Fumaça das queimadas na Amazônia escurece céu de São Paulo
Fenômeno afeta a qualidade do ar e reduziu a visibilidade na cidade
A fumaça proveniente das queimadas na Amazônia chegou à cidade de São Paulo, criando uma atmosfera carregada e obscura. Esse fenômeno ocorre quando partículas e monóxido de carbono gerados pelos incêndios se deslocam até a capital paulista, após percorrerem uma longa distância, incluindo a encosta dos Andes. A visibilidade da fumaça em São Paulo é influenciada pelas condições climáticas locais. De acordo com a cientista Karla Longo, do CPTEC, a quantidade de fumaça oriunda da Amazônia é superior àquela gerada por incêndios rurais no estado de São Paulo. Análises de imagens de satélite revelam que a origem da fumaça está no Sul do Pará e na Bolívia, regiões que enfrentam um aumento significativo nas queimadas. O Programa Queimadas do Inpe reportou que agosto de 2024 foi o mês com o maior número de incêndios no Brasil desde 2010. A presença da fumaça transformou o céu paulistano e reduziu a visibilidade na região. A estação de monitoramento do Pico do Jaraguá foi a única a registrar níveis de material particulado considerados “muito ruins”. A situação deve se agravar, pois a fumaça está descendo de grandes altitudes, o que compromete ainda mais a qualidade do ar nas áreas urbanas. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) emitiu um alerta sobre a deterioração da qualidade do ar, com relatos de odor de queimado já sendo percebidos em diversos bairros. Fatores como a estiagem e as altas temperaturas também estão contribuindo para a intensificação da poluição, tornando a situação ainda mais preocupante para a saúde pública e o bem-estar da população.
A situação em São Paulo é agravada ainda por fatores climáticos locais, como a estiagem prolongada e as altas temperaturas, que potencializam a concentração de poluentes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição prolongada a altos níveis de material particulado pode causar problemas respiratórios graves, especialmente em crianças, idosos e pessoas com doenças preexistentes. As queimadas, muitas vezes associadas à expansão agropecuária e ao desmatamento ilegal, têm destruído vastas áreas de floresta, comprometendo a biodiversidade e o equilíbrio climático global. Estudos apontam que o desmatamento na Amazônia em 2024 poderá ultrapassar os piores índices dos últimos 15 anos, uma tendência alarmante que requer ações urgentes por parte das autoridades. O cenário de São Paulo, com seu céu coberto por fumaça, é um lembrete interconexão entre diferentes regiões e da necessidade de políticas públicas efetivas para combater as queimadas e preservar o meio ambiente. Sem uma resposta coordenada e robusta, o Brasil continuará a enfrentar não apenas as consequências ambientais, mas também uma crescente crise de saúde pública.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.