estatal. A expectativa da Raion Consultoria é que a medida abra caminho para maior interferência política do governo em preços de combustíveis. Confira um trecho da conversa que tive com o sócio-diretor da empresa, Eduardo Melo, sobre o tema.

O que muda com a troca na presidência da Petrobras? Há risco de aumento da intervenção do governo na estatal? A troca, ela não traz um impacto nos preços e exatamente foi isso que aconteceu. Houve a troca, houve a oscilação das bolsas, das ações da Petrobras nas bolsas, mas o problema é que a gente olha isso no médio longo prazo, isso causa uma preocupação. E isso porque a política de preço da Petrobras, em um resumo geral, ela vinha sendo adotada até com nível de conformidade certo pelo antigo CEO, Prates. O que mais causa uma estranheza no mercado é o porquê dessa troca. E isso, naturalmente, quando a gente olha o que pode acontecer com os preços dos combustíveis, isso traz um grau de incerteza que pode ser explicado por uma possível intervenção maior por parte do governo federal na precificação dos combustíveis.

Qual é o perfil da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard? O primeiro ponto que eu gostaria de destacar é que a gestão do [Jean Paul] Prates foi uma gestão que foi bem vista pelo mercado, apesar de não agradar a todos. Inclusive, o governo de Prates tinha uma forma de gestão que olhava também para o mercado, estava atento aos movimentos do mercado, eu acho que esse foi um o ponto que desagradou o governo federal. E o segundo ponto que eu gostaria de chamar atenção é que a Magda, ela tem uma história profissional ligada à gestão Dilma. Acho que não precisamos falar aqui do quanto que foi um período muito crítico, senão desastroso da época da gestão do governo federal enquanto Magda integrava a gestão da ex-presidenta Dilma.

Esse risco está aumentado na sua avaliação? A gente pode rever uma situação como aquela do governo Dilma? Olha eu acho que esse risco ele ocorre, mas ele é de uma maneira diminuída. Por que? Porque de lá para cá, a governança da Petrobras tem controles e práticas mais rígidos em relação às vistas anteriormente. Hoje, eu acho que seria muito mais difíci de ser implementado. O que eu quero dizer é o seguinte: um intervencionismo é deflagrado, e uma intervenção que realmente fosse colocar a Petrobras hoje numa zona de prejuízo e que eu acho que seria muito mais complicado de ser implementado hoje em comparação com o passado

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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