‘A falta do hábito da leitura pode nos levar ao desastre’, alerta especialista sobre pesquisa realizada no Brasil

Andréia Roma destaca que brasileiro deve mudar conceito para colher frutos em todas as áreas de desenvolvimento

  • 23/06/2023 14h45 - Atualizado em 23/06/2023 14h47
Divulgação Andréia Roma é idealizadora do Selo Editorial Série Mulheres e presidente do Instituto Série Mulheres Andréia Roma é idealizadora do Selo Editorial Série Mulheres e presidente do Instituto Série Mulheres

Durante uma reunião na escola da minha filha de 11 anos, percebi a preocupação dos professores que afirmaram que o maior desafio de hoje é fazer com que essa geração saiba ler e interpretar textos. Com o avanço da era digital, as pessoas se distanciaram do hábito de leitura e isso tem seu preço. Ao me deparar com a história de Andréia Roma, CEO da Editora Leader, que, ao crescer em um cenário humilde recortava revistas para fazer suas próprias cartilhas (na tentativa de já criar livros), percebo como o propósito de vida faz diferença na evolução humana e de todos a seu redor.

Filha de pais analfabetos, a executiva que hoje é também idealizadora do Selo Editorial Série Mulheres e presidente do Instituto Série Mulheres trava uma batalha dia após dia: a de incentivar a leitura em um país repleto de contrastes. De acordo com a 5ª edição do estudo “Retratos da leitura no Brasil” realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, cerca de 52% dos brasileiros mantêm o hábito de leitura, porém, o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores nos últimos anos. Enquanto o brasileiro lê somente quatro livros por ano, o canadense lê doze, ou seja, nosso índice anda abaixo da média. O que isso acarreta? Muitos problemas. “A falta do hábito de leitura pode levar a consequências desastrosas. Como terapeuta comportamental, observo que a leitura é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento intelectual, emocional e cultural das pessoas. A leitura expande horizontes, estimula a criatividade, a imaginação e a empatia. A ausência desse hábito pode limitar a capacidade de adquirir conhecimento, dificultar a expressão escrita e oral, e diminuir a capacidade de compreensão e análise de informações. Além disso, a leitura também desempenha um papel importante na saúde mental, oferecendo uma forma de escapismo saudável e relaxamento”, ressalta Andréia.

Em resumo, o impacto dessa defasagem de leitura na aprendizagem é devastador. Vale lembrar que, segundo o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que analisa estudantes entre 15 e 16 anos de 77 países, 50% dos brasileiros têm resultados nível 1 em leitura, na escala que vai de 1 a 5. “Ou seja, a compreensão média do brasileiro é literal e infelizmente se restringe a frases curtas e isso é alarmante. É claro que o brasileiro lê pouco se comparado a outros países por diversos motivos. Um dos fatores é a falta de incentivo e acesso à leitura desde a infância. Posso afirmar isso por ter crescido em um lugar humilde e com poucos livros. Lembro que eu fazia meus próprios livros com revistas e jornais velhos, além das cartilhas escolares que eram o presente da escola pública para mim. Ainda enfrentamos desafios relacionados à educação e à formação de hábitos de leitura desde cedo. Além disso, existem questões socioeconômicas, falta de tempo e excesso de distrações no mundo atual, que podem dificultar a dedicação ao hábito da leitura”.

Apesar de tantas dificuldades, inclusive econômicas já que assistimos ao fechamento de grandes livrarias em território nacional, o cenário editorial está em crescimento e mudança. “Podemos esperar uma contínua evolução em direção à digitalização e à adoção de novas tecnologias. Acredito que os e-books e audiolivros ganharão mais popularidade, proporcionando uma experiência de leitura mais flexível e acessível, porém os livros físicos não sairão de moda por muito e muito tempo ainda. Além disso, o mercado editorial deverá se adaptar às demandas dos leitores por conteúdo diversificado e relevante, explorando novos gêneros literários e abordando temas atuais. Cabe a nós, editoras, criar caminhos e promover a melhoria intelectual com projetos como a Ong Instituto Série Mulheres, que foi criada para atender às minorias com foco na educação e leitura, além de outras frentes”, conta a empresária.

Motivada a “pensar fora da caixa” desde cedo, Andréia criou também o Selo Editorial Série Mulheres, que é reconhecido em mais de 170 países no mundo. “O selo trouxe uma valorização nunca antes vista no mundo editoral para mulheres, primeiro porque todos os títulos dos livros são patenteados, a Editora Leader entende que cada mulher é única e com isso registramos todos os títulos de todos os projetos. Além disso, trouxemos a valorização a todas as áreas, que são mais de cento e cinquenta livros registrados, como: Mulheres no Conselho, Mulheres na Medicina, Mulheres ESG, Mulheres no Direito, dentre outros inúmeros títulos. O foco do selo é destacar o trabalho de profissionais talentosas com a valorização de suas histórias, cases e metodologias, incentivando a produção literária feminina, promovendo a igualdade de gênero no mundo editorial e oferecendo aos leitores uma ampla gama de histórias e perspectivas e é só um de nossos projetos, que abrangem também autores homens, claro, em outras frentes. Meu slogan já diz muito sobre o meu propósito de vida: um livro muda tudo e é por isso que trabalho, arregaço as mangas e faço acontecer mesmo em meio a dificuldades e não vou parar”, finaliza a CEO.

Mais do que um exemplo de superação, Andréia Roma nos traz uma reflexão, aliás, duas: você tem praticado o hábito de leitura? E a mais importante: você persegue seu propósito todos os dias? Pensa aí a respeito porque a resposta à segunda indagação pode ser a diferença entre ser feliz ou não. Eu corro atrás do meu propósito, que é traduzir em palavras informação de valor que pode mudar seu dia ou sua vida. Se consegui te fazer ler até aqui e parar pra pensar, já ganhei o dia!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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