Quem fica com o lucro das florestas? COP16 pode definir futuro da biodiversidade

Discussões sobre a remuneração de países pela exploração da riqueza biológica e como financiar a preservação marcam a conferência

  • Por Patrícia Costa
  • 22/10/2024 09h28
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REUTERS/Bruno Kelly amozônia noruega Brasil possui um papel estratégico nas negociações que envolvem a compensação financeira pela utilização de seus recursos naturais por indústrias farmacêuticas e de cosméticos

A COP 16 entra no segundo dia hoje em Cali, Colômbia, e coloca o Brasil no centro de uma das discussões mais relevantes do evento: quem vai lucrar com a riqueza biológica dos ecossistemas? Com cerca de 15% da biodiversidade mundial, o Brasil possui um papel estratégico nas negociações que envolvem a compensação financeira pela utilização de seus recursos naturais por indústrias farmacêuticas e de cosméticos. A Amazônia e outros biomas brasileiros há tempos têm sido explorados por empresas internacionais, mas sem um retorno financeiro justo para o país. A conferência, que reúne mais de 190 países, traz como um dos principais temas a necessidade de criar um sistema que garanta a partilha justa dos benefícios derivados da biodiversidade. Esse debate tem se tornado cada vez mais urgente com o avanço de tecnologias de sequenciamento genético e o uso de inteligência artificial, que permitem a exploração de substâncias naturais sem que o país de origem receba compensações significativas. Multinacionais utilizam recursos genéticos da fauna e flora de países como o Brasil para desenvolver produtos que geram bilhões de dólares, mas a maior parte desse lucro não retorna às nações de origem.

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O Brasil, ao lado de outros países, como Colômbia e Indonésia, está liderando o debate para garantir que os lucros derivados do uso de sua biodiversidade sejam compartilhados de forma equitativa. No entanto, grandes potências industriais, como Estados Unidos e União Europeia, têm resistido à criação de mecanismos obrigatórios de remuneração, argumentando que isso poderia dificultar o progresso científico e a inovação tecnológica. Essa briga, que envolve bilhões de dólares, pode definir não só o futuro da preservação ambiental, mas também o equilíbrio econômico entre países ricos em biodiversidade e as potências industriais que lucram com esses recursos. O Brasil, até o momento, tem conseguido destacar a importância da Amazônia e de outros biomas como ativos globais, reforçando seu papel como guardião desses ecossistemas essenciais para o clima e a saúde do planeta.

A conferência também discute como mobilizar recursos financeiros para que países em desenvolvimento possam implementar essas metas de conservação. Estima-se que até 2030 serão necessários cerca de US$ 200 bilhões por ano para financiar essas ações.  A expectativa é que, ao final da conferência, o Brasil consiga solidificar seu papel de liderança nas discussões sobre biodiversidade e garantir mais recursos para a preservação de seus biomas. O resultado dessas negociações pode definir o futuro da biodiversidade global e o lugar do Brasil como uma potência ecológica e econômica.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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