Bolsonaro pode se livrar das acusações?

O tema esquentou ainda mais depois da prisão do General Braga Netto, candidato a vice-presidente nas últimas eleições; há um clima de apreensão, já que muitos esperam a notícia de prisão de Bolsonaro

  • Por Reinaldo Polito
  • 19/12/2024 07h00
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GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO Foto de arquivo de 12/08/2021 mostra o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), conversando com o então ministro da Defesa, general Braga Netto, emcerimônia de cumprimento aos oficiais recém-promovidos, no Palácio do Planalto Bolsonaro tem tanta certeza de sua inocência que até fala em concorrer ao cargo de presidente em 2026

O que mais se comenta hoje é a iminente possibilidade de prisão de Jair Bolsonaro. Enquanto governistas insistem nas acusações, bolsonaristas buscam explicações que sustentem sua inocência, reavivando debates sobre episódios polêmicos e controversos. Não é de agora que tentam ligar Bolsonaro a um crime. Alguns casos até foram risíveis. Quem não se lembra do episódio da compra de leite condensado? Em janeiro de 2021, um fato ganhou as manchetes dos principais veículos de comunicação: “O governo do presidente Jair Bolsonaro gastou R$ 15 milhões em leite condensado.”

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Os adversários logo se alvoroçaram em afirmar que esse valor era fruto de corrupção. Lembro-me até de alguns que eram partidários do então chefe do Executivo e foram para o ataque, criticando aquela lamentável operação. Depois se envergonharam diante das explicações dadas. Bolsonaro, em tom de deboche, explicou o que havia ocorrido: “Não é para a Presidência da República essa compra de alimentos. É para alimentar 370 mil homens do Exército Brasileiro e também para programas de alimentação via Ministério da Cidadania e da Educação.”

O caso do Viagra e das próteses penianas

Pronto, compra justificada, passou a régua, fechou a conta e vida que segue. Mas parou aí? Não, outras acusações na mesma linha surgiram. Essas foram mais hilárias ainda: a compra de próteses penianas no valor de R$ 3,4 milhões e 300 mil unidades de Viagra.

Bolsonaro justificou: “A quantidade adquirida pelo Exército foi proporcionalmente pequena, e o remédio é usado para além da disfunção erétil, no tratamento de outras questões que envolvam vasodilatação.”

Sobre as próteses penianas, ironizou: “Se o elemento quebrou o instrumento dele, o cara tem direito a tratamento. E elas só atenderam 20 ou 30 pessoas. Quer dizer que no Exército só tem 20 brochas, pô?”

Desde baleia a cartão de vacina

Sem descanso, Bolsonaro precisou responder a acusações inusitadas: de falsificação de cartão de vacina a importunação de uma baleia, além de questões envolvendo joias recebidas da Arábia Saudita, que seguem sob investigação.

Merece reflexão também o motivo de ter se tornado inelegível. Embora uma das prerrogativas do presidente seja se reunir com embaixadores de outros países, julgaram que a reunião com eles em julho de 2022 para falar sobre as eleições não deveria ter ocorrido.

Também foi considerado abuso de poder político e econômico sua participação nas comemorações do Bicentenário da Independência, realizadas no dia 7 de setembro em Brasília e no Rio de Janeiro.

A prisão de Braga Netto

Nos últimos tempos, não se fala em outro assunto. O tema esquentou ainda mais depois da prisão do General Braga Netto, candidato a vice-presidente nas últimas eleições. Há um clima de apreensão, já que muitos esperam a notícia de prisão também de Bolsonaro.

Alguns juristas renomados saíram em defesa do ex-presidente, alegando que as acusações contra ele são infundadas. Primeiro, porque não há, até agora, nenhuma prova divulgada de que ele tenha tido participação em qualquer tentativa de golpe.

Depois, o que se sabe é que talvez tenha acompanhado a elaboração de um rascunho para o pedido de Estado de Sítio. Mesmo que o fato tenha ocorrido, alegam que essa é uma medida constitucional.

E agora?

O relatório da Polícia Federal foi encaminhado à PGR (Procuradoria Geral da República). É o procurador quem vai dizer se as acusações procedem, para que o processo tenha andamento, ou se são inconsistentes, pedindo o arquivamento. Bolsonaro tem tanta certeza de sua inocência que até fala em concorrer ao cargo de presidente em 2026.

Alguns analistas citam os motivos que poderiam levar Bolsonaro de volta à corrida presidencial: a nova composição do TSE contará com ministros indicados por ele. Em 2026, os conservadores deverão ser maioria no Congresso. O novo presidente do Senado, buscando fortalecer sua posição para a reeleição, poderia apoiar uma anistia a Bolsonaro em troca de votos dos novos senadores.

Trump entra na equação

Embora não possa intervir diretamente, Trump representa uma influência global que pode beneficiar Bolsonaro, especialmente no campo ideológico. O que ele poderia fazer para ajudar o amigo?

É tudo uma incógnita, pois resta saber se essas condições serão suficientes para pavimentar o retorno de Bolsonaro ou se novos desdobramentos judiciais mudarão o jogo político no Brasil. Enquanto os bolsonaristas enxergam esperança no cenário, seus adversários torcem para que a atual conjuntura não mude. Siga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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