Trigo é aposta para safra de inverno gaúcha

Com guerra na Ucrânia preço do cereal disparou e área plantada vai crescer 25% no Rio Grande do Sul

  • Por Kellen Severo
  • 11/03/2022 10h00
Antonio Cruz/ABr Agricultores brasileiros que vivem no Paraguai - os chamados brasiguaios - plantam trigo

A Expodireto Cotrijal é um dos maiores eventos do agronegócio brasileiro. A tradicional feira agrícola organizada pela cooperativa ocorre em Não Me Toque, município gaúcho. Apesar da forte quebra de safra registrada em lavouras de soja e milho do Estado, o ânimo dos agricultores no evento chamou atenção.

A esperança é gerada pela alta dos preços das commodities agrícolas,  que ajuda a diminuir o impacto econômico da frustração de safra; pela cobertura de seguro privado entre agricultores cooperados da Cotrijal, 70% dos produtores cooperados que fizeram operação de barter garantiam seguro, o que dá alívio devido à possibilidade de garantia de renda; pela esperança de margens positivas na safra de trigo de inverno, depois que o cereal atingiu o maior preço da história na bolsa de Chicago e superou R$ 100 a saca, patamar inédito na região de Não Me Toque (RS) nesta semana.

Dados da Cotrijal apontam para expectativa de 25% de aumento da área dedicada ao cereal no Rio Grande do Sul. “Esses 25% têm um certo risco de não ter fertilizante”, destacou Marcelo Schwalbert, superintendente administrativo-financeiro da Cotrijal.

Para a temporada de inverno, os fertilizantes estão garantidos para os agricultores da cooperativa que  fizeram a compra antecipada e os adubos estavam estocados. O desafio é a garantia de produto para o percentual da área de inverno que vai aumentar e para a semeaadura da produção de verão. Segundo o diretor financeiro da Cotrijal, que é a maior distribuidora de fertilizantes do Rio Grande do Sul, Marcelo Schwalbert, o risco é alto para a temporada da soja 22/23.

“O risco para a safra de inverno é moderado-baixo e para safra de verão é de moderado a altíssimo. Tem muitos desafios para a safra de verão, o produtor comprou um volume muito pequeno neste momento ainda e esse volume não está internalizado no Brasil, tem que fazer essa logística e produzir nos principais produtores do mundo e um deles é a Rússia e a Bielorússia. Tem uma tendência de falta de fertilizante para o Brasil como um todo”, me contou Schwalbert.

Sai da Expodireto Cotrijal com o sentimento de que a vida está voltando à normalidade pós pandemia da Covid, porém esse “novo normal”  é formado por uma conjuntura internacional super incerta e volátil com riscos e oportunidades que precisam ser monitorados no detalhe para evitar danos às margens de agricultores e à produção nacional diante dos altos custos de produção e problemas para abastecimento das cadeias.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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