Projeção de ocorrência do La Niña sobe para 59% entre junho e agosto

Instituição meteorológica dos Estados Unidos prevê terceira safra seguida sob efeito do fenômeno

  • Por Kellen Severo
  • 15/04/2022 11h50
RENAN MATTOS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO PLantação de soja danificada devido à estiagem Estiagem na região está prejudicando as plantações no Rio Grande do Sul

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, instituição do governo norte-americano, informou nesta semana que as chances de ocorrência do La Niña subiram. De acordo com a NOAA, o fenômeno possui 59% de chance de acontecer entre junho e agosto, contra 37% de chance prevista em meados de março e 53% no início do mês passado. Essa informação importa para o agronegócio brasileiro, pois a safra poderá ser impactada por escassez de chuvas em algumas regiões. Tradicionalmente, o La Niña tende a gerar redução de chuvas nos estados do Sul e em algumas regiões do centro e mais abundância para o Norte e Nordeste.

A confirmação do fenômeno também poderá impactar a safra norte-americana. Riscos de quebra da produção são acompanhados com muita atenção pelo mercado global de grãos, que está com estoques historicamente baixos e conta com safras fartas para garantia de abastecimento e potencial redução de preços dos alimentos no futuro. Na avaliação de Celso Oliveira, agrometeorologista da Climatempo, a perspectiva é que os agricultores brasileiros deverão, sim, ter uma terceira safra seguida sob o efeito do fenômeno La Niña. O alerta continua para o Sul do Brasil, São Paulo e Mato Grosso do Sul, que possuem projeção de chuvas abaixo da média entre maio e julho e colocam em risco a segunda safra de milho em desenvolvimento no momento.

Outro ponto importante a destacar são os possíveis impactos do La Niña na safra dos Estados Unidos. O especialista compara a temporada 22/23 com a de 2012, quando a produção registrou forte queda devido à estiagem. Até o momento, a umidade do solo é considerada boa, mas o principal risco está entre junho e julho, quando há projeção de umidade abaixo do normal e temperaturas mais altas, momento em que as lavouras estão em fase de floração e enchimento de grãos. Bom lembrar que, além do La Niña, outras condições atmosféricas impactam o clima. Ou seja, é cedo para especular quebras de safra. É hora de redobrar a atenção com as previsões do tempo e os tratos culturais nas lavouras para tentar minimizar as perdas potenciais e garantir o máximo possível de produtividade.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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