Bolsonaro abre o flanco e enfrenta fogo amigo

Ao permanecer fora do Brasil, ex-presidente vê surgir lista de possíveis candidatos capazes de preencher o vácuo político deixado por ele

  • Por Reinaldo Polito
  • 02/03/2023 09h00
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Foto: Carolina Antunes/PR Ex-presidente Jair Bolsonaro e sua esposa Michelle Bolsonaro Até mesmo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem sido cotada como presidenciável para 2026

Com a permanência de Bolsonaro por tempo prolongado nos Estados Unidos, a turma começa a ficar alvoroçada e tenta “fabricar” um substituto para preencher o vácuo político deixado momentaneamente por ele. Cada dia aparece uma novidade procurando afastar o ex-presidente da corrida presidencial. As iniciativas chegam a ser “malandras”. Por exemplo, em determinado momento publicam as fotos de Tarcísio Gomes de Freitas e Romeu Zema com a seguinte indagação: “Quem você prefere como candidato da direita?”. Como se Bolsonaro fosse carta fora do baralho e só restassem essas opções. 

Embora nunca seja possível cravar uma certeza no jogo político, não parece que o governador de São Paulo tenha esse perfil de virar as costas àquele que lhe deu a mão. Pelo contrário, em todas as suas manifestações tem deixado claro que deve a ele sua posição política para que se projetasse no cenário nacional. E que só venceu as eleições ao governo de São Paulo por causa dessa ajuda que recebeu do então chefe do Executivo. Suas referências ao antigo chefe são sempre elogiosas. Sem contar, também, que ainda tem direito a uma reeleição em São Paulo. Tarcísio é muito inteligente e já demonstrou extraordinária visão política. Além da sua boa índole, viu muito bem o que aconteceu à sua volta com aqueles que resolveram trair Bolsonaro, sumiram da política e foram para o ostracismo. 

Zema, por outro lado, não indica ter nenhum tipo de fidelidade ao ex-presidente. Tive oportunidade de mencionar nesta coluna as espetadas do governador mineiro: “O governo federal e a gestão do presidente Bolsonaro não foram felizes na comunicação. O próprio presidente, que tem boas intenções, muitas vezes em seus discursos, ele acabou não sendo feliz. De certa maneira, deixando as pessoas angustiadas, deixando as pessoas meio que sem norte. Durante a pandemia, a comunicação do governo federal deixou muito a desejar. Quando você está lidando com algo que não conhece, é bom você não desprezar”. Criticava, assim, de forma ostensiva a maneira como o ex-presidente conduziu o processo de comunicação. É bem provável, por isso, que, daqui para frente, o político mineiro poderá intensificar ainda mais seus ataques ao seu possível oponente em 2026.

Há também aqueles que tentam estabelecer confronto entre Bolsonaro e sua esposa Michelle. Não são poucos os que insistem em afirmar que ela seria a candidata ideal à presidência pela Direita. A verdade é que, mesmo gozando de ótima popularidade, ela jamais declarou que seria candidata. Todas as vezes em que falou sobre o assunto, disse que iria ajudar na campanha do marido. Certos comentários foram além e já aventaram a possibilidade de os dois estarem separados. Pura ilação daqueles que querem ver o circo pegar fogo. Outros tentam ampliar ainda mais o espectro das desavenças. Até Carla Zambelli, uma das mais fiéis seguidoras de Bolsonaro, foi incluída no pacote de intrigas. Afirmaram que traiu Bolsonaro. Insistiram, sem nenhuma base, que agiu assim para minar a união da família do ex-presidente e enfraquecer uma possível candidatura de Michelle ao Senado por São Paulo. Haja criatividade desse pessoal! 

Quem procura afastar Bolsonaro da disputa se esquece de que ele obteve quase 60 milhões de votos nas últimas eleições. Não se lembra também de que seu carisma e apelo popular é dos mais impressionantes já vistos na história. Por onde vai, é seguido e aplaudido por multidões. Essa situação ainda não sofreu alterações. Assim que retornar ao país e começar a percorrer as grandes cidades para subir nos palanques dos candidatos a prefeito, provavelmente continuará a ser o grande líder conservador. Outras lideranças políticas poderão e deverão surgir nos próximos tempos. Além de Tarcísio, Zema e Michele, muitos nomes se destacarão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Há, todavia, espaço para todos eles. Serão bons nomes para concorrer aos cargos do Congresso, dos governos estaduais e das prefeituras. Todo esse movimento precipitado é apenas fogo de palha. Poderá passar tão logo Bolsonaro coloque novamente os pés na estrada. E nesse momento, os bolsonaristas que hoje se sentem órfãos pela ausência momentânea do seu líder, talvez tomem consciência de que os adversários estão do outro lado. Siga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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