Brasil precisa repensar políticas de prevenção e adaptação para prevenir desastres

Número de eventos climáticos extremos mais que dobrou no últimos 4 anos

  • Por Patrícia Costa
  • 06/01/2025 09h51 - Atualizado em 06/01/2025 18h30
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SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO Marina do Davi, zona oeste da cidade de Manaus na manhã desta sexta-feira (21) um dos locais mais afetados pela seca recorde de 2023 Brasil perdeu mais de 341 bilhões de reais devido aos eventos climáticos extremos, afetando desde a infraestrutura básica até as atividades produtivas

Nos últimos quatro anos, o Brasil viu o número de desastres ambientais mais do que dobrar. Segundo um estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, com apoio da UNESCO e do Governo Brasileiro, o aumento de desastres climáticos é um reflexo claro das mudanças que já estão impactando de maneira drástica o país. Entre 2000 e 2019, o Brasil registrou mais de dois mil desastres ambientais anuais. Mas, de 2020 a 2023, esse número superou os quatro mil.  Esses eventos incluem secas severas, enchentes devastadoras, tempestades intensas, temperaturas extremas, ciclones e deslizamentos de terra. De acordo com o Sistema de Informações sobre Desastres (SISDE) do Governo Federal, os efeitos desses desastres não são apenas ambientais, mas também sociais e econômicos. Milhares de vidas são perdidas, pessoas ficam desabrigadas, além de áreas produtivas, como a agricultura, serem duramente atingidas. As consequências econômicas dos desastres são também alarmantes: entre 2013 e 2022, o Brasil perdeu mais de 341 bilhões de reais devido aos eventos climáticos extremos, afetando desde a infraestrutura básica até as atividades produtivas.

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Esse cenário levanta uma série de questões críticas sobre a forma como o Brasil está lidando com a sustentabilidade e a preparação para o futuro. A questão não é apenas de gestão de riscos, mas também de como políticas públicas estão sendo desenhadas para enfrentar essa crescente crise climática. Há um esforço em implementar estratégias de mitigação e adaptação, mas a realidade aponta para a necessidade urgente de um esforço mais robusto e eficaz. A implementação de políticas públicas ainda é fragmentada e, muitas vezes, só responde de forma paliativa, sem uma visão de longo prazo.

O conceito de “resiliência climática” – que envolve a adaptação das cidades, da infraestrutura e das populações aos impactos das mudanças climáticas – ganha cada vez mais relevância. As medidas de prevenção, como a criação de sistemas de alerta precoce e a adoção de tecnologias para prever e reduzir os impactos dos desastres, devem ser priorizadas. No entanto, a falta de uma ação coordenada e integrada, com um planejamento mais eficaz, dificulta a resposta a esses desastres. O Brasil carece de um modelo de gestão integrada, onde o meio ambiente, a sociedade e a economia caminhem juntos, alinhados em busca da sustentabilidade. Outro ponto crítico é a pressão por uma maior transparência e responsabilidade das empresas em relação ao seu impacto ambiental.

A mudança precisa ser mais ampla e rápida. A sociedade precisa se engajar de forma mais ativa na busca por soluções para a crise climática. A responsabilidade não deve ser apenas do Governo ou das grandes empresas, mas de cada cidadão. A mudança começa com atitudes individuais, como o consumo consciente e a mobilização para políticas públicas mais eficazes. A crise climática que vivemos não é uma realidade distante, ela já está batendo à nossa porta. A duplicação dos desastres ambientais no Brasil é um alerta claro de que estamos em um ponto de inflexão. Agora, mais do que nunca, é preciso uma ação conjunta, que envolva todos os setores da sociedade, para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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