O pato manco poderá chegar mais cedo à Casa Branca
Conceito é frequentemente associado ao último ano de um presidente em segundo mandato, quando ele já não conta com o mesmo respaldo político e seu poder de influência diminui
Donald Trump é o 47º presidente dos Estados Unidos. Com sua vitória nas eleições presidenciais americanas, seu retorno à Casa Branca trará uma particularidade: por já ter ocupado o cargo antes, ele não poderá concorrer novamente. Será, portanto, um mandato de quatro anos sem possibilidade de reeleição — um cenário que, desde o início, poderá atrair a atenção de aliados ambiciosos e pretendentes a sucedê-lo.
O conceito de “pato manco” é frequentemente associado ao último ano de um presidente em segundo mandato, quando ele já não conta com o mesmo respaldo político e seu poder de influência diminui. Nessa fase, o ocupante do cargo experimenta o “cafezinho frio,” uma metáfora para a perda de respeito e autoridade. No caso de Trump, essa dinâmica poderá se antecipar, surgindo já no primeiro ano de governo, devido às limitações de um mandato final e à presença de aliados com aspirações presidenciais próprias.
Um vice ambicioso
Um dos primeiros a observar cada passo de Trump será seu vice, James David Vance, jovem e promissor senador de Ohio. Aos 40 anos, Vance simboliza renovação no partido republicano e uma nova geração de conservadores. No passado, ele foi um crítico feroz de Trump, chegando a declarar apoio a Hillary Clinton em 2016 e comparando o então candidato a Hitler. Contudo, ao concorrer ao Senado em 2022, Vance mudou de postura e se aproximou de Trump, em uma aliança que muitos consideram estratégica.
Embora hoje Vance se apresente como um aliado leal, sua trajetória sugere que esse comprometimento pode ser circunstancial. Trump, com toda sua experiência, sabe das peculiaridades de um “aliado de conveniência”. Para um presidente sem chances de reeleição, um vice jovem e carismático como Vance pode ser tanto um apoio quanto uma sombra ameaçadora.
Outros nomes na corrida silenciosa
Além de Vance, outros nomes republicanos de peso deverão manter suas aspirações vivas sob o governo Trump. Ron DeSantis, governador da Flórida, é um exemplo dessa realidade. Em certo momento, ele liderava as intenções de voto entre os republicanos, com 52% de apoio contra 38% de Trump. Embora tenha recuado, DeSantis consolidou sua imagem como líder conservador ao desafiar recomendações sem respaldo da ciência durante a pandemia. Ele representa uma ala significativa do partido, que, embora evite confrontos diretos com Trump, planeja um futuro sem sua liderança.
O “cafezinho frio” de um pato manco precoce
Ao vencer as eleições, Trump se encontrará em uma posição inédita, comparada à sua primeira passagem pela Casa Branca. Antes, ele contava com a possibilidade de reeleição, mobilizando seu partido e controlando opositores internos. Agora, ele precisará agir com cautela, consciente de que o “cafezinho frio” — ou seja, a perda de prestígio e apoio — poderá chegar muito antes do esperado.
Essa chance de um “pato manco precoce” abre uma nova dinâmica política. Vance, DeSantis e outros aspirantes estarão prontos para explorar qualquer fragilidade na gestão de Trump, especialmente se questões econômicas ou conflitos internacionais complicarem o cenário. A história nos mostra que a perda de apoio do Congresso e o distanciamento de aliados são comuns nos últimos anos de mandato, mas Trump poderá enfrentar esses desafios muito antes do esperado.
Perguntas para o futuro da Casa Branca
Diante dessas variáveis, surgem perguntas importantes: Trump saberá lidar com seu vice e outros republicanos que aguardam sua chance? Ele conseguirá manter sua influência e evitar o “cafezinho frio” até o fim do mandato? Ou estará apenas preparando o caminho para uma nova liderança conservadora, possivelmente liderada pelo próprio Vance?
Essas questões deixam claro que, mesmo com a vitória de Trump, os próximos quatro anos poderão ser marcados por disputas e expectativas, onde o “pato manco” pode se instalar na Casa Branca mais cedo do que se imagina. Siga pelo Instagram: @polito.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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