‘Bolsa Família cresceu, mas o pobre realmente está no orçamento?’, questiona a economista Cecilia Machado
Neste #LivresEntrevista, a economista faz um balanço dos gastos públicos no país e explica como o Estado e suas políticas acabam aumentando a desigualdade
O Brasil enfrenta um dilema econômico profundo: as contas públicas não fecham e, ao mesmo tempo, a qualidade dos gastos é questionável. Na prática, a promessa de campanha do presidente Lula de “incluir os pobres no orçamento” se mostra mais desafiadora do que o slogan sugere. O alerta é da economista-chefe do Bocom BBM e doutora em Economia pela Universidade de Columbia, Cecília Machado, que também é conselheira acadêmica do Livres.
“O desequilíbrio fiscal e a baixa qualidade dos gastos são frutos de uma trajetória de expansão desmedida dos gastos públicos sem a correspondente arrecadação”, afirma. Esse cenário resulta em endividamento crescente e em problemas macroeconômicos que impactam diretamente a vida da população mais pobre.
Machado ressalta que iniciativas como o teto de gastos foram importantes para tentar conter esse descontrole, mas sua eficácia depende de uma implementação rigorosa. Além disso, ela defende que o foco deve estar não apenas na contenção de gastos, mas também na eficiência de sua alocação, com avaliação clara do impacto social de cada despesa.
No campo das políticas sociais, Machado questiona a efetividade de programas como o Bolsa Família em seu desenho atual, com transferências muito maiores após a pandemia. “O programa cresce, mas o pobre realmente está no orçamento?”, indagou, ao explicar as deficiências atuais do Cadastro Único, a ferramenta utilizada para seleção dos beneficiários do programa. Ela também observou que, apesar da recente reforma da Previdência, novas discussões serão necessárias, especialmente diante do envelhecimento populacional e da indexação dos benefícios ao salário mínimo.
A economista defende uma maior priorização dos investimentos em crianças, destacando que o retorno desse tipo de gasto para a sociedade é muito maior do que em idosos. Segundo ela, ao melhorar as condições de saúde, educação e inserção ao mercado de trabalho das crianças, o país pode reduzir a dependência de assistências governamentais no futuro.
Machado também aborda a questão da diferença de idade para a aposentadoria entre homens e mulheres, que, em sua visão, reforça desigualdades de gênero. “Precisamos questionar políticas que, mesmo com boas intenções, acabam perpetuando desigualdades”, argumenta.
A entrevista completa está disponível no Livres Entrevista, disponível no YouTube e nas plataformas de podcast do Livres. Assista abaixo:
Essa publicação é uma parceria da Jovem Pan com o Livres.
O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que reúne ativistas e acadêmicos liberais comprometidos com políticas públicas pela ampliação da liberdade de escolha.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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