Aquecimento global pode mudar a vida como conhecemos, a começar pela economia

O maior impacto da mudança climática é o risco de redução do PIB global até 2050

  • Por Marcelo Favalli
  • 02/08/2023 09h30
KAZUHIRO NOGI / AFP calor japão Pedestres se refrescam na névoa de água durante ondas de calor em Tóquio em 18 de julho de 2023

Agosto começa de olho no mês anterior. Julho foi o mês mais quente da história. O cálculo não leva em consideração apenas as medidas que passaram a ser anotadas com precisão a partir de 1979. Foram somados os primeiros parâmetros que remontam à revolução industrial de 1760, assim como as estimativas de milhares de anos. Conclusão: a temperatura média global, nos últimos 30 dias, variou entre 0,5º e 1º C acima do padrão para esta época do ano. A curto prazo, perigos para quem está exposto a um calor que já chegou a 50º Celsius e incêndios florestais. Nos próximos 27 anos, a ameaça da perda de 18% da economia mundial. O alerta se repete desde 2021 pelo Swiss Re Institute, uma organização suíça de avaliação de riscos. O grupo especula a possibilidade da atmosfera aquecer 3,2º C até 2050, tendo como base o aumento prévio da temperatura média da superfície do planeta. O Swiss Re Institute também salienta que os dados atuais apontam como estamos cada vez mais distantes das metas acordadas na Conferência do Clima da ONU, realizada em Paris, em 2015. Lembrando: o objetivo assinado por mais de 190 nações é não esquentarmos a área habitável da Terra mais do que 2º C até o final do século.

O chamado Índice de Economia Climática calculado pelo Swiss Re Institute prevê impactos mais severos nos 48 países que, somados, representam 90% do PIB mundial. O relatório chama a atenção para as economias asiáticas. Segundo as previsões, se o aquecimento global ficar dentro da meta de 2°C até 2099, o PIB da Ásia deve encolher 3,3%. Se o calor médio exceder o limite proposto há 8 anos, a retração da economia asiática deve superar os 15% no início do próximo século. A organização suíça repetiu a projeção para a ASEAN, o conglomerado de 20 países asiáticos, que forma uma importante aliança comercial. Em caso de superaquecimento da Terra, haveria a redução de 37% da economia do grupo e impactos na cadeia internacional de distribuição.

Ainda segundo a Swiss Re Institute, a China corre o risco de perder algo em torno de 24% de seu PIB em um cenário severo de aquecimento global, enquanto os Estados Unidos veriam o próprio PIB ficar 10% menor, sob as mesmas condições climáticas. O cenário de Canadá e Reino Unido é ainda pior: 11% de retração do PIB em ambas economias. Oriente Médio e a África sofreriam uma queda de 4,7% se o aumento da temperatura permanecesse abaixo de 2°C, mas saltaria para 27% no cenário de caso grave, concluiu o relatório.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.