Guerras e disputas políticas trazem ansiedade e incerteza

Conflito no Oriente Médio entre Israel e Hamas, além da disputa argentina entre Sergio Massa e Javier Milei, têm desdobramentos imprevisíveis 

  • Por Reinaldo Polito
  • 26/10/2023 09h00
Juan MABROMATA, Alejandro PAGNI, Luis ROBAYO / AFP milei e massa segundo turno Encerrado o primeiro turno das eleições argentinas, dois lados antagônicos foram credenciados a disputar a segunda fase: Javier Milei e Sergio Massa

Leia os jornais, qualquer um. Assista aos telejornais, qualquer um. Analise as notícias, especialmente as mais importantes. Não encontrará nenhuma informação tranquilizadora. Só dúvidas e interrogações. Embora o conflito entre russos e ucranianos tenha sumido das primeiras páginas, não significa que chegou ao fim. Longe disso. Há poucos dias, por exemplo, um míssil russo matou pelo menos 51 pessoas em um café e um mercado em horário de grande movimento. Entre as vítimas estava uma criança de apenas seis anos de idade. Ninguém sabe quando esse sofrimento terá fim. São só incertezas. A notícia da hora é sobre a guerra entre Israel e o Hamas. Alguns noticiários analisam esse conflito o tempo todo. Falam dos mortos, dos reféns, dos prédios destruídos, do armamento utilizado, do apoio que recebem de outros países. Uma tragédia que poderá marcar para sempre não apenas a vida de israelenses e palestinos, mas também de toda a humanidade. Os analistas falam, comentam, analisam, mas ninguém consegue fazer uma previsão de quando a luta chegará ao fim. Ao contrário, segundo alguns, há risco de ser deflagrada uma terceira guerra mundial, dependendo de como se comportarão os apoiadores de um lado e de outro. Mais incertezas para uma batalha com desdobramentos imprevisíveis.

A política também não poderia deixar de dar sua contribuição. Encerrado o primeiro turno das eleições argentinas, dois lados antagônicos foram credenciados a disputar a segunda fase. No dia 19 de novembro estarão disputando as famosas “boletas” o candidato peronista e ministro da Economia, Sergio Massa, que obteve 36,7% dos votos, e o ultraliberal Javier Milei, que atingiu 30% da votação. Não é possível fazer previsões sobre quem será o vencedor. Tudo dependerá de como os eleitores da terceira colocada, Patricia Bullrich, irão se comportar. Ela abocanhou fatia importante do eleitorado, chegando aos expressivos 24% dos votos. Se tiver influência na vontade dos eleitores, com o apoio que está dando a Milei poderá até se transformar na responsável pela sua vitória. Dizem alguns analistas que seus votos não serão canalizados para um lado ou outro a partir da sua orientação, mas sim de acordo com a convicção que os eleitores terão ao avaliar os prós e contras de cada concorrente. Massa foi incompetente na gestão econômica do país. A inflação superou a marca dos 138% ao ano, com previsões pessimistas de chegar ao final de dezembro acima do 170%. Não deveria ser currículo para credenciar alguém a ocupar a presidência do país.  Milei, por outro lado, tem contra si um programa revolucionário que chega a assustar parte da população. Sua proposta é a de dolarizar a economia e fechar o Banco Central. Por isso, é chamado de “El Loco”, especialmente pelos adversários que desejam desqualificá-lo.

Este é o quadro que o eleitor terá para analisar. Continuar com quem já demonstrou não ser hábil na condução das questões econômicas, com a esperança de que possa mudar radicalmente os métodos adotados até aqui. Ou, ingenuamente, dar um voto ideológico, imaginando que Massa agindo da mesma maneira os resultados serão diferentes. Seria o mesmo que dar aval a uma catástrofe. Poderá também acreditar que Milei esteja apenas se mostrando radical para estabelecer a polarização com a ideologia peronista, mas que ao se sentar na cadeira presidencial, precisando negociar com a base política para poder governar, tenha atitudes mais moderadas. Como podemos observar, também nesse tema tão relevante a dúvida é a única certeza do momento. E para não imaginar que as incertezas estão somente além das nossas fronteiras, basta olhar os programas econômicos pensados para o nosso país. Só vemos intenção de gastar, aumentar impostos e desestimular o setor produtivo. As votações no Congresso, para dar apoio aos planos governamentais, dão a impressão de atender mais aos interesses e conveniências pessoais que resolver os problemas da Nação. É só incerteza. Na verdade, pelo menos por aqui, a continuar nesse rumo, temos sim certeza do que poderá ocorrer. Siga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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