Trigo sobe no exterior e preço deve ficar mais alto no Brasil
Em Chicago, nos Estados Unidos, cereal renovou máxima em 14 anos; no Brasil indústria descarta desabastecimento
Os contratos futuros de trigo negociados na bolsa de Chicago atingiram o limite diário de alta e renovaram as máximas de preços em 14 anos, superando 11 dólares por bushel. A valorização é reflexo do risco de redução da oferta global do cereal em cerca de 30%, que é o percentual que Rússia e Ucrânia juntos representam no comércio internacional. A depender dos desdobramentos da guerra poderá haver interrupção na oferta de trigo que está plantado no país, além de bloqueios de exportações russas. Essa situação ocorre em um momento de estoques internacionais historicamente baixos e faz com que diferentes analistas de mercado descartem queda de preços nos próximos meses.
A valorização de mais de 13% no contrato de maio na bolsa de Chicago nesta semana não foi acompanhada de altas na mesma intensidade no mercado brasileiro, que subiu menos de 1% no Paraná, de acordo com dados do Cepea. De acordo com a Cogo Inteligência em Agronegócio essa diferença entre o mercado internacional e doméstico ocorre porque os moinhos estão abastecidos no curto prazo e alguns produtores estão ofertando cereal para esvaziar armazéns e dar espaço para guardar soja. A expectativa é que os preços do trigo fiquem acima da média dos últimos dois anos e com tendência altista no curto e médio prazo, destaca a consultoria.
As análises da Abitrigo indicam que o Brasil não terá problemas de abastecimento do cereal no curto prazo, pois a Argentina já sinalizou ter trigo suficiente para atender as necessidades brasileiras, além de que o volume vindo da Rússia é muito pequeno e não temos registro de compras do cereal da Ucrânia. Atualmente, 60% da demanda interna de trigo é atendida por importação e desse total, 85% é originário de um único país, a Argentina. A Safras & Mercado indica que a tendência altista no mercado internacional está relacionada à continuidade da guerra e rupturas nos fluxos de exportação do cereal vindo do leste europeu. No mercado brasileiro, há inclusive expectativas que a alta de preço motive aumento da área plantada. Para o consumidor, ainda não aparecem relatos de reajuste para o preço do pãozinho. Caso a situação geopolítica não se resolva brevemente, isso deverá acontecer nos próximos meses.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.