Seca põe em risco safra recorde de milho

Produção pode ficar limitada se houver escassez de chuva; indústrias já demonstram preocupação com a falta de milho e estão buscando reforçar os estoques

  • Por Kellen Severo
  • 19/04/2021 11h28 - Atualizado em 19/04/2021 16h13
GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO Máquina colhe milho em uma plantação em Mato Grosso Milho está no maior preço já visto, com negociações acima de R$ 100 na bolsa brasileira

Neste momento, produtores acompanham com muita atenção os mapas de chuvas no Brasil, porque a segunda safra de milho acabou de ser semeada e precisa de umidade para se desenvolver bem. Até agora estão sendo relatados bolsões de seca em algumas áreas produtoras. Com risco climático pairando sobre a safra que foi plantada fora do calendário ideal em algumas regiões, a projeção de produção recorde pode não se confirmar. Áreas do sudeste, centro-oeste, sul e MATOPIBA – região que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, estão com lavouras de milho em desenvolvimento. Se houver escassez de chuvas, a produção pode ficar limitada. Indústrias já demonstram preocupação com a falta de milho e estão buscando reforçar os estoques. Só que o agricultor está com menos interesse de venda, já que o preço do grão está subindo à medida que relatos de seca se espalham.

Resultado: o milho está no maior preço já visto, com negociações acima de R$ 100 na bolsa brasileira. No interior de São Paulo, indicador do Cepea aponta que uma saca está valendo R$ 96. Para se ter uma ideia, o preço é praticamente o dobro do que era na mesma época do ano passado. O Brasil é hoje um dos principais produtores de milho do mundo, ao lado de Estados Unidos, China, União Europeia, Argentina e Ucrânia. E não é só aqui que ocorre escassez do grão. O cenário global é de estoque apertado e preocupações com o avanço do plantio nos Estados Unidos, que acaba de começar a plantar a nova safra, com 4% da área semeada até agora. Na Argentina, há preocupações com a seca também. Até bem pouco tempo atrás, o Brasil era importador de milho, e hoje figura entre os maiores produtores e exportadores do globo. A expectativa é que a próxima década seja de protagonismo dessa cultura, que é extremamente versátil, presente na mesa de todos nós como alimento, usada para ração animal, combustíveis e muito mais.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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