Presa na Itália, Zambelli mantém gabinete que soma mais de R$ 547 mil em gastos públicos
Entre julho e novembro de 2025, despesas do gabinete da deputada se aproximaram do teto permitido pela Câmara; 12 assessores seguem empregados
Mesmo detida na Itália desde julho de 2025, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) continua gerando custos significativos aos cofres públicos brasileiros. Levantamento realizado por David Gonçalves, correspondente do MD News na Itália, e confirmado pela Jovem Pan News, mostra que o gabinete da parlamentar na Câmara consumiu mais de R$ 547 mil entre julho e novembro deste ano.
Os números chamam atenção porque, apesar de a deputada estar impossibilitada de exercer presencialmente seu mandato, 12 assessores parlamentares seguem ativos e recebendo normalmente, o que mantém o gabinete operando como se Zambelli estivesse em atuação plena. De acordo com os dados oficiais da Câmara, os gastos mensais foram:
- Julho: R$ 89.164,76
- Agosto: R$ 89.085,89
- Setembro: R$ 103.246,13
- Outubro: R$ 132.886,58
- Novembro: R$ 132.905,48
Os valores se aproximam, principalmente nos últimos meses, do teto máximo permitido para despesas de gabinete, que é de R$ 133.170,54 mensais. Além da folha salarial, o Portal da Transparência registra ainda R$ 3,9 milhões em emendas parlamentares vinculadas ao mandato de Zambelli.

O que diz a defesa
Procurada, a defesa da deputada afirma que não há irregularidades. Em nota enviada ao MD News, declarou: “A deputada está presa, não tem acesso às suas emendas. O gabinete funciona normalmente para cuidar de projetos e do dia a dia parlamentar, mas não pode indicar emendas; isso está expressamente proibido. Os valores aparecem no sistema porque toda emenda passa pelo gabinete correspondente, ainda que não possa ser executada. Não há dano ao erário, já que a destinação depende de atos que Zambelli está impedida de praticar”.
Apesar da justificativa, cabe o questionamento: até que ponto é razoável que um gabinete parlamentar continue operando integralmente quando sua titular está impossibilitada de exercer o mandato? A legislação brasileira não prevê suspensão automática de gabinete em caso de prisão no exterior, o que cria uma zona cinzenta sobre a manutenção de assessores, salários e estrutura custeada pelo contribuinte, ainda que a parlamentar, na prática, esteja afastada.
Embora o procedimento seja legal, o episódio expõe a falta de mecanismos capazes de ajustar o uso de recursos públicos em situações excepcionais, evitando que verbas milionárias sejam desperdiças, sem atuação parlamentar. A situação de Zambelli pode servir de exemplo para que deputados e senadores discutam propostas de reformas administrativas e revisão das regras de funcionamento dos gabinetes legislativos. Resta saber se eles estão dispostos a abrir mão dos próprios privilégios.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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