O colapso do ciclo da água: o alerta que o mundo ignorou
A quebra do fluxo hídrico global pode afetar a produção de alimentos e a economia mundial
O ciclo da água, um dos pilares que sustentam a vida na Terra, entrou em colapso pela primeira vez, de acordo com a Comissão Global sobre a Economia da Água. Esse colapso não é apenas um problema ambiental, mas uma questão que ameaça a estabilidade econômica global. A escassez de água, aliada ao aumento da demanda, pode impactar a produção agrícola e, como consequência, o Produto Interno Bruto de várias nações. As estimativas, até 2050, são de que o PIB global pode sofrer uma queda de até 8%, prejudicando, sobretudo, países mais dependentes de suas produções internas. O que isso significa para o Brasil? Embora o país seja uma potência hídrica, abrigando 12% da água doce do planeta, a situação não é confortável. O desmatamento da Amazônia, a degradação do Pantanal e a crescente poluição dos nossos rios mostram que estamos comprometendo nossos próprios recursos. A abundância de água, que antes parecia garantida, começa a ficar ameaçada. O ciclo hidrológico, que envolve a evaporação dos rios e oceanos e seu retorno em forma de chuva, está sendo desequilibrado pelas ações humanas, levando à desertificação em algumas regiões e inundações em outras.
O relatório da Global Commission on the Economics of Water é preocupante e traz como causas as práticas humanas insustentáveis, como o desmatamento, o uso inadequado do solo e as emissões de carbono que agravam o aquecimento global. Essa ruptura afeta diretamente o equilíbrio do planeta. O estudo revela que áreas antes seguras em termos de abastecimento hídrico agora estão vulneráveis. Além disso, regiões já afetadas pela seca, como partes do Brasil, enfrentam um agravamento desse quadro. Essa crise é uma oportunidade de repensar o valor da água como um bem comum global.
O relatório recomenda que governos adotem práticas de governança mais inclusivas e sustentáveis, com foco em restaurar ecossistemas, inovar em soluções de economia circular e combater a desigualdade no acesso à água. Na COP 16, que discute a preservação de 30% dos oceanos até 2030, os recursos hídricos são um ponto chave nas negociações. O Brasil, com sua posição estratégica e sua vasta reserva de água doce, deveria estar na vanguarda dessas discussões. Se o país não adotar uma postura de liderança global, corremos o risco de comprometer a nossa própria segurança hídrica e a de futuras gerações.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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